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IA deve impulsionar mercados emergentes — mas alguns investidores não estão convencidos

Publicado 21/10/2025 • 08:07 | Atualizado há 6 horas

Agente de IA não é sinônimo de chatbot. Não é porque sua empresa responde mensagens automáticas que ela está operando com inteligência artificial.

Pixabay

Inteligência artificial

A inteligência artificial é vista como uma ferramenta capaz de democratizar o acesso à tecnologia, trazendo benefícios para futuros empreendedores em mercados emergentes, mas nem todos os investidores concordam.

“A IA vai mudar tudo para os mercados emergentes”, afirmou Anton Osika, CEO e cofundador da startup sueca Lovable, que permite a criação de aplicativos e sites por meio de comandos de texto, eliminando a necessidade de conhecimento técnico.

“A maioria das melhores ideias do mundo está presa na cabeça de pessoas que não sabem programar. Isso é especialmente verdadeiro em mercados emergentes, onde muitas pessoas compreendem profundamente problemas locais em áreas como saúde, logística e educação, mas não têm necessariamente as ferramentas para desenvolver soluções de software”, disse Osika.

“A IA muda esse cenário e quebra essa barreira. A Lovable espera ver uma onda de novos fundadores construindo empresas nesses mercados”, acrescentou.

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A Lovable afirmou ter se tornado a startup de crescimento mais rápido do mundo ao atingir US$ 100 milhões em receita recorrente anual em julho, apenas oito meses após sua fundação.

A economia digital “foi limitada a menos de 1% da população mundial; agora, os outros 99% poderão fazer parte disso”, disse Osika ao programa Squawk Box Europe, da CNBC, em entrevista recente. Ele acrescentou que o número de empresas de IA deve crescer 50 vezes graças a ferramentas como a da Lovable.

Avaliada por último em US$ 1,8 bilhão, embora esse valor possa já ter chegado a US$ 4 bilhões, segundo reportagem de agosto do Financial Times, a Lovable tem 2,3 milhões de usuários ativos em mais de 200 países, de acordo com Osika. “Alguns dos países com crescimento mais rápido de usuários da Lovable incluem Sri Lanka, Holanda, Taiwan, Tanzânia e Equador”, disse ele.

A empresa é uma entre várias startups que disputam espaço no chamado “vibe-coding”, enquanto investidores correm para participar. A Anysphere, criadora da popular ferramenta de codificação generativa Cursor, levantou US$ 900 milhões em uma rodada Série C que avaliou a companhia em US$ 9,9 bilhões. Enquanto isso, a OpenAI também anunciou recursos de vibe-coding no ChatGPT-5.

Mais infraestrutura é necessária nos mercados emergentes

Construir uma empresa em mercados menos consolidados pode ser desafiador devido à falta de capital e infraestrutura, ao custo de distribuição e a questões de confiança e conformidade, disseram investidores à CNBC.

Como resultado, o apetite tende a ser menor. Ainda assim, algumas gestoras de capital de risco mantêm fundos voltados para mercados emergentes, onde podem, teoricamente, fechar acordos com avaliações mais baixas e menos concorrência, já que os ecossistemas de tecnologia ainda estão amadurecendo.

No mercado público, o índice MSCI Emerging Markets, que acompanha ações de grandes e médias empresas de 24 economias emergentes, acumula alta de cerca de 28,8% no ano.

“A IA reduziu o custo de entrada para criar e lançar software: o que antes levava anos e milhões de dólares agora pode ser prototipado em semanas. Os ciclos de iteração são mais curtos, e a assimetria de conhecimento que favorecia as empresas estabelecidas está desaparecendo”, disse Emmet King, sócio-gerente e cofundador da J12 Ventures.

Osika citou o exemplo da edtech brasileira Q Group, onde dois desenvolvedores criaram uma versão premium da plataforma em apenas um mês. “A versão premium gerou US$ 3 milhões em 48 horas após o lançamento”, afirmou.

Ainda assim, a IA não resolve os desafios estruturais enfrentados pelos mercados emergentes, como a disponibilidade de financiamento local e a confiança de que as startups conseguirão gerar receita, segundo King. “Isso não é exclusivo dos mercados emergentes, mas certamente é mais visível neles”, disse.

King acrescentou que “ainda não viu um aumento significativo no fluxo de capital para os mercados emergentes, nem há sinais de que isso esteja prestes a acontecer”.

“Pode ser que ainda aconteça, mas não é o que estamos vendo ou ouvindo neste momento”, completou.

O sucesso de uma startup pode depender de infraestrutura — seja física, como postes e redes, seja digital, como servidores em nuvem —, além de um ecossistema local sólido de investidores e fundadores capazes de orientar e capitalizar novas empresas. Por isso, muitos dos aspectos essenciais para escalar um negócio estão concentrados em polos tecnológicos reconhecidos, segundo King.

“Diante da pressa dos investidores em encontrar os vencedores da IA, é natural que eles concentrem suas buscas nos polos já consolidados”, afirmou.

Nada substitui o bom talento

Para June Angelides, investidora que apoia empreendedores africanos por meio da Levare Ventures, um sindicato de investidores anjo que fundou, a qualidade das oportunidades tem diminuído.

Isso pode ocorrer porque os profissionais mais qualificados estão preferindo “opções mais seguras”, como trabalhar em grandes empresas de tecnologia, afirmou. “Simplesmente não houve fluxo suficiente de capital para startups em estágio inicial.”

Embora rumores de uma bolha circulem no ecossistema de tecnologia, Angelides — que também atua como venture partner na Samos Investments — não acredita em um futuro em que investidores migrem em massa para mercados emergentes em busca de negócios com IA, gerando um ciclo de boom e colapso.

Empresas estão usando IA para desenvolver aplicativos e tecnologias de forma mais barata e rápida, “mas, no fim das contas, ainda queremos apostar em equipes realmente fortes”, disse ela.

“Para ter uma empresa líder, é preciso contar com talento técnico interno”, acrescentou Thomas Olszewski, sócio da 6 Degrees Capital, uma gestora focada em rodadas do tipo Seed a Série B, que administra 250 milhões de euros (US$ 291,5 milhões) e destina até 20% do fundo atual a mercados emergentes. A companhia já investiu em empresas que atuam na África, América Latina e Sudeste Asiático.

Para Olszewski, a questão central não é apoiar um mercado emergente, mas sim a tecnologia. “A filosofia do investimento de capital de risco, de forma mais ampla, é que uma empresa desenvolve algo único e defensável, e essa vantagem competitiva permite que ela cresça mais rápido e com boa rentabilidade. Se isso pode ser construído facilmente com IA, esse princípio deixa de ser verdadeiro”, disse.

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