Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
De Llama a Avocados: a estratégia de IA da Meta causa confusão interna
Publicado 09/12/2025 • 11:56 | Atualizado há 1 dia
BREAKING NEWS:
Trump diz ter “ouvido” que nomeações de Biden ao Fed foram assinadas por caneta automática
Amazon promete investir US$ 35 bilhões na Índia com foco em IA
Conheça novo ETF com 10 ativos que promete virar “S&P das criptos”
CEO da Amazon revela qualidades que definem profissionais extraordinários
Pfizer fecha acordo bilionário com empresa chinesa para desenvolver medicamento; confira valores
Publicado 09/12/2025 • 11:56 | Atualizado há 1 dia
KEY POINTS
Divulgação
Vista aérea da sede global da Meta, em Menlo Park, Califórnia, em 29 de janeiro de 2025.
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, estava tão otimista no ano passado com a família de modelos de inteligência artificial Llama que previu que eles se tornariam os “mais avançados da indústria” e “levariam os benefícios da IA a todos”.
Mas, depois de dedicar uma seção inteira ao Llama em seus comentários iniciais durante a teleconferência de resultados da Meta em janeiro deste ano, ele mencionou o nome da marca apenas uma vez na chamada mais recente, em outubro.
A obsessão da empresa com seu modelo de linguagem de código aberto deu lugar a uma abordagem muito diferente para IA, focada em uma onda de contratações bilionária para trazer talentos de elite capazes de ajudar a Meta a enfrentar gigantes como OpenAI, Google e Anthropic.
À medida que 2025 chega ao fim, a estratégia da Meta continua dispersa, segundo fontes internas e especialistas do setor, alimentando a percepção de que a empresa ficou ainda mais atrás de seus principais rivais em IA, cujos modelos avançam rapidamente no mercado consumidor e corporativo.
A Meta está desenvolvendo um novo sucessor do Llama e um modelo de IA de fronteira, codinome Avocado, apurou a CNBC. Pessoas com conhecimento do assunto disseram que muitos dentro da empresa esperavam que o modelo fosse lançado antes do fim deste ano, mas agora o plano é disponibilizá-lo no primeiro trimestre de 2026.
Segundo essas fontes, o modelo enfrenta testes de performance relacionados ao treinamento, visando garantir que o sistema seja bem recebido quando estrear. As pessoas pediram anonimato porque não estavam autorizadas a falar publicamente sobre o tema.
“Os nossos esforços de treinamento de modelos estão ocorrendo conforme o planejado e não tiveram mudanças significativas no cronograma”, disse um porta-voz da Meta em comunicado.
Com suas ações ficando atrás do desempenho do setor de tecnologia neste ano, e bem abaixo das da Alphabet, controladora do Google, Wall Street busca um sinal de direção e um caminho claro para retorno financeiro, após a Meta gastar US$ 14,3 bilhões em junho para contratar o fundador da Scale AI, Alexandr Wang, e parte de seus principais engenheiros e pesquisadores.
Quatro meses depois do anúncio, que incluiu a compra de uma grande participação na Scale, a empresa elevou sua projeção de gastos de capital para 2025 para entre US$ 70 bilhões e US$ 72 bilhões, acima da faixa anterior de US$ 66 bilhões a US$ 72 bilhões.
“Em muitos aspectos, a Meta foi o oposto da Alphabet: entrou no ano como vencedora em IA e agora enfrenta mais questionamentos sobre níveis de investimento e retorno”, escreveram analistas do KeyBanc Capital Markets em relatório de novembro. A firma recomenda a compra das duas ações.
No centro do desafio da Meta está o domínio contínuo de seu negócio principal: a publicidade digital.
Mesmo com vendas anuais acima de US$ 160 bilhões, o negócio de segmentação de anúncios da Meta — impulsionado por grandes avanços em IA e pela popularidade do Instagram, continua crescendo a mais de 20% ao ano. Investidores elogiaram a empresa por usar IA para fortalecer sua principal fonte de receita e tornar a organização mais eficiente e menos inchada.
Mas Zuckerberg tem ambições muito maiores, e a nova geração de líderes que ele trouxe para moldar o futuro da IA não tem histórico em anúncios online. O fundador de 41 anos, com patrimônio superior a US$ 230 bilhões, já afirmou que, se a Meta não fizer apostas ousadas, corre o risco de se tornar irrelevante em um mundo que será definido pela inteligência artificial.
Até recentemente, o diferencial da Meta em IA era a natureza open source dos modelos Llama. Ao contrário de outros modelos de IA, a tecnologia da Meta foi disponibilizada gratuitamente para que pesquisadores externos tivessem acesso às ferramentas e pudessem aprimorá-las.
“Hoje, várias empresas de tecnologia estão desenvolvendo modelos fechados líderes”, escreveu Zuckerberg em um post no blog da empresa em julho de 2024. “Mas o código aberto está rapidamente diminuindo essa distância.”
Desde então, ele mudou o tom. Zuckerbeg deu sinais no meio do ano de que a Meta estava reconsiderando sua abordagem ao open source após o lançamento de abril do Llama 4, que não conseguiu conquistar os desenvolvedores. Em julho, ele afirmou que “precisaremos ser rigorosos ao mitigar esses riscos e cuidadosos com o que decidimos tornar open source”.
O Avocado, quando finalmente for disponibilizado, pode ser um modelo proprietário, segundo pessoas familiarizadas com o projeto. Isso significa que desenvolvedores externos não poderão baixar livremente seus weights e componentes de software relacionados.
Alguns funcionários da Meta ficaram incomodados com o fato de o modelo R1, lançado no início do ano pelo laboratório chinês DeepSeek, ter incorporado partes da arquitetura do Llama, disseram essas pessoas — o que destaca os riscos do open source e reforça a ideia de que a empresa deve reformular sua estratégia.
As contratações caras da Meta e os líderes do recém-criado Meta Superintelligence Labs (MSL) também questionaram a estratégia de IA open source e preferem criar um modelo proprietário mais poderoso, informou a CNBC em julho. Um porta-voz da Meta disse na época que a posição da empresa sobre IA open source “não mudou”.
O fracasso do Llama 4 foi um ponto decisivo para a guinada de Zuckerberg, disseram as fontes, e também levou a uma grande reestruturação interna. Chris Cox, diretor de produtos da Meta e veterano de 20 anos na companhia, contratado como seu 13º engenheiro de software, deixou de supervisionar a divisão de IA, conhecida como GenAI, após o lançamento mal-sucedido.
Zuckerberg então iniciou uma onda de gastos para reformular a liderança de IA da empresa.
Ele contratou Wang, então CEO da Scale AI, de 28 anos, que passou a ser o novo diretor de IA da Meta e, em agosto, tornou-se o chefe de uma unidade de elite chamada TBD Lab. O Avocado está sendo desenvolvido dentro da TBD, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, disse em junho que a Meta estava tentando atrair talentos de sua empresa com pacotes salariais gigantescos, incluindo bônus de contratação de US$ 100 milhões, o que a Meta afirmou ser uma distorção.
Além de Wang, a Meta também trouxe nomes de peso como o ex-CEO do GitHub, Nat Friedman, que lidera o braço de produto e pesquisa aplicada do MSL, e Shengjia Zhao, cocriador do ChatGPT. Eles trouxeram métodos modernos considerados padrão no desenvolvimento de IA de fronteira no Vale do Silício e alteraram radicalmente o processo tradicional de desenvolvimento de software dentro da Meta, disseram as fontes.
Wang agora enfrenta pressão para entregar um modelo de IA de ponta que ajude a empresa a recuperar terreno frente aos rivais, como OpenAI, Anthropic e Google, afirmaram as fontes.
Essa pressão só aumentou à medida que competidores elevaram o nível. O Gemini 3, anunciado pelo Google no mês passado, recebeu boas avaliações de usuários e analistas. A OpenAI anunciou recentemente novas atualizações do GPT-5, enquanto a Anthropic lançou seu modelo Claude Opus 4.5 em novembro, pouco depois de divulgar outras duas versões importantes.
Analistas disseram anteriormente à CNBC que ainda não há um modelo de IA claramente dominante, pois alguns se saem melhor em tarefas específicas, como conversação ou programação. Mas existe uma constante: todos os grandes criadores de modelos precisam gastar muito dinheiro em IA para manter qualquer vantagem competitiva.
Gran parte desses gastos enche os cofres da Nvidia, líder em unidades de processamento gráfico para IA. O CEO da empresa, Jensen Huang, detalhou o cenário durante a teleconferência de resultados de novembro, após um crescimento de 62% na receita anual. Ele destacou diversos desenvolvedores de modelos como grandes clientes, incluindo a xAI, do Elon Musk.
“Nós rodamos o OpenAI. Rodamos o Anthropic. Rodamos o xAI graças à nossa parceria com Elon e a equipe da xAI”, disse Huang. “Rodamos o Gemini. Rodamos o Thinking Machines. Vamos ver, o que mais rodamos? Rodamos todos eles.”
Em nenhum momento Huang mencionou o Llama, embora tenha dito, em outra parte da chamada, que o Gem — “um modelo básico para recomendações de anúncios treinado em clusters de GPUs em larga escala” — ajudou a melhorar conversões de anúncios na Meta no segundo trimestre.
Wang não é o único executivo da Meta sob pressão.
Friedman também foi encarregado de entregar um produto de IA de grande impacto, disseram as fontes. Ele foi responsável pelo lançamento, em setembro, do Vibes, um feed de vídeos curtos gerados por IA, amplamente considerado inferior ao Sora 2, da OpenAI, disseram elas. Ex-funcionários e criadores disseram à CNBC que o produto foi lançado às pressas e carecia de recursos essenciais, como a capacidade de gerar áudio realista sincronizado com os lábios.
Embora o Vibes tenha aumentado o interesse pelo aplicativo Meta AI, ele ainda fica atrás do aplicativo Sora em downloads, segundo dados da Appfigures enviados à CNBC.
A pressão se estende por todas as áreas de IA da Meta, onde semanas de 70 horas se tornaram a norma, conforme equipes também enfrentam demissões e reestruturações ao longo do ano.
Em outubro, a Meta cortou 600 vagas no MSL para reduzir camadas de gestão e operar com mais agilidade. As demissões afetaram áreas como a unidade Fundamental Artificial Intelligence Research (FAIR) e tiveram papel importante na decisão do cientista-chefe de IA, Yann LeCun, de deixar a empresa para criar uma startup, disseram pessoas a par do assunto.
LeCun não comentou.
A decisão de Zuckerberg de entregar o comando dos esforços de IA a nomes externos como Wang e Friedman representou uma mudança significativa para uma empresa que historicamente promovia funcionários veteranos a cargos de liderança, disseram as fontes.
Com Wang e Friedman, Zuckerberg entregou o controle a especialistas em infraestrutura e sistemas relacionados, não em aplicativos para consumidores. Os novos líderes também trouxeram um estilo de gestão diferente, pouco familiar dentro da Meta.
Em particular, pessoas de dentro da empresa disseram à CNBC que Wang e Friedman são mais reservados em sua comunicação, em contraste com a abordagem tradicionalmente aberta da empresa, baseada no compartilhamento de trabalhos e debates no Workplace, a rede social interna.
Membros do TBD Lab de Wang, que trabalham perto do escritório de Zuckerberg, não usam o Workplace, disseram as fontes, acrescentando que eles sequer estão na plataforma e que o grupo opera como uma startup independente.
Ainda assim, Zuckerberg não concede autonomia total à nova liderança de IA. A vice-presidente de engenharia, Aparna Ramani, que está na Meta há quase uma década, foi encarregada de supervisionar a distribuição de recursos computacionais para o MSL, disseram as fontes.
E, em outubro, Vishal Shah foi deslocado da área de metaverso da Reality Labs, onde atuou por quatro anos, para um novo cargo como vice-presidente de Produtos de IA, trabalhando com Friedman. Shah é considerado um aliado leal e tem ajudado a fazer a ponte entre os aplicativos sociais tradicionais da empresa, como o Instagram, e projetos mais novos, como a Reality Labs, disseram as fontes.
A Meta confirmou na semana passada que planeja reduzir recursos destinados a iniciativas de realidade virtual e metaverso, direcionando mais atenção aos óculos inteligentes com IA desenvolvidos em parceria com a EssilorLuxottica.
Um dos principais pontos de tensão entre a abordagem antiga e a nova está no desenvolvimento de software, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
Tradicionalmente, a Meta buscava contribuições de diversos grupos responsáveis por áreas como interface de usuário, design, algoritmos de feed e privacidade, segundo essas fontes. Esse processo multifásico visava garantir uniformidade entre seus aplicativos, que recebem bilhões de acessos diários.
Mas muitas das ferramentas internas criadas ao longo dos anos para ajudar desenvolvedores não foram projetadas para acomodar modelos de base. Os novos líderes de IA da Meta, especialmente Friedman, veem essas ferramentas como gargalos que atrasam o ritmo acelerado que o desenvolvimento deveria ter, segundo as fontes.
Friedman tem defendido que o MSL adote ferramentas modernas calibradas para incorporar múltiplos modelos de IA e diferentes tipos de softwares de automação de código, frequentemente chamados de agentes de IA, disseram elas.
“Eles têm agora o mantra ‘Demo, don’t memo’”, disse Anton Osika, CEO da Lovable, em outubro, no Masters of Scale Summit, em San Francisco, sobre o novo processo de desenvolvimento da Meta.
Osika afirmou que funcionários da Meta têm usado as ferramentas da Lovable para criar aplicativos internos mais rapidamente, citando especificamente as equipes financeiras, que recorreram à plataforma para construir softwares de acompanhamento de quadro de pessoal e planejamento.
Enquanto revisa seus métodos de desenvolvimento e avança rumo ao lançamento do Avocado, a Meta também vem testando outros modelos de IA em seus produtos. O Vibes, por exemplo, usou modelos de IA da Black Forest Labs e da Midjourney — startup da qual Friedman é conselheiro.
A Meta também está mudando sua abordagem de infraestrutura e passou a utilizar cada vez mais serviços de computação em nuvem de terceiros, como CoreWeave e Oracle, para desenvolver e testar recursos de IA enquanto constrói seus próprios megacentros de dados, disseram as fontes.
Em outubro, a empresa anunciou um acordo de joint venture com a Blue Owl Capital como parte de um investimento de US$ 27 bilhões para financiar e desenvolver o gigantesco data center Hyperion, em Richland Parish, Louisiana. A Meta disse na época que a parceria oferece “a velocidade e a flexibilidade” necessárias para construir o centro e apoiar suas “ambições de longo prazo em IA”.
Apesar dos desafios enfrentados em 2025, a mensagem de Zuckerberg a funcionários e investidores é que ele está mais comprometido do que nunca em vencer. No início da teleconferência de resultados de outubro, Zuckerberg afirmou que o MSL está “tendo um início promissor”.
“Acredito que já construímos o laboratório com a maior densidade de talentos da indústria”, disse Zuckerberg. “Estamos concentrados no desenvolvimento da nossa próxima geração de modelos e produtos, e estou ansioso para compartilhar mais sobre isso nos próximos meses.”
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
Mais lidas
1
Após suspensão, Agibank é multado em R$ 14 milhões pelo Procon; entenda o caso dos consignados
2
Ventania em SP deixa mais de 2 milhões de imóveis sem energia e fecha hospital; rajadas chegam a quase 100 km/h
3
Correios em crise: entenda o que fez o governo pedir ajuda à Caixa em operação de emergência
4
Ambipar pode ser condenada por abuso de poder sobre controladas
5
Flamengo estreia hoje no Intercontinental da FIFA cercado de luxo; confira