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Pequim aposta na DeepSeek para impulsionar IA e encontrar novos motores de crescimento

Publicado sex, 21 fev 2025 • 9:56 AM GMT-0300 | Atualizado há 19 horas

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • A rápida ascensão da DeepSeek no setor de modelos de linguagem avançados deu à China uma ferramenta poderosa para impulsionar a adoção da inteligência artificial no país e estimular o crescimento econômico.
  • Embora o Goldman Sachs estime um impacto positivo de longo prazo entre 0,2 e 0,3 ponto percentual no PIB da China até 2030, o banco espera que os primeiros efeitos dessa adoção já comecem a aparecer na economia a partir do próximo ano.
  • O entusiasmo em torno da DeepSeek também se reflete na forte alta das ações chinesas.
Deepseek.

Deepseek.

Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration

A rápida ascensão da DeepSeek no setor de modelos de linguagem avançados deu à China uma ferramenta poderosa para impulsionar a adoção da inteligência artificial no país e estimular o crescimento econômico.

Embora o Goldman Sachs estime um impacto positivo de longo prazo entre 0,2 e 0,3 ponto percentual no PIB da China até 2030, o banco espera que os primeiros efeitos dessa adoção já comecem a aparecer na economia a partir do próximo ano, à medida que a automação baseada em IA aumente a produtividade.

“O recente surgimento da DeepSeek… sugere um desenvolvimento e adoção da IA na China mais rápidos do que prevíamos anteriormente”, afirmaram economistas do banco de Wall Street.

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O entusiasmo em torno da DeepSeek também se reflete na forte alta das ações chinesas. O índice MSCI China já subiu mais de 21% desde sua mínima em janeiro, segundo dados da LSEG.

A ascensão da startup está levando a uma reavaliação da “investibilidade” da China, após um período prolongado de menor interesse, afirmou o Morgan Stanley em relatório nesta semana.

“A DeepSeek demonstra que a China está na vanguarda ou próxima da vanguarda do desenvolvimento de IA, o que aumenta o prestígio da economia e do ecossistema tecnológico do país, tornando-os mais atraentes para investidores globais”, disse Gabriel Wildau, diretor-gerente da Teneo.

O lançamento pela empresa de um modelo de IA mais eficiente e acessível veio como um reforço oportuno para a confiança no setor, em um momento em que a liderança chinesa enfrenta um cenário econômico desafiador, em parte devido à crise no mercado imobiliário, além do temor de uma intensa guerra comercial com os Estados Unidos.

O modelo de raciocínio R1 da DeepSeek tem sido elogiado por sua capacidade de igualar ou até superar as principais ofertas globais de IA, mesmo rodando em chips mais baratos e menos sofisticados. Por ser de código aberto, o modelo pode ser adaptado por desenvolvedores externos para aumentar significativamente a eficiência com custos operacionais menores.

A startup também está transformando o ecossistema de IA da China, com entidades estatais e grandes empresas de tecnologia – incluindo concorrentes – aproveitando sua arquitetura aberta.

“O ritmo e a escala da adoção de IA na China estão incrivelmente rápidos neste momento, e essa tendência não está desacelerando”, afirmou Wei Sun, analista principal de inteligência artificial na Counterpoint Research.

Apoio de Pequim

Em uma reunião cuidadosamente organizada nesta semana, o presidente chinês, Xi Jinping, cumprimentou calorosamente o fundador da DeepSeek, Liang Wenfeng, e concedeu a ele um assento de destaque ao lado dos líderes das maiores empresas privadas do país.

O gesto mostrou que Pequim está disposta a apoiar a empresa, disse Huiyao Wang, fundador e presidente do think tank Centro para China e Globalização.

“A DeepSeek representa exatamente o que Pequim quer ver como ‘força produtiva de nova qualidade’, um conceito promovido por Xi no ano passado, que aposta em avanços tecnológicos para impulsionar o crescimento e a produtividade da economia”, acrescentou Wang.

No ano passado, a liderança chinesa prometeu um “salto adiante” ao incentivar novos motores de crescimento baseados na inovação em setores avançados, como IA e semicondutores. A medida veio após os controles de exportação dos EUA sobre equipamentos e chips de ponta dificultarem os avanços tecnológicos do país.

Com o sinal verde de Pequim, um número crescente de governos locais, desde Hohhot, no norte da China, até Guangzhou e Shenzhen, no sul, está implementando “servidores públicos” baseados na DeepSeek para automatizar a gestão pública, lidando com tarefas como trâmites administrativos e serviços gerais à população.

Pelo menos três operadoras estatais de telecomunicações também adotaram o modelo de IA nas últimas semanas.

Empresas privadas também estão testando a nova tecnologia para aumentar a produtividade. Montadoras, instituições financeiras, fabricantes de smartphones e operadoras de computação em nuvem – incluindo Alibaba, Huawei e Tencent – correram para integrar a DeepSeek em suas operações nas últimas semanas.

“Com a DeepSeek se tornando um nome global em questão de semanas, Pequim está aproveitando a oportunidade para destacar os campeões tecnológicos da China e demonstrar a resiliência e a inovação do setor diante das restrições lideradas pelos EUA”, disse Reva Goujon, diretora do Rhodium Group.

Desafios no mercado de trabalho

Economistas, no entanto, alertam que a velocidade da adoção da IA na China precisa ser “gerenciada com cuidado”, pois o país já enfrenta um mercado de trabalho enfraquecido e uma taxa de desemprego elevada.

Os efeitos da “destruição de empregos” provocada pela IA, apesar de elevarem a produtividade do trabalho, podem agravar a deflação e enfraquecer ainda mais a economia, afirmou o Goldman Sachs.

A taxa de desemprego entre os jovens na China permanece acima de 15%, com mais de 10 milhões de novos graduados entrando no mercado de trabalho a cada ano. Nos últimos anos, foram registradas demissões nos setores imobiliário, no funcionalismo público e no setor financeiro.

Ainda assim, o banco apontou que o mercado de trabalho chinês é menos suscetível aos riscos da automação por IA em comparação com os Estados Unidos, devido à maior participação de empregos fisicamente intensivos. Agricultura, manufatura e construção representam 50% do total de empregos na China, enquanto nos EUA essas atividades correspondem a apenas 19% dos postos de trabalho.

Já setores mais propensos à automação por IA, como finanças, seguros e serviços, representam 14% dos empregos nos EUA, mas menos de 3% na China, segundo estimativas do banco.

Um estudo do Pew Research Center de 2023 revelou que 19% dos trabalhadores nos EUA ocupam empregos com alta exposição à IA. O estudo utilizou o termo “exposição” porque ainda não está claro se o impacto da IA será positivo ou negativo.

Embora a aplicação da IA possa aumentar o número de trabalhadores deslocados no curto prazo, essas pessoas eventualmente encontrarão empregos em outros setores nos quais a mão de obra tenha vantagem competitiva, permitindo que o emprego volte a crescer, avaliou o Goldman Sachs.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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