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Guerras de influência: Jensen Huang ofusca Elon Musk e Tim Cook em Washington

Publicado 22/07/2025 • 09:42 | Atualizado há 2 horas

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • A guerra comercial entre China e Estados Unidos durante o primeiro mandato de Donald Trump levou o CEO da Apple, Tim Cook, a adotar uma ofensiva de charme com o presidente, enquanto mantinha boas relações com Pequim.
  • A Apple conseguiu evitar tarifas dos EUA e continuou crescendo na China.
  • Com isso, Cook ganhou a reputação de hábil negociador político e de importante representante do setor empresarial americano junto ao governo chinês.

A guerra comercial entre China e Estados Unidos durante o primeiro mandato de Donald Trump levou o CEO da Apple, Tim Cook, a adotar uma ofensiva de charme com o presidente, enquanto mantinha boas relações com Pequim.

A Apple conseguiu evitar tarifas dos EUA e continuou crescendo na China. Com isso, Cook ganhou a reputação de hábil negociador político e de importante representante do setor empresarial americano junto ao governo chinês.

No entanto, na gestão Trump 2.0, não apenas a Apple perdeu o posto de empresa mais valiosa dos Estados Unidos para a Nvidia, como também especialistas do setor de tecnologia afirmam que o carismático líder da fabricante de chips, Jensen Huang, ultrapassou Cook em termos de influência política.

“Huang se tornou uma figura global e passou a exercer um novo papel político graças ao seu sucesso na revolução da inteligência artificial (IA)”, afirmou Dan Ives, da Wedbush, acrescentando que a importância dos chips de IA da Nvidia “o impulsionou à frente de Cook”.

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“Ele se encontra em uma posição muito forte para navegar no cenário político… [pois] há apenas um chip no mundo alimentando a revolução da IA, e é o da Nvidia”, disse Ives.

A ascensão política de Huang ficou ainda mais evidente na semana passada, quando a Nvidia anunciou, durante a visita do CEO a Pequim, que espera retomar em breve as vendas de seus chips H20 de IA para a China.

A “semana histórica” de Huang

A exportação dos chips H20 havia sido restringida no início do ano — decisão contra a qual Huang fez lobby abertamente.

“Foi uma vitória histórica para a Nvidia e para o Jensen… e acho que isso mostra a crescente influência política que ele tem dentro do governo Trump”, afirmou Ives. Huang havia se encontrado com Trump em Washington logo antes da visita à China.

A reversão na proibição está ligada às negociações comerciais entre Estados Unidos e China, mas vários especialistas ouvidos pela CNBC disseram que o lobby de Huang teve papel importante na decisão.

O CEO da Nvidia já se reuniu com Trump diversas vezes este ano, incluindo uma viagem ao Oriente Médio em maio, da qual participou ao lado do presidente. O encontro resultou em um acordo bilionário de IA que prevê a entrega de centenas de milhares de chips avançados da Nvidia aos Emirados Árabes Unidos.

Esse acordo foi interpretado como uma tentativa dos EUA de consolidar sua liderança tecnológica global e reforçar sua presença em um novo mercado diante de concorrentes como a chinesa Huawei.

Após a viagem, Huang passou a se posicionar de forma mais incisiva contra as restrições impostas pelos EUA ao setor de chips, argumentando que essas medidas poderiam enfraquecer a liderança tecnológica americana e beneficiar empresas chinesas.

Segundo o New York Times, essa também tem sido a linha de argumentação que Huang apresenta a Trump e aos membros do governo nos bastidores.

Paul Triolo, vice-presidente sênior e líder de política de tecnologia e China no DGA-Albright Stonebridge Group, disse à CNBC que os argumentos de Huang coincidem com o pensamento de David Sacks, o “czar” da Casa Branca para IA e criptomoedas, e que isso contribuiu para que o governo suspendesse as restrições às exportações do chip H20.

“Sacks e Huang argumentam que limitar as exportações de tecnologias americanas, como determinadas GPUs não tão avançadas, pode levar empresas chinesas a recorrer a alternativas domésticas… No fim das contas, esse argumento provavelmente foi decisivo no caso do H20”, afirmou Triolo.

Ainda não está claro quando — ou se — a Nvidia retomará a produção do chip H20, mas, mesmo que a empresa apenas consiga vender os estoques existentes, isso já representaria “um impulso significativo na receita e ajudaria a manter a boa vontade dos clientes na China”, disse Triolo. Em maio, a Nvidia registrou uma baixa contábil de US$ 4,5 bilhões referente ao estoque não vendido do chip.

Na semana passada, ao anunciar a retomada das vendas do H20, Huang declarou que todos os modelos civis de IA deveriam rodar em plataformas tecnológicas dos EUA, “encorajando as nações a escolherem a América”.

Nem Musk, nem Cook

Com a reeleição de Trump em novembro, muitos esperavam que outro CEO de tecnologia tivesse a maior influência sobre o governo e atuasse como ponte entre Estados Unidos e China. Mas Elon Musk, da Tesla, teve um rompimento público com o presidente.

Na época, especialistas disseram à CNBC que os laços de Musk com Trump e seus interesses comerciais na China poderiam suavizar a postura agressiva do presidente em relação a Pequim, mas também alertaram para os riscos de se apostar demais no CEO da Tesla.

Enquanto isso, sob o segundo mandato de Trump, Cook enfrentou resistência do governo.

Em maio, Trump declarou ter um “pequeno problema com Tim Cook” devido à produção de aparelhos da Apple na Índia — apesar do compromisso da empresa, anunciado em fevereiro, de investir US$ 500 bilhões nos Estados Unidos.

Em resposta às novas tensões comerciais entre China e EUA, a Apple acelerou os esforços para reduzir sua dependência das cadeias de fornecimento chinesas, transferindo mais produção de iPhones para a Índia.

No início deste mês, o conselheiro de Trump, Peter Navarro, também criticou Cook, alegando que ele não estava transferindo a produção da China com a rapidez necessária.

Durante o primeiro governo Trump, Apple e Cook eram vistos como a empresa e o CEO mais influentes do país. Agora, esse posto pertence à Huang e à Nvidia, afirmou Ray Wang, CEO da consultoria Constellation Research, sediada no Vale do Silício. “Hoje, quase tudo depende dos chips da Nvidia.”

Riscos à frente

Apesar do momento favorável, Triolo alerta que, embora Huang tenha conseguido até agora “equilibrar habilmente as relações com o governo dos EUA e o mercado chinês” — e que “o presidente Trump pareça um grande fã” —, ainda é incerto até onde o governo traçará o limite em relação às restrições aos chips.

“As metas têm mudado várias vezes, o que causa redesigns forçados e caros, além de comprometer a capacidade de produção”, explicou.

Outros especialistas também ressaltaram que, mesmo com a crescente influência de Huang no setor tecnológico e junto ao governo Trump, não há garantia de que esse protagonismo vá durar.

“No momento, a Nvidia deixou de ser o principal alvo das restrições a chips para se tornar a principal influenciadora. A pergunta é: por quanto tempo isso vai durar?”, disse Reva Goujon, diretora do Rhodium Group.

Os Estados Unidos também estão conduzindo uma investigação sobre a indústria de semicondutores que pode resultar em tarifas generalizadas e, mais uma vez, colocar os interesses da Nvidia em conflito com as metas do governo Trump. Apesar de a empresa estar transferindo parte da produção para os EUA, a maior parte ainda ocorre em Taiwan.

A trajetória de Cook pode servir de lição sobre os desafios de comandar uma grande empresa de tecnologia que considera tanto a China quanto os Estados Unidos como mercados essenciais.

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