Publicado 07/01/2025 • 10:50
KEY POINTS
Meta encerrará programa de checagem de fatos.
Unsplash.
Na terça-feira (9), a Meta anunciou o fim de seu programa de checagem de fatos realizado por terceiros. A justificativa, segundo a empresa, é “restaurar a liberdade de expressão” e adotar um modelo de “Notas de Comunidade”, semelhante ao sistema implementado pela plataforma X, de Elon Musk.
De acordo com a Meta, as Notas de Comunidade serão elaboradas e avaliadas pelos próprios usuários, oferecendo contexto adicional para publicações em suas plataformas. A novidade será implementada nos Estados Unidos nos próximos meses.
A mudança ocorre em meio aos esforços da empresa para melhorar sua relação com o presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo em breve.
“Chegamos a um ponto em que há erros demais e censura em excesso”, afirmou o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em um vídeo divulgado na terça. “As eleições recentes também parecem marcar um momento cultural de retorno à prioridade da liberdade de expressão. Vamos voltar às nossas origens, reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão nas nossas plataformas.”
Zuckerberg criticou os verificadores de fatos terceirizados, alegando que eles são “politicamente tendenciosos” e que “destruíram mais confiança do que criaram, especialmente nos Estados Unidos”.
A Meta também anunciou a simplificação de suas políticas de conteúdo, removendo restrições sobre temas como imigração e gênero. A nova abordagem focará em violações graves e ilegais. Além disso, as equipes de confiança e segurança e de moderação de conteúdo serão transferidas da Califórnia, um estado tradicionalmente Democrata, para o Texas, um estado historicamente Republicano.
“Vamos trabalhar com o presidente Trump para enfrentar governos ao redor do mundo que estão atacando empresas americanas e pressionando por mais censura”, disse Zuckerberg.
Joel Kaplan, chefe de políticas globais da Meta, afirmou no programa “Fox and Friends” que o sistema de Notas de Comunidade da plataforma X tem funcionado “muito bem”. Musk, que tem sido um defensor vocal de Trump e doou milhões para sua campanha, mantém contato frequente com o presidente eleito desde as eleições.
Na semana passada, a Meta anunciou que Kaplan substituirá Nick Clegg como principal responsável por políticas da empresa. Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico, liderava anteriormente o partido centrista Liberal Democrata no Reino Unido. Kaplan, que entrou na Meta em 2011, é bem relacionado no Partido Republicano e já trabalhou como chefe de gabinete adjunto na Casa Branca durante o governo George W. Bush, além de ter sido auxiliar do ex-ministro da Suprema Corte Antonin Scalia.
Em dezembro, Kaplan publicou no Facebook sobre sua participação em uma visita à Bolsa de Valores de Nova York com o vice-presidente eleito JD Vance e Donald Trump.
“Queremos garantir que, se algo pode ser dito na TV ou no Congresso, também possa ser dito no Facebook e no Instagram sem medo de censura”, declarou Kaplan.
Republicanos já haviam criticado a Meta e outras gigantes da tecnologia por suposta censura a vozes conservadoras. Em 2023, o presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jim Jordan, convocou Zuckerberg e outros CEOs para investigar alegações de que o governo dos EUA teria pressionado essas empresas a restringirem a liberdade de expressão.
A relação de Zuckerberg com Trump tem sido conturbada. O presidente eleito chegou a chamar o Facebook de “inimigo do povo” em 2023. A Meta suspendeu as contas de Trump no Facebook e Instagram por dois anos após os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021, alegando risco de incitação à violência.
Trump recuperou o acesso às suas contas em 2023, mas enfrentou restrições caso violasse as diretrizes da comunidade. Essas limitações foram removidas em julho, antes das eleições presidenciais de 2024.
Após a vitória de Trump em novembro, Zuckerberg se juntou a outros líderes de tecnologia em um encontro com o presidente eleito no resort Mar-a-Lago, na Flórida. Em dezembro, a Meta confirmou uma doação de US$ 1 milhão ao fundo inaugural de Trump.
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