A Eletronuclear, empresa estatal responsável pela operação das usinas nucleares de Angra 1 e 2, anunciou a implementação de um plano de austeridade com o objetivo de economizar até R$ 500 milhões até o fim de 2026. A informação é do jornal Valor Econômico.
Entre as principais medidas estão a criação de um Plano de Demissão Voluntária (PDV), cortes em despesas operacionais e a transferência de funcionários do Rio de Janeiro para Angra dos Reis (RJ).
Cortes e reorganização interna
Ao Valor, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, afirmou que há uma pressão da Casa Civil, do Ministério de Minas e Energia (MME) e dos acionistas – ENBPar e Eletrobras – para que a empresa passe por ajustes financeiros e governança. Segundo ele, o excesso de funcionários, cargos de chefia e benefícios internos têm impactado negativamente as contas da estatal.
“Só de falarem que ia voltar a construção de Angra 3, fizeram um concurso em 2021 e colocaram 400 pessoas para dentro da empresa. Temos o caixa de Angra 1 e 2, mas temos que carregar Angra 3”, afirmou. “Temos um excesso de pessoas na empresa. São 2 mil empregados diretos da Eletronuclear e 1.600 empregados indiretos”, disse Lycurgo ao Valor.
A reestruturação organizacional, aprovada pelo conselho de administração em 27 de janeiro, prevê a redução de cargos de chefia de 116 para 73, o que deve gerar uma economia entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões anuais.
Além disso, a estatal pretende transferir cerca de 500 funcionários do escritório do Rio de Janeiro para Angra dos Reis, mantendo apenas uma representação na capital fluminense. A expectativa é de que essa mudança economize R$ 36 milhões em 2024 e até R$ 66 milhões por ano a partir de 2026.
A decisão sobre a retomada das obras de Angra 3 ainda não foi oficializada. O investimento necessário para a conclusão da usina é estimado em R$ 25 bilhões, e a estatal aguarda uma posição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Revisão de benefícios e salários
A Eletronuclear também busca readequar a política salarial. De acordo com Lycurgo, há funcionários com remunerações desproporcionais, como engenheiros que chegam a receber quase R$ 100 mil por mês e profissionais de educação física com salários de R$ 22,9 mil.
Atualmente, cerca de 150 empregados da estatal ganham valores superiores aos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), situação agravada pelo descontrole no pagamento de horas extras.
Outro ponto do plano de austeridade é a revisão dos custos com as vilas residenciais mantidas pela empresa em Angra dos Reis. Atualmente, a estatal cobre despesas de aproximadamente 1.200 residências, incluindo coleta de lixo, segurança, energia elétrica e IPTU. A cobrança desses custos dos moradores poderá gerar uma economia de R$ 20 milhões anuais.
Além das medidas já anunciadas, a estatal pretende solicitar à Aneel um reajuste na remuneração com base no valor de seus ativos. No entanto, a aprovação dependerá da agência reguladora.
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