Ações da Nestlé saltam após empresa anunciar corte de 16 mil empregos para aumentar a eficiência

A Nestlé anunciou nesta quinta-feira que vai cortar 16 mil empregos como parte dos esforços do novo CEO, Philipp Navratil, para acelerar a reestruturação da gigante de bens de consumo.

Com o objetivo de aumentar a eficiência operacional, a companhia informou que 12 mil cargos administrativos serão eliminados, além de outros 4 mil postos que serão reduzidos ao longo dos próximos dois anos.

As ações da Nestlé subiram quase 9%, impulsionando o setor de alimentos e bebidas da Europa, que avançava mais de 3,3% na manhã de quinta-feira.

Sob o comando do ex-CEO Laurent Freixe, a Nestlé já havia anunciado um programa de economia de custos de 2,5 bilhões de francos suíços (US$ 3,14 bilhões), que agora foi ampliado para 3 bilhões de francos suíços até o fim de 2027.

A empresa registrou crescimento orgânico de 4,3% no terceiro trimestre, acima do esperado, mesmo em meio a um cenário incerto para o consumidor, marcado pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos e pelo aumento dos preços de matérias-primas, como cacau e grãos de café.

O crescimento interno real (RIG) voltou ao território positivo no terceiro trimestre, subindo 1,5%, refletindo os retornos dos investimentos da fabricante do Nespresso e KitKat, também beneficiados por bases de comparação mais fáceis.

Uma queda no RIG no segundo trimestre havia levado a um desempenho fraco das ações da Nestlé. Antes da divulgação dos resultados, analistas do HSBC já esperavam uma melhora no indicador “devido às comparações mais fáceis, aos benefícios das próprias ações da Nestlé e à redução dos efeitos de elasticidade após os aumentos de preços”.

Apesar disso, a empresa ainda enfrenta desempenho abaixo do esperado na Grande China, região que reduziu o crescimento orgânico em 80 pontos-base e o RIG em 40 pontos-base. A Nestlé acrescentou que “uma nova gestão já está em vigor e está executando o plano de transformação do negócio.”

A estratégia de focar nas áreas mais rentáveis e reverter os segmentos deficitários impulsionou as vendas acima das expectativas no terceiro trimestre, segundo Jon Cox, chefe de ações de consumo europeu da Kepler Cheuvreux.

“No geral, é extremamente positivo e parece, do ponto de vista operacional, que a empresa virou a página com um desempenho melhor, enquanto a turbulência na gestão durante o verão fica para trás”, disse Cox, acrescentando que espera uma reação muito positiva das ações.

Um ano turbulento

A gigante de bens de consumo com sede em Vevey, na Suíça, tem sido pressionada por investidores devido ao desempenho operacional e das ações abaixo dos concorrentes.

Os papéis da Nestlé caíram mais de 40% desde o pico de dezembro de 2021 e 9% nos últimos 12 meses.

A empresa viveu um ano conturbado, após a demissão do então CEO Laurent Freixe, em 1º de setembro, devido a um relacionamento amoroso não divulgado.

Seu sucessor, Philipp Navratil, ex-CEO da divisão Nespresso, prometeu “abraçar totalmente a direção estratégica da empresa, bem como o plano de ação em andamento para impulsionar o desempenho da Nestlé”, e afirmou que vai “acelerar a execução e conduzir o plano de criação de valor com intensidade.”

Duas semanas depois, a Nestlé foi forçada a antecipar a saída do presidente Paul Bulcke, após pressões de acionistas institucionais por sua condução do caso Freixe.

Bulcke, também ex-CEO da Nestlé, deixou o cargo antes do previsto, passando o comando ao vice-presidente e presidente eleito Pablo Isla, ex-CEO da Inditex, que assumiria oficialmente após a assembleia geral da Nestlé em abril de 2026.

Analistas afirmam que a nova liderança precisará reconquistar a confiança dos investidores.

“Muitos investidores de longo prazo precisarão ouvir mais de alguém relativamente desconhecido do mercado antes de adotar uma visão mais positiva”, escreveram analistas do Deutsche Bank em nota de setembro.

Enquanto o foco inicial deve estar na recuperação do crescimento em volume e na melhoria do desempenho na China, investidores de longo prazo esperam atualizações sobre a venda parcial da unidade de águas, que tem enfrentado dificuldades, bem como sobre o negócio de vitaminas com baixo desempenho e os planos para a participação de 20% da Nestlé na L’Oréal.

“Agora precisamos fazer mais e agir mais rápido para acelerar nosso ímpeto de crescimento”, disse Navratil nesta quinta-feira em comunicado sobre os resultados da empresa.

“À medida que a Nestlé avança, seremos rigorosos em nossa alocação de recursos, priorizando as oportunidades e os negócios com maior potencial de retorno.”

Naty.Falla

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