O Google apresentou nesta quarta-feira (20) sua nova geração de celulares Pixel, com destaque para o assistente Gemini, enquanto a inteligência artificial entra cada vez mais no centro da disputa entre as fabricantes de dispositivos.
A Alphabet anunciou a família Pixel 10, dizendo que os aparelhos podem usar a IA do Google para tarefas inteligentes, como encontrar rapidamente o endereço de um Airbnb ao receber uma mensagem pedindo essa informação.
Modelos, preços e posicionamento no mercado
A linha Pixel 10 traz vários modelos e aposta em novos recursos de IA e câmera. O modelo básico, Pixel 10, sai a partir de US$ 799 (cerca de R$ 4.399, na cotação atual) e está disponível em diversas cores.
O Pixel 10 Pro, mais potente, custa a partir de US$ 999 (R$ 5.498), enquanto o Pixel 10 Pro XL, com tela maior e 256GB de armazenamento, começa em US$ 1.199 (R$ 6.598). O Google também vai lançar uma versão atualizada do seu dobrável, o Pixel 10 Pro Fold, por US$ 1.799 (R$ 9.897).
O lançamento do novo Pixel antecede o esperado anúncio dos próximos iPhones da Apple em setembro. Apesar de ter uma fatia pequena do mercado — bem atrás de marcas como Samsung, Motorola e a própria Apple — a linha permite ao Google lançar novidades do Android sem depender de fabricantes parceiras.
Além disso, a linha também serve para mostrar como o Google acredita que seu sistema operacional pode competir de igual para igual com o iPhone.
Estratégia de IA e visão para o futuro
A nova geração de smartphones também abre caminho para que o Google ofereça mais serviços e assinaturas ligados à inteligência artificial. Demis Hassabis, CEO do Google DeepMind, já descreveu a ideia de um assistente universal que “funcione perfeitamente em qualquer área, plataforma ou dispositivo”. Hassabis afirmou, em reunião com funcionários no ano passado, que “os próprios produtos vão evoluir muito nos próximos um ou dois anos”.
Especialistas consideram os modelos Gemini do Google mais avançados do que aqueles que sustentam a Apple Intelligence, pacote de IA nativo do iPhone.
No início deste ano, a Apple adiou uma grande atualização da Siri para 2026, abrindo espaço para o Google buscar a dianteira entre usuários interessados em IA, com seu assistente Gemini, que já consegue conversar de forma natural e organizar agendas e outros aplicativos. Um comercial do Pixel 10, divulgado neste mês, tirou sarro do atraso da Siri.
“Se você compra um celular por causa de um recurso que está para chegar, mas esse ‘em breve’ dura um ano inteiro, talvez seja hora de mudar sua definição de ‘em breve’ — ou de trocar de aparelho”, dizia o anúncio.
Recursos de inteligência artificial no Pixel 10
Entre os principais recursos de IA do Pixel 10 está o “Magic Cue”, que, segundo o Google, leva a inteligência personalizada e a praticidade a outro nível.
Ao ligar para uma companhia aérea, o Magic Cue exibe detalhes do voo “assim que você disca”, explica a empresa. A proposta é antecipar necessidades e sugerir informações e ações úteis conforme o contexto do celular.
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Segundo a empresa, o Pixel 10 Pro Fold traz a maior tela interna entre os aparelhos dobráveis, com 8 polegadas. A estrutura é reforçada com duas camadas de filme anti-impacto, aumentando a resistência contra quedas, e conta ainda com uma nova dobradiça “super-resistente”, projetada para aguentar mais de 10 anos de uso.
O Google também ressalta as funções de “tela dividida”, que permitem ao usuário acessar diferentes aplicativos ao mesmo tempo.
“Imagine planejar uma viagem com os amigos, comparando opções de voos em um app e checando hotéis em outro”, exemplificou a empresa.
No entanto, a competição no segmento é intensa: a Samsung já vem consolidando espaço com sua linha de dobráveis Galaxy Z Fold 7, enquanto analistas preveem que a Apple pode lançar seu primeiro iPhone dobrável já em 2026.
Inovações em fotografia e interação ao vivo
A nova geração do Pixel também chega com recursos exclusivos de inteligência artificial. Entre eles está o Gemini Live, ferramenta que permite conversar em tempo real sobre o que está na tela do celular. O recurso foi desenvolvido a partir do Project Astra, protótipo de reconhecimento de imagens revelado pelo Google no ano passado.
Na fotografia, a empresa apresentou o Camera Coach, um assistente capaz de descrever a cena, sugerir ângulos e iluminação e até combinar várias fotos semelhantes em uma única imagem “em que todo mundo sai bem”.
Os modelos Pixel 10 Pro ainda oferecem um incentivo extra: um ano gratuito do plano AI Pro, serviço que normalmente custa US$ 19 (R$ 104) por mês. O pacote inclui funções avançadas do Gemini, prioridade em produtos de IA como NotebookLM e Veo 3, além de mais espaço de armazenamento.
Desafios e expectativas para o mercado de smartphones
Apesar do pacote de inovações, a inteligência artificial ainda não se consolidou como o principal fator de compra de smartphones. Não há sinais de que consumidores estejam trocando o iPhone pelo Android apenas pelas novidades em IA, nem que esses recursos tenham impulsionado significativamente as vendas.
Até agora, nenhuma grande fabricante reportou aumento expressivo nas vendas ligado a funcionalidades de IA. Ainda assim, analistas avaliam que o Google pode, em algum momento, acertar em uma aplicação decisiva, capaz de conquistar o público e pressionar a liderança da Apple no mercado premium.
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