Bulgária está a caminho de se tornar o 21º membro da UE a adotar o euro

A Comissão Europeia deu sinal verde nesta quarta-feira (4) para que a Bulgária adote o euro a partir do próximo ano, colocando o país no caminho para se tornar o 21º membro da zona do euro.

A comissão afirmou que a Bulgária cumpriu os critérios rigorosos “destinados a garantir que um país está pronto para adotar o euro e que sua economia está suficientemente preparada para isso”.

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O Banco Central Europeu também deu uma opinião positiva, elogiando a “enorme dedicação da Bulgária em fazer os ajustes necessários”.

Reações internas e protestos

O primeiro-ministro búlgaro, Rossen Jeliazkov, comemorou “um dia notável” que seguiu “anos de reformas, comprometimento e alinhamento com nossos parceiros europeus”.

No entanto, o movimento gerou uma reação negativa de muitos búlgaros, com protestos e pesquisas recentes mostrando que quase metade dos entrevistados se opõe à adoção do euro, temendo consequências econômicas dolorosas.

Só quero viver bem

Cerca de 1.000 pessoas se manifestaram em frente ao prédio da Assembleia Nacional no centro de Sofia, segurando cartazes com os dizeres “Preserve o lev búlgaro”, “Não ao euro” e “O futuro pertence aos estados soberanos”.

A manifestação foi organizada pelo partido de oposição pró-Rússia, Vazrazhdane.

Nas ruas de Sofia, várias pessoas acolheram positivamente o sinal verde da Comissão Europeia.

“Isso nos dará mais liberdade e facilitará viajar para o exterior”, disse Akseniya, uma desenvolvedora de software de 36 anos, à AFP, embora ela tenha acrescentado sentir “um pouco de nostalgia”.

“Estamos perdendo um pouco da nossa identidade, nosso lev”, afirmou ela.

“Seja em euros, dólares ou levs, eu só quero viver bem”, disse Svilen Manavski, de 61 anos, um trabalhador da construção civil no país mais pobre da UE.

Histórico e preparação para a zona do euro

A Bulgária enfrentou um caminho difícil para entrar na zona do euro: a nação foi assolada por turbulências políticas, com sete eleições em três anos — a última em outubro de 2024.

A aprovação pelo órgão executivo da UE ocorre 18 anos após a Bulgária ingressar no bloco.

“Parabéns, Bulgária!” disse a presidente da comissão, Ursula von der Leyen.

Com uma população de 6,4 milhões de pessoas, a Bulgária passou vários anos preparando sua economia para ingressar na zona do euro.

A Bulgária ainda precisa da aprovação dos ministros das finanças da UE, que devem dar seu total apoio em julho, antes de adotar formalmente o euro em 1º de janeiro de 2026.

“O relatório de hoje é um momento histórico para a Bulgária, a área do euro e a União Europeia”, disse o chefe de economia da UE, Valdis Dombrovskis.

“Claro, o euro é mais do que uma moeda. Após a Bulgária se tornar um membro pleno da área Schengen no início deste ano, isso aproxima ainda mais a Bulgária do coração da Europa”, acrescentou.

Tentativas passadas sem sucesso

Quando as primeiras notas e moedas de euro foram lançadas em 1º de janeiro de 2002, apenas 12 países faziam parte da área da moeda única, incluindo França, Alemanha, Irlanda, Itália e Espanha.

A área cresceu gradualmente para 20 com a adesão da Eslovênia em 2007, Chipre e Malta em 2008, Eslováquia em 2009, Estônia em 2011, Letônia em 2014 e Lituânia em 2015.

A Croácia foi o país mais recente a se juntar em 2023.

A Bulgária queria adotar a moeda mais cedo, mas nos últimos anos Bruxelas concluiu que sua inflação era alta demais para atender aos requisitos necessários.

Para ingressar na área da moeda única, os estados membros devem demonstrar que sua economia convergiu com outros países da zona do euro e que têm controle sobre suas finanças.

Por exemplo, eles devem demonstrar que a inflação não é superior a 1,5 pontos percentuais acima da taxa dos três países da UE com melhor desempenho.

No ano passado, a Bulgária cumpriu todos os critérios para aderir, exceto no quesito inflação.

A taxa média de inflação na Bulgária durante os 12 meses até abril de 2025 foi de 2,7%, logo abaixo do valor de referência.

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