A Air Canada cancelou centenas de voos no sábado (16) ao começar a suspender suas operações devido à greve dos comissários de bordo — provocando um verdadeiro caos nas viagens de verão (do hemisfério Norte) para os 130 mil passageiros que a companhia transporta diariamente.
A maior companhia aérea do Canadá, que voa direto para 180 cidades ao redor do mundo, orientou os clientes a não irem ao aeroporto caso tenham passagem da Air Canada ou da subsidiária de baixo custo Air Canada Rouge.
A empresa informou que os voos da Air Canada Express, operados por terceiros, não seriam afetados pela paralisação.
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Impactos imediatos
“A Air Canada lamenta profundamente o impacto que a greve está causando aos clientes”, disse a companhia em nota oficial.
O Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), que representa os 10 mil comissários de bordo da Air Canada, afirmou que a greve começou oficialmente às 0h58 do horário local (4h58 GMT) de sábado (16).
Como resposta, a Air Canada iniciou um “lockout” dos comissários de bordo filiados ao CUPE, impedindo que eles trabalhassem durante o impasse motivado por uma disputa salarial.
A Air Canada já vinha reduzindo suas operações aos poucos diante da possibilidade de greve.
Até às 20h de sexta-feira (15), a empresa informou ter cancelado 623 voos, afetando mais de 100 mil passageiros. Toda a programação diária de 700 voos foi suspensa para o sábado (16).
“Neste momento, a Air Canada continua engajada e comprometida com as negociações para renovar o acordo coletivo com o CUPE”, afirmou a companhia.
Principais reivindicações
Além do reajuste salarial, o sindicato quer discutir o trabalho não remunerado em solo, principalmente durante o embarque dos passageiros.
Rafael Gomez, diretor do Centro de Relações Industriais da Universidade de Toronto, disse à AFP que é “prática comum, até em outros países”, pagar os comissários de bordo apenas pelo tempo em que estão no ar.
Segundo ele, o sindicato fez uma campanha de comunicação muito eficaz em torno desse tema, criando na opinião pública uma sensação de injustiça.
“Um passageiro comum, que não conhece a prática do setor, pode pensar: ‘Estou esperando para embarcar e tem um comissário me ajudando, mas, tecnicamente, ele não está recebendo por esse trabalho’”, explicou Gomez, antes do início da greve.
“Esse é um ponto muito bom para ser destacado”, acrescentou Gomez, dizendo ainda que conquistas dos funcionários da Air Canada podem influenciar outras empresas aéreas.
Propostas salariais
A Air Canada detalhou sua última proposta em comunicado divulgado na quinta-feira (14), informando que, pelas condições apresentadas, um comissário de bordo sênior receberia em média 87 mil dólares canadenses (cerca de R$ 340 mil) por ano até 2027.
O Sindicato classificou as propostas da Air Canada como “abaixo da inflação e do valor de mercado”.
O sindicato também recusou os pedidos tanto do governo federal quanto da Air Canada para que as pendências fossem resolvidas por meio de arbitragem independente.
Expectativas
Gomez disse não acreditar que a paralisação vá durar muito tempo. “Estamos no auge da temporada de viagens”, afirmou.
“A companhia aérea não quer perder centenas de milhões de dólares em receita… É quase um jogo de quem pisca primeiro com os comissários de bordo.”
A economia canadense, embora demonstre resistência, já começa a sentir os efeitos da guerra comercial do presidente Donald Trump, com tarifas atingindo setores importantes como automóveis, alumínio e aço.
Em comunicado divulgado antes do início da greve, o Conselho Empresarial do Canadá alertou que a paralisação na Air Canada poderia causar ainda mais prejuízos.
“Num momento em que o Canadá enfrenta pressões inéditas sobre cadeias de suprimento essenciais para a economia, a interrupção dos serviços nacionais de transporte aéreo de passageiros e de cargas causaria prejuízos imediatos e generalizados a toda a população”, diz o texto.
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