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CNBC Inside India: Guerra entre Irã e Israel reacende interesse no setor de defesa da Índia
Publicado 26/06/2025 • 14:16 | Atualizado há 5 horas
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Publicado 26/06/2025 • 14:16 | Atualizado há 5 horas
KEY POINTS
Bandeira da Índia
Unsplash
A economia da Índia esteve à beira do colapso na última semana. As tensões geopolíticas no Oriente Médio poderiam ter abalado seriamente o país. Em vez disso, a guerra entre Irã e Israel serviu como catalisador para a Índia reforçar seu setor de defesa.
Os dois países concordaram com um cessar-fogo na quarta-feira, após uma campanha de bombardeios conduzida pelos Estados Unidos, que, segundo o presidente Donald Trump, eliminou as ambições nucleares do Irã. Com isso, os preços do petróleo recuaram, afastando a Índia de um possível abismo econômico. Ainda assim, o episódio expôs muitas das vulnerabilidades do país.
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A Índia não compra mais petróleo iraniano, mas 40% de suas importações de petróleo cru ainda passam pelo estreito de Ormuz, um dos pontos de trânsito mais estratégicos do mundo. Qualquer interrupção nessa rota poderia ter gerado sérias consequências econômicas.
Segundo uma análise do SBI Research, a cada aumento de US$ 10 no preço do barril de petróleo, a inflação ao consumidor na Índia pode subir até 35 pontos-base, enquanto o crescimento econômico pode cair 30 pontos-base. Madan Sabnavis, economista-chefe do Bank of Baroda — banco majoritariamente estatal —, reforçou essa avaliação. Para ele, enquanto um aumento de 10% nos preços é administrável, uma cotação sustentada acima de US$ 100 por barril “pode ter um impacto significativo”.
O conflito também colocou Nova Délhi em uma posição delicada entre seus investimentos no Irã — especialmente o porto de Chabahar, operado por empresas indianas — e sua profunda relação de defesa com Israel.
A Índia é o maior comprador de armas israelenses, respondendo por 34% das exportações de defesa de Israel, segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) de março de 2024.
Israel, por sua vez, representa 13% das importações de defesa indianas. A recente “Operação Sindoor”, lançada contra o Paquistão após um ataque militante em abril na região da Caxemira, evidenciou essa dependência, com uso de equipamentos russos antigos e novos sistemas israelenses, como drones de vigilância Heron, mísseis Spyder e Barak-8.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Índia descobriu que Moscou, historicamente seu maior fornecedor de armas, havia se tornado um parceiro pouco confiável. A capacidade de produção de defesa russa foi redirecionada para atender às necessidades da guerra, provocando atrasos significativos no programa de modernização militar indiano. Analistas ainda apontam que equipamentos russos, como os tanques T-90S, considerados essenciais para o Exército indiano, tiveram desempenho aquém do esperado na Ucrânia.
Um prolongamento do conflito entre Irã e Israel seria um novo obstáculo para a Índia, que já enfrenta atrasos na aquisição de armamentos.
Isso gerou uma necessidade urgente de mudança. No entanto, a transição deverá levar anos, talvez décadas — em 2023, 90% dos veículos blindados e 70% das aeronaves de combate da Índia ainda eram de origem russa, segundo levantamento da consultoria Bernstein.
“Sem dúvida, a situação aumentou o desejo e a convicção dos países em elevar seus gastos com defesa, algo que já havia começado com a invasão russa à Ucrânia”, afirmou Anna Mulholland, chefe de pesquisa em ações de mercados emergentes da Pictet Asset Management, cuja carteira de mercados emergentes tem a Índia como segunda maior exposição. “O tumulto no Oriente Médio, apesar de não ser novidade, certamente reforçará o compromisso com esses orçamentos maiores de defesa que vêm sendo discutidos.”
A Índia tem aproveitado a crise para impulsionar sua indústria de defesa doméstica.
Analistas do JPMorgan identificaram os conflitos recentes como um “momento decisivo para o reconhecimento generalizado das capacidades da Bharat Electronics (BEL)”, empresa estatal do setor. As ações da companhia já subiram cerca de 38% neste ano.
“Um fluxo contínuo de pedidos, riscos geopolíticos elevados tanto na Índia quanto no mundo, e fortes perspectivas de crescimento no médio prazo, com saudável retorno sobre o patrimônio (ROE), devem continuar impulsionando o desempenho da empresa”, disse Atul Tiwari, diretor-executivo do JPMorgan, em relatório a clientes no dia 23 de junho.
O sinal mais concreto dessa virada é o “Projeto Kusha”, a alternativa indiana ao sistema russo de defesa aérea S-400, no qual a BEL é parceira-chave. “Esse programa deve contribuir significativamente para a carteira de pedidos da empresa no longo prazo, assim que os contratos forem firmados”, acrescentou Tiwari.
A Índia não deve ser a única cliente dessas empresas. Nova Délhi também mira a indústria de defesa como motor de exportação. O objetivo é dobrar as exportações para cerca de US$ 6 bilhões anuais até 2030, segundo o banco Jefferies.
Esta reportagem faz parte do boletim informativo “Inside India” desta semana da CNBC, que traz notícias oportunas e perspicazes, além de comentários de mercado sobre a potência emergente e os grandes negócios por trás de sua ascensão meteórica. Gostou do que viu? Assine aqui.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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