Os principais líderes europeus estão pedindo que o continente capitalize a volatilidade recente em meio à esperança de que o excepcionalismo dos EUA esteja diminuindo — e que a Europa possa lucrar com isso.
Do Unicredit ao Goldman Sachs, os principais líderes europeus disseram à CNBC em entrevistas exclusivas que a Europa tem uma enorme oportunidade pela frente.
Os números contam parte da história, com o Stoxx 600 da Europa mais de 8% em comparação com um salto de 5% para o S&P 500 desde 1º de novembro de 2024, poucos dias antes das eleições nos EUA.
O Bank of America informou em um relatório de 5 de junho que as ações americanas registraram saídas de US$ 7,5 bilhões nas três semanas anteriores, enquanto as ações europeias se beneficiaram de entradas de US$ 2,6 bilhões no mesmo período.
No início deste ano, entretanto, dados da Morningstar mostraram que os investidores sacaram 2,8 bilhões de euros (US$ 3,2 bilhões) de ETFs de ações americanas no mês até meados de março, enquanto transferiram 14,6 bilhões de euros para ETFs europeus.
O co-CEO do Goldman Sachs International, Anthony Gutman, disse à CNBC que a convergência nas taxas de crescimento dos EUA e da Europa ocorreu rapidamente este ano e foi um grande fator que levou os investidores a transferir dinheiro para a Europa.
“Em janeiro, o sentimento era muito forte nos EUA, mas um pouco mais contido na Europa. Se você adiantar o relógio, o cenário mudará drasticamente, beneficiando a Europa em muitos casos. A Europa está recebendo mais entradas de capital e há mais otimismo na Europa”, disse Gutman a Annette Weisbach, da CNBC, na quarta-feira, durante a Conferência Financeira Europeia do Goldman Sachs, em Berlim.
Enquanto isso, nos mercados privados, as discussões sobre o colapso do excepcionalismo americano dominaram o fórum Super Return em Berlim na semana passada. O diretor-gerente do Carlyle Group, Mark Jenkins, disse à CNBC que, “na Europa, vimos muitas oportunidades excelentes e acreditamos que podemos obter retornos maiores aqui em relação ao risco que se corre nos EUA”.
Esse sentimento foi ecoado pela gigante de private equity Permira, que detém fundos de private equity e veículos de crédito que representam cerca de 60 bilhões de euros em capital sob gestão.
“Se você olhar para a Europa no momento, em primeiro lugar, o capital está mais barato, se você observar a tendência das taxas do euro em relação às do dólar, você pode financiar e financiar coisas mais baratas aqui. Em segundo lugar, as avaliações estão mais baratas, você pode comprar grandes empresas por menos”, disse o presidente executivo da Permira, Kurt Björklund, ao programa “Squawk Box Europe”, da CNBC, na terça-feira.
“Em terceiro lugar, o ciclo de inovação está crescendo exponencialmente na Europa… há um número enorme de empresas altamente inovadoras que estão crescendo de forma disruptiva e global”, acrescentou.
As tensões comerciais pesam
Todos os olhos estão agora voltados para o potencial de um acordo comercial entre a UE e os EUA — que está se mostrando mais difícil de fechar do que com alguns outros países, incluindo o Reino Unido. Referindo-se à complexidade do gigante que é a União Europeia, o presidente da Siemens Energy, Joe Kaeser, disse à CNBC que a UE “não está politicamente pronta para fechar esse tipo de acordo”.
A Casa Branca deu a entender na quarta-feira que o prazo de 9 de julho para um acordo pode ser prorrogado, mas o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse: “É muito provável que, para os países que estão negociando — ou blocos comerciais, no caso da UE — que estão negociando de boa-fé, adiaremos a data para continuar a negociação de boa-fé.”
O presidente francês Emmanuel Macron também adotou um tom otimista, dizendo a Karen Tso, da CNBC, na quarta-feira: “Tenho certeza de que encontraremos, no final das contas, uma boa solução”.
O CEO do Unicredit, Andrea Orcel, enfatizou que a oportunidade para a recuperação contínua da Europa está em suas próprias mãos.
Ele explicou que a União Europeia, composta por 27 membros, poderia se mobilizar em meio à fragmentação do relacionamento da Europa com os EUA, mas alertou que os investidores também podem ser inconstantes.
A expectativa é que “haverá convergência, uma união bancária, uma união dos mercados de capitais. Haverá muitos gastos em infraestrutura, em defesa… Isso é animador para o mercado, portanto, dinheiro entrando”, disse Orcel à CNBC na quarta-feira. “Mas se, aos poucos, os investidores perceberem que isso é só conversa fiada, mas não acontece de verdade, o dinheiro voltará em um nanossegundo, e você verá [isso] muito rapidamente.”
A Europa se depara com uma “oportunidade fenomenal”, acrescentou. “Temos todos os motivos para estar… em pé de igualdade com os EUA, mas a culpa é nossa se não o fizermos.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC
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