Cinco anos após o início da pandemia de Covid, o Google está exigindo que alguns funcionários remotos retornem ao escritório se quiserem manter seus empregos e não serem parte dos cortes de custos mais amplos da empresa.
Várias unidades do Google informaram aos funcionários remotos que seus cargos podem estar em risco se não começarem a aparecer no escritório mais próximo para um esquema de trabalho híbrido, de acordo com documentos internos lidos pela CNBC. Alguns desses funcionários já tinham aprovação para trabalho remoto.
À medida que a pandemia fica cada vez mais no passado, mais empresas estão apertando as restrições ao trabalho remoto, forçando alguns funcionários que se mudaram para locais distantes a repensar suas prioridades se quiserem manter seus empregos. A mudança de postura é particularmente acentuada na indústria de tecnologia, que adotou de forma agressiva os arranjos de trabalho flexíveis em 2020, a ponto do mercado imobiliário comercial de São Francisco ainda estar lutando para se recuperar.
Opções de saída voluntária e investimentos em IA
O Google começou a oferecer alguns pacotes de demissão voluntária para funcionários em tempo integral nos Estados Unidos no início de 2025, e funcionários remotos foram informados de que essa seria a única opção se não retornassem ao escritório mais próximo por pelo menos três dias por semana.
As ameaças mais recentes chegam num momento em que o Google e muitas empresas no setor de tecnologia estão buscando reduzir custos enquanto simultaneamente investem pesado em inteligência artificial, que exige grandes despesas em infraestrutura e talentos técnicos. Desde que realizou demissões em massa no início de 2023, o Google tem feito cortes direcionados em várias equipes, enfatizando a importância do aumento dos investimentos em IA.
No final do ano passado, o Google tinha cerca de 183 mil funcionários, uma redução em relação aos aproximadamente 190 mil de dois anos antes.
Expectativas de produtividade do Google intensificadas
O cofundador do Google, Sergey Brin, disse aos funcionários de IA em fevereiro que eles deveriam estar no escritório todos os dias da semana, com 60 horas semanais sendo “o ponto ideal de produtividade”, de acordo com um memorando visto pela CNBC. Brin afirmou que a empresa precisa “fortalecer” os esforços para acompanhar a competição em IA, que “acelerou de maneira intensa”.
Courtenay Mencini, porta-voz do Google, disse que as decisões sobre as exigências de retorno dos trabalhadores remotos são baseadas em equipes individuais e não em uma política geral da empresa.
“Como dissemos antes, a colaboração presencial é uma parte importante de como inovamos e resolvemos problemas complexos”, disse Mencini em um comunicado à CNBC. “Para apoiar isso, algumas equipes pediram que funcionários remotos que moram perto de um escritório retornem ao trabalho presencial três dias por semana.”
De acordo com um aviso recente, os funcionários do Google Technical Services foram informados que precisam adotar um esquema de trabalho híbrido no escritório ou aceitar um pacote de saída voluntária. Aos funcionários remotos dessa unidade, está sendo oferecido um pagamento único de despesas de mudança para se mudarem para até 80 quilômetros de distância de um escritório.
Funcionários remotos da área de recursos humanos, ou o que o Google chama de Operações de Pessoas, que moram a menos de 80 quilômetros de um escritório, são obrigados a trabalhar presencialmente em um esquema híbrido até meados de abril ou seus cargos serão eliminados, de acordo com um memorando interno. Funcionários dessa unidade que têm aprovação para trabalho remoto e moram a mais de 80 quilômetros de um escritório podem manter suas dinâmicas atuais, mas terão que adotar o esquema híbrido se quiserem novos cargos na empresa.
O Google anteriormente ofereceu um programa de saída voluntária para funcionários em tempo integral nos EUA na área de Operações de Pessoas, começando em março, de acordo com um memorando enviado pela chefe de RH Fiona Cicconi em fevereiro.
Isso ocorreu após a empresa ter anunciado em janeiro que ofereceria pacotes de saída voluntária para funcionários em tempo integral nos EUA no grupo de Plataformas e Dispositivos, que inclui Android, Chrome e produtos como Fitbit e Nest. A unidade fez cortes em quase duas dezenas de equipes até este mês. Embora a correspondência interna tenha indicado que o trabalho remoto foi um fator nas demissões, Mencini disse que não foi uma consideração principal para as mudanças.
Há um ano, o Google combinou sua unidade Android com seu grupo de hardware sob a liderança de Rick Osterloh, um vice-presidente sênior. Osterloh disse em janeiro que o plano de saída voluntária pode ser adequado para funcionários que têm dificuldades com o esquema de trabalho híbrido.
Mencini disse à CNBC que, desde que os grupos se fundiram, a equipe tem “focado em se tornar mais ágil e operar de forma mais eficaz, e isso incluiu fazer algumas reduções de empregos além do programa de saída voluntária”. Ela acrescentou que a unidade continua a contratar nos EUA e globalmente.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
