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SÉRIE EXCLUSIVA 3 — O escândalo Ambipar: quem é Tércio Borlenghi. O empresário e CEO por trás da crise já foi condenado por corrupção

Publicado 03/11/2025 • 12:58 | Atualizado há 6 horas

KEY POINTS

  • Em 1995, Tércio Borlenghi Júnior , CEO da Ambipar, dava os primeiros passos no mundo dos negócios com uma pequena empresa de manejo de resíduos no interior paulista.
  • A partir dos anos 2000, processos judiciais começaram a se acumular. Em um deles, Tércio Borlenghi foi condenado por corrupção ativa.
  • A empresa, que chegou a ter cerca de 80 companhias em 40 países, entrou com pedido de recuperação judicial em outubro deste ano.

A Ambipar, gigante brasileira de gestão ambiental, vive o momento mais turbulento de sua história. A empresa, que chegou a ser símbolo de sucesso e sustentabilidade ao comprar cerca de 80 companhias em 40 países e empregar mais de 20 mil pessoas, entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 20 de outubro. À frente dessa holding, está Tércio Borlenghi Júnior, que começou a ganhar dinheiro com lixo aos 25 anos, e se tornou um dos bilionários brasileiros aos 54.

A trajetória de Borlenghi começou em 1995, quando o CEO da Ambipar dava os primeiros passos no mundo dos negócios com uma pequena empresa de manejo de resíduos no interior paulista, a fundação Ambitec Soluções Ambientais. O momento era de estabilidade econômica e crédito mais acessível, e o empresário enxergou oportunidade no descarte.

A empresa atuava no manejo e na reutilização de resíduos, prestando serviços a indústrias e prefeituras de cidades em São Paulo e no Espírito Santo. Duas décadas depois, se tornaria o nome à frente de um império ambiental que chegaria à bolsa de valores e à lista das companhias mais admiradas do país. Entretanto, o colapso chegaria, provocado por uma expansão agressiva e acusações de corrupção.

Controlador e mão de ferro

Borlenghi está envolvido diretamente em todas as decisões do grupo. Conhecido por ser centralizador e “pulso firme”, o empresário tem gosto por negócios ousados. Fundou, em 1996, a Getel Logística, voltada ao transporte dos resíduos que a Ambitec coletava. A diversificação se tornaria uma marca constante em sua trajetória.

Em 2005, ele criou a Brasil Ambiental, sua quarta companhia. Coincidentemente, foi o mesmo ano em que o termo ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança) começou a ser usado no mundo — e Borlenghi decidiu apostar em dominar toda a cadeia de gestão do lixo, do recolhimento ao tratamento final.

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Processos e condenação

O crescimento das empresas de Tércio também trouxe problemas. A partir dos anos 2000, processos judiciais começaram a se acumular. Em um deles, ele foi condenado por corrupção ativa.

Segundo documentos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o empresário foi acusado de montar um esquema de corrupção com agentes do Ibama. O Ministério Público apresentou denúncia em 30 de setembro de 2008, com base no artigo 333 do Código Penal.

De acordo com a investigação, um fiscal do Ibama teria recebido propina de Borlenghi, então chefe do grupo Brasil Ambiental. O funcionário público autuava lixões em municípios do Espírito Santo, e, em consequência dessas autuações, as empresas do grupo, como a Ambitec, eram contratadas pelas prefeituras locais para resolver o problema.

O mesmo padrão se repetiu em Jaguaré, São Mateus e Mantenópolis, segundo a Polícia Federal. Tércio foi condenado a três anos de reclusão, pena substituída por restrições de direitos. Ele recorreu ao STJ e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas os pedidos de habeas corpus foram negados.

Anos depois, a condenação voltou a ser tema de disputa judicial. O empresário processou o Google, pedindo para remover da internet as notícias que o associavam ao caso, alegando o chamado “direito ao esquecimento” — e venceu.

Expansão e IPO

Em 2010, com Borlenghi sempre no comando, veio a grande virada do negócio: todas as empresas do grupo foram reunidas sob um mesmo guarda-chuva corporativo, centralizando gestão e identidade. A partir daí, nasce a Ambipar.

O mercado começava a perceber que a companhia tinha um apetite por riscos. O empresário queria acelerar crescimento e ganhos ao mesmo tempo. Como fazer isso? Comprando outras empresas.

No mesmo ano, a companhia se tornou multinacional após comprar metade das ações de um grupo no Chile, que atuava no setor de emergências: a Suatrans.

Ainda em 2010, o grupo consolidou suas operações sob o nome Ambipar Participações e Empreendimentos, e iniciou uma série de aquisições dentro e fora do Brasil.

Em 2019, a companhia passou a atuar em dois grandes pilares: Ambipar Response, focada em emergências ambientais, e Ambipar Environmental, dedicada à economia circular e gestão de resíduos.

Em julho de 2020, a Ambipar estreou na Bolsa de Valores brasileira (B3), levantando R$ 867 milhões em sua oferta pública inicial (IPO). Parte dos recursos foi usada para financiar novas aquisições, especialmente no exterior. A Ambipar chamou a atenção porque foi a única empresa brasileira a fazer o IPO no pós-pandemia.

Os investidores compraram muitos sonhos. Era o dinheiro que o controlador precisava para expandir. E foi uma aposta dos investidores em um grupo brasileiro que se preocupava em regenerar o planeta.

Segundo especialistas, as compras foram realizadas por meio de dívidas, sem sinergias claras.

O rápido crescimento e a gestão familiar acabaram contribuindo para tensões internas e disputas de poder. A saída de executivos antes da crise, segundo especialistas, foi um sinal claro de que tentavam se afastar para não serem associados a uma eventual má gestão.

Gestão familiar

Hoje bilionário, Tércio Borlenghi Júnior mantém a gestão da Ambipar concentrada na família. “A questão da maioria acionária ser familiar é comum no nosso país. Hoje em dia, você olha as maiores empresas da Bolsa aqui no Brasil e a maioria tem famílias por trás. A governança corporativa, como um todo, funciona para essas empresas também”, diz Arthur Ferreira Longo, especialista em Direito dos Mercados Financeiro e de Capitais.

Conhecida pela discrição, a família Borlenghi raramente aparece em eventos públicos ou redes sociais. Fontes próximas relatam que, na sede da Ambipar, Borlenghi é visto como um gestor de pulso firme, que não aceita ser contrariado.

Os filhos — Tércio Neto, Guilherme e Victor — ocupam cargos de liderança em diferentes braços da holding. Guilherme, segundo fontes próximas, é o mais cotado para suceder o pai.

O Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC procurou a Ambipar pedindo esclarecimentos sobre os processos citados nesta reportagem. A empresa informou que não vai se pronunciar.

O próximo episódio da série vai detalhar os bastidores das aquisições bilionárias, os erros de gestão e as disputas internas que antecederam o pedido de recuperação judicial da holding.

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