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Criadores dizem que não sabiam que o Google usa o YouTube para treinar IA

Publicado 19/06/2025 • 17:28 | Atualizado há 3 semanas

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • O Google está usando sua vasta biblioteca de vídeos do YouTube para treinar seus modelos de inteligência artificial, incluindo o Gemini e o gerador de vídeo e áudio Veo 3, apurou a CNBC.
  • A empresa de tecnologia tem recorrido ao catálogo de 20 bilhões de vídeos do YouTube para alimentar essas ferramentas de IA de nova geração, segundo uma fonte não autorizada a falar publicamente sobre o assunto.
  • O Google confirmou à CNBC que utiliza seu acervo de vídeos do YouTube para treinar seus modelos de IA, mas afirmou que apenas uma parte desse conteúdo é usada, respeitando acordos específicos com criadores e empresas de mídia.
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O Google está usando sua vasta biblioteca de vídeos do YouTube para treinar seus modelos de inteligência artificial, incluindo o Gemini e o gerador de vídeo e áudio Veo 3, apurou a CNBC.

A empresa de tecnologia tem recorrido ao catálogo de 20 bilhões de vídeos do YouTube para alimentar essas ferramentas de IA de nova geração, segundo uma fonte não autorizada a falar publicamente sobre o assunto.

O Google confirmou à CNBC que utiliza seu acervo de vídeos do YouTube para treinar seus modelos de IA, mas afirmou que apenas uma parte desse conteúdo é usada, respeitando acordos específicos com criadores e empresas de mídia.

“Sempre utilizamos o conteúdo do YouTube para melhorar nossos produtos, e isso não mudou com o avanço da IA”, disse um porta-voz do YouTube em comunicado. “Também reconhecemos a necessidade de limites, por isso investimos em proteções robustas que permitem aos criadores proteger sua imagem e identidade na era da IA — e continuaremos com esse compromisso.”

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Especialistas alertam que o uso desses vídeos pode desencadear uma crise de propriedade intelectual para criadores e empresas de mídia.

Embora o YouTube afirme que já compartilhou essas informações anteriormente, especialistas ouvidos pela CNBC disseram que muitos criadores e organizações de mídia não têm pleno conhecimento de que o Google está treinando seus modelos de IA com a biblioteca de vídeos da plataforma.

O YouTube não revelou quantos ou quais dos 20 bilhões de vídeos disponíveis são utilizados no treinamento de IA. No entanto, considerando o tamanho da plataforma, o treinamento com apenas 1% do catálogo já representaria 2,3 bilhões de minutos de conteúdo, mais de 40 vezes o volume de dados usados por modelos de IA concorrentes, segundo especialistas.

Em um post publicado em setembro, a empresa afirmou que o conteúdo do YouTube pode ser utilizado para “melhorar a experiência do produto… incluindo por meio de aplicações de aprendizado de máquina e IA”. Atualmente, os usuários que enviam vídeos para a plataforma não têm como impedir que seus conteúdos sejam usados nesse treinamento.

“É plausível que eles estejam aproveitando dados de muitos criadores que investiram tempo, energia e criatividade nesses vídeos”, disse Luke Arrigoni, CEO da Loti, empresa que atua na proteção da identidade digital de criadores. “Isso ajuda o modelo Veo 3 a criar versões sintéticas, cópias inferiores, desses criadores. Isso não é necessariamente justo com eles.”

A CNBC conversou com diversos criadores de destaque e especialistas em propriedade intelectual. Nenhum deles sabia ou havia sido informado pelo YouTube de que seu conteúdo poderia ser utilizado para treinar os modelos de IA do Google.

A revelação de que o YouTube está usando vídeos dos usuários para esse fim ganha ainda mais relevância após o Google anunciar, em maio, o lançamento do Veo 3 — um dos geradores de vídeo por IA mais avançados do mercado. Na apresentação, a empresa exibiu sequências de vídeo com qualidade cinematográfica, incluindo uma cena de um homem idoso em um barco e outra com animais no estilo Pixar conversando entre si. Todas as imagens e áudios foram gerados integralmente por IA.

Segundo o YouTube, em média, 20 milhões de vídeos são enviados por dia por criadores independentes e pelas principais empresas de mídia. Muitos criadores agora se preocupam em estar, sem saber, ajudando a treinar um sistema que, no futuro, poderá competir com eles ou até substituí-los.

“Divulgar que tipo de vídeos estão sendo usados e quantos não prejudicaria a vantagem competitiva do Google”, afirmou Arrigoni. “O impacto maior seria na relação com os criadores.”

Mesmo que o conteúdo gerado pelo Veo 3 não replique diretamente os trabalhos originais, os especialistas alertam que essas criações alimentam ferramentas comerciais que podem concorrer com os próprios criadores, sem oferecer crédito, consentimento ou compensação.

Ao enviar um vídeo para a plataforma, o usuário concorda com termos de uso que garantem ao YouTube uma licença ampla sobre o conteúdo.

“Ao fornecer Conteúdo para o Serviço, você concede ao YouTube uma licença mundial, não exclusiva, isenta de royalties, sublicenciável e transferível para usar esse Conteúdo”, afirmam os termos.

“Temos visto um número crescente de criadores descobrirem versões falsas de si mesmos circulando por aí — e novas ferramentas como o Veo 3 só vão acelerar essa tendência”, disse Dan Neely, CEO da Vermillio, empresa que protege a imagem dos indivíduos e facilita o licenciamento seguro de conteúdo autorizado.

A Vermillio já contestou plataformas de IA por gerar conteúdos que, supostamente, infringem os direitos autorais de seus clientes, tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Neely afirma que, embora o YouTube tenha o direito de usar esse conteúdo, muitos criadores não sabem que seus vídeos estão sendo utilizados para treinar softwares de IA.

A empresa usa uma ferramenta proprietária, chamada Trace ID, para verificar se um vídeo gerado por IA tem sobreposição significativa com um vídeo criado por humanos. O Trace ID atribui pontuações de 0 a 100, sendo que qualquer pontuação acima de 10, para vídeos com áudio, já é considerada relevante.

Em um dos exemplos citados por Neely, um vídeo do criador Brodie Moss no YouTube teve grande similaridade com um conteúdo gerado pelo Veo 3. O Trace ID atribuiu uma pontuação de 71 ao vídeo original, e mais de 90 apenas para o áudio.

IA generativa

Alguns criadores disseram à CNBC que veem com bons olhos a oportunidade de usar o Veo 3, mesmo que ele possa ter sido treinado com seus conteúdos.

“Tento encarar isso como uma competição amigável, em vez de uma rivalidade”, disse Sam Beres, criador com 10 milhões de inscritos no YouTube. “Procuro manter uma postura positiva, porque isso é inevitável — mas, de certa forma, é um inevitável empolgante.”

O Google inclui uma cláusula de indenização para seus produtos de IA generativa, incluindo o Veo, o que significa que, se um usuário enfrentar um desafio de direitos autorais por um conteúdo gerado por IA, a empresa se responsabiliza legalmente e cobre os custos envolvidos.

Em dezembro, o YouTube anunciou uma parceria com a Creative Artists Agency para ajudar talentos a identificar e gerenciar conteúdos gerados por IA que usem suas imagens. A plataforma também oferece uma ferramenta para que os criadores solicitem a remoção de vídeos que considerem abusivos em relação à sua imagem. Contudo, segundo Arrigoni, essa ferramenta não tem sido confiável para seus clientes.

Além disso, o YouTube permite que criadores optem por não participar do treinamento de IA de algumas empresas terceiras, como Amazon, Apple e Nvidia. No entanto, não há como impedir que o Google use os vídeos para treinar seus próprios modelos.

Na última quarta-feira, a Walt Disney Company e a Universal abriram um processo conjunto contra o gerador de imagens Midjourney, acusando a empresa de violação de direitos autorais — o primeiro caso desse tipo vindo de Hollywood.

“Os verdadeiros prejudicados são os artistas, os criadores e os jovens que estão tendo suas vidas impactadas”, disse o senador Josh Hawley, republicano do Missouri, em uma audiência no Senado em maio sobre o uso de IA para replicar a imagem humana. “Precisamos devolver às pessoas direitos fortes e executáveis sobre sua imagem, sua propriedade e suas vidas — ou isso nunca vai parar.”

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