CNBC

CNBCCEO da Apple nega que aumento de preços do iPhone seja por tarifas

Fábrica de Mídia Colunas

Talk show de Jimmy Kimmel é suspenso e escancara crise na TV dos EUA

Publicado 19/09/2025 • 22:58 | Atualizado há 18 horas

Foto de Fábrica de Mídia

Fábrica de Mídia

Semanalmente, Michaele Gasparini destrincha um dos principais temas da indústria de mídia na semana. Nada passa despercebido ao olhar da colunista: tudo o que movimenta o mercado e rende milhões de dólares em publicidade nas emissoras de televisão e nas plataformas de streaming estará aqui.

Jimmy Kimmel, apresentador americano

Reprodução/X/Jimmy Kimmel

A suspensão do talk show Jimmy Kimmel Live, anunciada pela ABC na última semana, expõe uma crise estrutural nos bastidores da televisão dos Estados Unidos. Lançado em 2003, o programa ocupava um dos horários mais prestigiados da TV aberta americana, mas vinha enfrentando dificuldades para manter relevância em meio a um cenário dominado por plataformas de streaming, redes sociais e mudanças profundas no comportamento da audiência.

O fim, ainda que temporário, da atração sinaliza um enfraquecimento do modelo de entrevistas noturnas, antes considerado pilar da programação em horário nobre. Ao longo de mais de duas décadas, Jimmy Kimmel tornou-se um dos rostos mais reconhecidos do formato late night, ao lado de nomes como Jimmy Fallon e Stephen Colbert. Seu programa era conhecido por entrevistas com celebridades, comentários políticos e quadros de humor com forte presença online.

Ainda assim, mesmo com boa recepção crítica, a atração perdeu tração diante da fragmentação da audiência e da crescente competição com conteúdos sob demanda e vídeos curtos que viralizam nas redes. A decisão da ABC, portanto, reflete um desgaste acumulado do modelo tradicional de TV aberta. A suspensão, mesmo que motivada por critérios políticos, não ocorreu de forma isolada. Nos últimos cinco anos, os talk shows noturnos dos Estados Unidos enfrentaram cortes, reestruturações ou encerramentos silenciosos.

Leia mais artigos da coluna Fábrica de Mídia

A CBS, por exemplo, substituiu parte de sua programação tradicional por formatos mais baratos, como realities ou reprises. Seth Meyers, na NBC, teve a duração do programa reduzida, e James Corden deixou o Late Late Show, que não foi renovado. Esses movimentos refletem um redesenho das prioridades editoriais das redes, cada vez mais voltadas à contenção de custos e ao fortalecimento de produtos com maior retorno comercial em ambientes digitais.

Outro fator decisivo é a mudança no papel cultural dos talk shows. Por décadas, esses programas serviram como vitrines estratégicas para lançamentos de filmes, álbuns e livros, com forte apelo junto ao público e à imprensa. Hoje, boa parte desse conteúdo é promovida diretamente por celebridades em seus próprios perfis nas redes sociais, com alcance imediato e engajamento mais direto. Plataformas como TikTok, Instagram e YouTube passaram a concentrar o protagonismo que antes era dos programas noturnos, oferecendo formatos curtos, personalizados e alinhados com o consumo sob demanda.

A transição do consumo de mídia linear para o digital transformou profundamente o panorama da indústria televisiva. O público mais jovem, especialmente entre 18 e 34 anos, tem abandonado a TV tradicional e priorizado experiências em que escolhe o que assistir e quando assistir.

Isso gerou um colapso gradual da audiência em programas ao vivo, como os talk shows, e forçou as emissoras a repensarem seus investimentos em formatos com custo elevado de produção e retorno cada vez mais imprevisível. O resultado é um mercado mais cauteloso, menos disposto a manter programas caros apenas por prestígio institucional.

__

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

MAIS EM Colunas