A gigante holandesa de equipamentos para semicondutores ASML divulgou nesta quarta-feira (16) resultados abaixo do esperado para as encomendas e afirmou que as novas restrições comerciais dos Estados Unidos podem afetar a demanda por suas máquinas essenciais na fabricação de chips.
Veja como a ASML se saiu no primeiro trimestre em comparação com as estimativas de consenso da LSEG:
• Receita líquida: 7,74 bilhões de euros, ante expectativa de 7,8 bilhões de euros
• Lucro líquido: 2,36 bilhões de euros, frente aos 2,3 bilhões de euros esperados
A ASML informou que as reservas líquidas — um indicador-chave da demanda por pedidos — somaram 3,94 bilhões de euros (US$ 4,47 bilhões) nos três primeiros meses de 2025. O número ficou abaixo da previsão dos analistas, que estimavam 4,89 bilhões de euros. As ações da empresa caíram 5% na manhã de quarta-feira.
Nos comentários que acompanharam os resultados, o CEO da ASML, Christophe Fouquet, disse que a perspectiva de demanda “permanece forte”, com a inteligência artificial continuando como um importante motor de crescimento. No entanto, ele acrescentou que a “incerteza com alguns de nossos clientes” pode levar a empresa a registrar resultados mais próximos da faixa inferior de sua projeção anual de receita.
A ASML estima uma receita entre 30 bilhões e 35 bilhões de euros em 2025.
Incerteza tarifária
Fouquet afirmou que as tarifas estão “criando uma nova incerteza”, tanto no cenário macroeconômico quanto em relação à “potencial demanda de mercado” da empresa.
“Essa é uma dinâmica que precisamos observar com muito cuidado”, disse o executivo. “Dito isso, até o momento, continuamos vendo nossa faixa de receita para 2025 basicamente entre € 30 bilhões e € 35 bilhões.”
Ben Barringer, analista de ações da Quilter Cheviot, afirmou que os impactos das tarifas dos EUA sobre a ASML podem ser “abrangentes”, mas ponderou que ainda é cedo para avaliar quais serão os efeitos.
“Acho que ainda é cedo para dizer se a ASML vai escolher um lado”, disse Barringer ao programa Squawk Box Europe, da CNBC, nesta quarta-feira. “Assim como sua maior cliente, a TSMC, a ASML quer apenas atender clientes globalmente. Eles fornecem equipamentos de produção para todos.”
As ações de empresas de chips vêm sendo pressionadas nas últimas duas semanas diante das preocupações sobre como os planos tarifários do presidente dos EUA, Donald Trump, podem impactar a cadeia de suprimentos de semicondutores.
Na semana passada, o governo americano anunciou que smartphones, computadores e semicondutores ficariam temporariamente isentos das chamadas tarifas “recíprocas” impostas a países parceiros. No entanto, no domingo, Trump e seus principais assessores comerciais causaram confusão ao afirmar que não haveria “exceção” para a indústria de eletrônicos, e que esses produtos, na verdade, seriam realocados para uma categoria diferente.
Na terça-feira, um comunicado do governo federal informou que o Departamento de Comércio dos EUA está conduzindo uma investigação de segurança nacional sobre as importações de tecnologia de semicondutores e produtos relacionados. A apuração vai avaliar se são necessárias novas medidas comerciais, incluindo tarifas, “para proteger a segurança nacional”.
Durante a madrugada, a gigante dos chips Nvidia revelou em um comunicado que espera registrar um impacto de US$ 5,5 bilhões no trimestre devido às restrições dos EUA à exportação de sua unidade de processamento gráfico H20 para a China e alguns outros países.
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