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Sam Altman sobre os US$ 850 bilhões que a OpenAI vai investir: ‘As pessoas estão preocupadas. Eu entendo’

Publicado 24/09/2025 • 07:46 | Atualizado há 2 horas

KEY POINTS

  • A expansão de US$ 850 bilhões da OpenAI equivale à produção de 17 usinas nucleares, mas o CEO Sam Altman diz que mesmo esse ritmo “parecerá lento” devido ao aumento da demanda.
  • Altman está comprometido com grandes expansões com Oracle, Nvidia e SoftBank.
  • A diretora financeira Sarah Friar, que anteriormente abriu o capital da Block, enfatizou que as empresas estão intervindo para suprir uma grave escassez de computadores.

WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Imagem de arquivo. Sam Altman, CEO da OpenAI, depõe perante a Subcomissão Judiciária do Senado sobre Privacidade, Tecnologia e Direito em 16 de maio de 2023, em Washington, DC.

Sam Altman estava em um pedaço de terra quente do Texas, do tipo que vira poeira em dias secos e lama escorregadia após uma chuva repentina. Atrás dele, estendiam-se os contornos do que em breve será um enorme complexo de data centers no centro-oeste do estado, onde ventos fortes frequentemente se encontram com calor extremo.

Era o cenário ideal para o CEO da OpenAI apresentar o que chama de o maior esforço de infraestrutura da era moderna da internet: uma expansão de 17 gigawatts em parceria com Oracle, Nvidia e SoftBank.

Em menos de 48 horas, a OpenAI anunciou compromissos equivalentes a 17 usinas nucleares ou cerca de nove barragens Hoover. O plano exigirá eletricidade suficiente para abastecer mais de 13 milhões de lares nos Estados Unidos.

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A escala impressiona, mesmo para uma empresa que já levantou um valor recorde no mercado privado e viu sua avaliação subir para US$ 500 bilhões. Com cerca de US$ 50 bilhões por instalação, os projetos da OpenAI somam aproximadamente US$ 850 bilhões em gastos, quase metade do que o HSBC agora prevê como um boom global de US$ 2 trilhões em infraestrutura de IA.

Altman entende a preocupação. Mas rejeita a ideia de que esse ritmo de investimentos seja exagerado.

“As pessoas estão preocupadas. Eu entendo totalmente isso. Acho que é algo muito natural”, disse Altman à CNBC na terça-feira, direto do local do primeiro de seus mega data centers em Abilene. “Estamos crescendo mais rápido do que qualquer negócio que eu já ouvi falar antes.”

Ele reforçou que o boom de construções é uma resposta à demanda crescente, destacando o aumento de dez vezes no uso do ChatGPT nos últimos 18 meses. Segundo ele, uma rede de supercomputadores é o que permitirá maximizar as capacidades da IA.
“É isso que é necessário para entregar IA”, disse Altman. “Diferente de revoluções tecnológicas anteriores ou das primeiras versões da internet, há uma necessidade gigantesca de infraestrutura — e isso é apenas uma pequena amostra.”

O maior gargalo para a IA não é dinheiro nem chips — é eletricidade. Altman tem investido em empresas de energia nuclear porque enxerga nesse tipo de fonte, estável e concentrada, uma das poucas capazes de atender à enorme demanda da IA.

Ele liderou uma rodada de US$ 500 milhões na empresa de fusão Helion Energy para construir um reator de demonstração, além de apoiar a Oklo, empresa de fissão que ele levou à bolsa no ano passado por meio de sua própria SPAC.

Críticos alertam para uma possível bolha, apontando que companhias como Nvidia, Oracle, Broadcom e Microsoft já adicionaram centenas de bilhões de dólares em valor de mercado a partir de parcerias com a OpenAI, que segue queimando caixa. Nvidia e Microsoft juntas valem agora US$ 8,1 trilhões — o equivalente a cerca de 13,5% do S&P 500.

Céticos também afirmam que o sistema parece um modelo de financiamento circular: a OpenAI compromete centenas de bilhões em projetos que dependem de parceiros como Nvidia, Oracle e SoftBank. Essas mesmas empresas investem nos projetos e depois são remuneradas com vendas de chips e aluguéis de data centers.

Sarah Friar, CFO da OpenAI, tem outra visão. Para ela, todo o ecossistema está se unindo para atender a uma demanda histórica de capacidade computacional. Grandes ciclos tecnológicos, destacou, sempre exigiram esse tipo de esforço ousado e coordenado de infraestrutura.

Altman acrescentou que ciclos de investimento excessivo e insuficiente marcaram todas as revoluções tecnológicas passadas. Inevitavelmente, alguns vão sentir o impacto.

“As pessoas vão se queimar investindo demais e também vão se queimar investindo de menos e ficando sem capacidade”, disse. “Pessoas inteligentes vão se empolgar demais, e algumas perderão muito dinheiro. Outras ganharão muito dinheiro. Mas estou confiante de que, no longo prazo, o valor dessa tecnologia para a sociedade será gigantesco.”

“Cada vez mais demanda”

Os parceiros da OpenAI estão apostando alto nesse futuro. A Oracle, inclusive, reorganizou sua liderança em função disso. Na segunda-feira, a empresa promoveu Clay Magouyrk e Mike Sicilia a CEOs, substituindo Safra Catz. Magouyrk era responsável pela infraestrutura de nuvem, e Sicilia, presidente da Oracle Industries.

“Quando você pensa no motivo dessa transição agora, trata-se de preparar a Oracle para o sucesso”, disse Magouyrk à CNBC. “Eu só vejo cada vez mais demanda dos usuários finais… algo que parece uma demanda quase infinita por tecnologia.”

A Nvidia está colocando capital próprio junto com seus chips, incluindo os novos aceleradores Vera Rubin, desenvolvidos para impulsionar a próxima onda de cargas de trabalho de IA. A instalação em Abilene está sendo arrendada pela Oracle.

“Empresas como a Oracle estão usando seus balanços para construir esses data centers incríveis que vocês veem atrás de nós”, afirmou Friar em entrevista no local.

Ela explicou que a OpenAI arcará com as despesas operacionais dos data centers quando estiverem online, enquanto os investimentos da Nvidia estão viabilizando o início dos projetos.

“Mas, importante destacar, eles serão pagos por todos esses chips conforme forem implantados”, disse Friar, referindo-se ao acordo com a Nvidia.

Friar, que já levou a Block à bolsa como CFO e depois comandou a abertura de capital da Nextdoor como CEO, destacou o equilíbrio entre capital próprio, dívida e despesas operacionais. Segundo ela, as instalações que começam a ser construídas agora visam trazer nova capacidade já no próximo ano.

“Mas depois vem o que será construído para 2027, 2028 e 2029”, acrescentou. “O que vemos hoje é uma enorme escassez de poder computacional. Não há capacidade suficiente para tudo o que a IA pode fazer. Precisamos começar agora — e precisamos fazer isso como um ecossistema completo.”

Sobre a parceria de longo prazo com a Microsoft, Friar foi clara: “Eles são um parceiro fundamental”, afirmou, acrescentando que a empresa continuará sendo fornecedora-chave de capacidade de computação.

Ela ainda sinalizou que há mais novidades por vir com a Microsoft: “Estou satisfeita com onde estamos, mas ainda não totalmente pronta para anunciar tudo.”

Na função atual, os números com que lida são muito maiores do que nas duas empresas que levou ao mercado. Eventualmente, os investidores da OpenAI esperarão retorno sobre os grandes aportes. Mas Altman disse que a questão de um IPO é “complicada”.

“Presumo que algum dia seremos uma empresa de capital aberto”, disse ele à CNBC. “Tenho sentimentos mistos sobre isso… por ora, conseguimos levantar muito capital no mercado privado.”

Segundo ele, abrir capital poderia dificultar investimentos de longo prazo, por causa da necessidade de atender às expectativas trimestrais de Wall Street. Mas também abriria o acesso a uma base mais ampla de investidores.

“Acho que o mundo deveria, se quiser, ter ações da OpenAI. Acho isso ótimo e quero que isso aconteça”, afirmou Altman.

No curto prazo, a história é sobre dezenas de bilhões de dólares direcionados a chips e data centers em locais como Abilene — e, futuramente, no Novo México, em Ohio e em outros lugares.

Mas a OpenAI não se resume à infraestrutura. Em maio, a empresa surpreendeu ao anunciar a compra da startup de dispositivos de Jony Ive por cerca de US$ 6,4 bilhões. Trazer o designer do iPhone e de outros produtos mais icônicos da Apple não foi coincidência.

Durante sua visita ao Texas, Altman deu pistas sobre hardwares que podem remodelar a forma como as pessoas usam computadores no dia a dia.

O CEO da OpenAI disse que computadores nunca antes foram capazes de realmente “entender e pensar”, e que essa ruptura cria a oportunidade de inventar uma maneira totalmente nova de utilizá-los.

Ele alertou que levará tempo até que a OpenAI tenha algo pronto para lançar. Mesmo quando isso acontecer, a empresa pretende liberar apenas uma “pequena família de dispositivos”, explicou. Mas o potencial, segundo Altman, é “algo grande” e vale a aposta.

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