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CNBC The China Connection: as relações EUA-China mudaram

Publicado 14/05/2025 • 06:53 | Atualizado há 9 horas

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • O que foi efetivamente um embargo comercial entre os EUA e a China não durou muito, mas as empresas agora sabem que precisam mitigar a incerteza tarifária, enquanto a China viu como sua retaliação comercial aparentemente deu resultados.
  • A China foi o único país entre as 180 nações e territórios atingidos pelas tarifas “recíprocas” dos EUA a retaliar.
  • Para muitas empresas que antes dependiam apenas de fornecedores chineses, o aumento repentino nas tarifas dos EUA no mês passado é apenas o motivo mais recente para expandir seus negócios.
As relações entre China e Estados Unidos mudaram profundamente.

As relações entre China e Estados Unidos mudaram profundamente.

Cido Coelho/Times Brasil | CNBC/Imagem gerada por IA

A grande história

O mundo experimentou o embargo comercial eficaz entre EUA e China e, após um avanço na segunda-feira (12) com a redução de tarifas e não há como voltar atrás. A China agora tem o “respeito mútuo” que há muito almeja dos Estados Unidos.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse a Joe Kernen, da CNBC, que “há um senso de respeito mútuo” durante as negociações, um ponto que o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, também enfatizou em seus comentários à imprensa na segunda-feira.

Isso contrasta fortemente como a primeira reunião bilateral de alto nível sob o governo Biden começou com uma troca de insultos no Alasca, seguida por um “incidente de balão” que atrasou a primeira visita do então secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à China por meses.

O que também é raro é que, na segunda-feira, os EUA e a China divulgaram uma declaração conjunta — algo que ambos os lados não faziam desde novembro de 2023, com a declaração “Sunnylands” sobre cooperação climática.

Olhando para o futuro, será crucial determinar se declarações conjuntas serão emitidas após as principais reuniões ou se retornarão a leituras separadas, disse à CNBC um consultor sênior de governos e líderes empresariais do mundo todo, que mantém diálogos regulares com altos funcionários de ambos os países. A fonte pediu anonimato devido à natureza sensível das conversas.

A fonte prevê volatilidade em torno das tarifas — um importante ponto de flexibilidade para Trump como ferramenta para administrar as relações com as grandes potências. A fonte acrescentou que uma possível resolução poderia envolver grandes compras chinesas dos EUA, investimentos nos EUA que criem empregos, enquanto Pequim obtém concessões essenciais aos seus interesses.

Novo cenário de negócios

Embora as tarifas elevadas não tenham durado muito, o trauma é real. As empresas agora sabem que precisam mitigar a incerteza tarifária.

“A estrutura comercial pós-Segunda Guerra Mundial que antes sustentava expectativas estáveis ​​desapareceu; mesmo novas reduções de tarifas não a restaurarão”, disse Jianwei Xu, economista sênior da Natixis, em uma publicação no LinkedIn na segunda-feira.

Xu acrescentou que as grandes empresas continuarão a diversificar a cadeia de suprimentos, mas as pequenas empresas podem interromper a produção — à medida que a confiança geral no dólar americano como principal moeda de reserva do mundo diminui.

Em um resultado melhor que o esperado, os EUA e a China concordaram na segunda-feira em reduzir a maioria das novas tarifas sobre os produtos um do outro por 90 dias, enquanto ambos os lados negociam políticas econômicas e comerciais.

Isso depois que a China, o segundo maior fornecedor de produtos dos EUA no ano passado, foi o único país entre as 180 nações e territórios atingidos por tarifas “recíprocas” dos EUA a retaliar.

O Índice Hang Seng de Hong Kong se recuperou para níveis vistos pouco antes da escalada das tensões comerciais no início de abril, enquanto o S&P 500 voltou a território positivo no ano.

“Pode ser apenas o começo da colisão inevitável entre as duas maiores economias”, disse Ting Lu, economista-chefe para China da Nomura, em nota na segunda-feira, acrescentando que “os EUA continuam na ofensiva, mas a China pode aprender muito melhor como se preparar para um futuro ataque”.

China avança rumo à autossuficiência

Meia hora após a divulgação da versão em chinês do acordo comercial conjunto dos EUA na segunda-feira, o Ministério do Comércio da China anunciou que vários ministérios e províncias realizaram uma reunião naquele dia para fortalecer os controles de exportação de minerais essenciais, outra área no qual a China domina a cadeia de suprimentos.

O Conselho de Estado, o principal órgão executivo da China, também publicou na segunda-feira um documento sobre segurança nacional que começava citando a Guerra do Ópio, que marcou o início de um período traumático conhecido como o “século da humilhação” na China, marcado na consciência nacional. O documento continha narrativas semelhantes, apelando à autossuficiência e destacando o papel do país como força estabilizadora em meio à incerteza global.

No entanto, a crescente ênfase da China na segurança nacional tende a ter um custo para algumas entidades estrangeiras, de acordo com associações empresariais.

“Uma suspensão de 90 dias, embora bem-vinda, ainda cria incerteza significativa para o planejamento de negócios e custos das empresas dos EUA, prejudicando sua competitividade global de longo prazo”, disse o Conselho Empresarial EUA-China em um comunicado na segunda-feira, instando a China a “acabar com práticas comerciais desleais e barreiras de entrada no mercado”.

Mas Pequim continuou a fazer críticas veladas aos EUA na terça-feira (13), em uma conferência com líderes latino-americanos e caribenhos.

O presidente chinês Xi Jinping disse que “intimidação e coerção só levam ao isolamento”, sem nomear nenhum país em particular, para uma audiência que incluía os presidentes da Colômbia, Brasil e Chile.

Embora as exportações da China para os EUA tenham caído mais de 20% em abril, dados comerciais mostram que a China aumentou suas exportações para o Sudeste Asiático, a União Europeia e a América Latina.

“Apesar do adiamento temporário da guerra tarifária, a China continua sinalizando que está buscando diversificar seus produtos agrícolas, afastando-se dos EUA”, disse Dennis Voznesenski, economista agrícola da CBA, em nota na terça-feira.

Ele alertou que a sazonalidade e o clima na América do Sul afetariam a capacidade da China de reduzir suas compras nos EUA.

Mas ele destacou relatos de que a China, em 9 de maio, assinou uma carta de intenções com exportadores da Argentina para comprar cerca de US$ 900 milhões em soja, milho e óleo vegetal, enquanto a China retomou as importações de soja de cinco empresas brasileiras.

As importações da China da Argentina cresceram 6,4% no ano passado, para US$ 7,03 bilhões, de acordo com dados oficiais acessados ​​pelo provedor de dados financeiros Wind Information.

Isenções tarifárias

Rotas comerciais estabelecidas não podem ser facilmente desfeitas da noite para o dia, e o professor da Universidade de Pequim, Justin Yifu Lin, disse a repórteres no mês passado que não esperava uma dissociação total entre os EUA e a China — em grande parte devido à dependência dos EUA de produtos chineses.

Produtos americanos destinados à China também tiveram isenções tarifárias “aplicadas de forma bastante liberal e branda”, disse Jacob Cooke, cofundador e CEO da WPIC Marketing + Technologies, à CNBC na terça-feira. A empresa auxilia marcas estrangeiras — como Vitamix e IS Clinical — a vender online na China e em outras partes da Ásia.

Ele disse que, assim como aconteceu durante o primeiro governo Trump, a maioria dos produtos enviados para a China acabou sendo isenta de tarifas, principalmente porque os produtos tinham uma grande parcela de componentes fabricados na China.

Olhando para o futuro, ele espera que as tarifas sejam reduzidas e que “o maior relacionamento comercial do mundo continue”.

Mas para muitas empresas que antes dependiam apenas de fornecedores chineses, o aumento repentino nas tarifas dos EUA no mês passado é apenas o motivo mais recente para ampliar as operações.

“Importadores mais inteligentes perceberam que, a longo prazo, estão mais seguros quando diversificados e, portanto, continuarão buscando fontes alternativas”, disse Ash Monga, fundador e CEO da Imex Sourcing Services, uma empresa de gestão da cadeia de suprimentos com sede em Guangzhou. Ele lançou um site no mês passado chamado “Tariff Help” para pequenas empresas encontrarem maneiras de diversificar seus negócios com fornecedores chineses.

— Bernice Ooi, da CNBC, contribuiu para esta reportagem

Principais escolhas na CNBC

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, participou do programa “Squawk Box” da CNBC para discutir o acordo comercial entre os EUA e a China para suspender a maioria das tarifas sobre os produtos de cada um, como o acordo surgiu, o que vem a seguir para ambos os países, o impacto nas metas do governo de trazer a manufatura de volta aos EUA e muito mais.

David Li, da Universidade de Tsinghua, disse que a trégua comercial anunciada pelos EUA e pela China sugere que os planos tarifários de Trump são “de nada” e que o comércio global para empresas chinesas evoluirá para três centros no futuro.

Tony Han, fundador e CEO da WeRide, falou sobre a estratégia de crescimento da empresa e seus históricos de segurança.

Você precisa saber

EUA e China estão em negociações. Bessent e o ministro das Finanças chinês, Lan Fo’an, encontraram-se em Washington, D.C., à margem de uma reunião internacional no final do mês passado, informou o Financial Times, citando fontes. Depois que ambos os países se encontraram na Suíça no fim de semana e chegaram a um acordo, os bancos de investimento começaram a revisar para cima suas previsões de crescimento para a China.

O setor imobiliário da China se aproxima da estabilização. É o que aponta um relatório da S&P divulgado no domingo, que prevê que o volume de vendas de imóveis residenciais primários deverá diminuir sua queda para 2% este ano, em comparação com a queda de 17% no ano passado.

A Nvidia ainda quer o mercado chinês. A fabricante americana de chips planeja lançar uma versão reduzida de seu chip de inteligência artificial H20 mais potente para a China nos próximos dois meses, após autoridades americanas imporem restrições à exportação do modelo original, informou a Reuters na sexta-feira, citando fontes.

Nos mercados

As ações chinesas e de Hong Kong subiram na quarta-feira, enquanto os investidores continuam avaliando as negociações comerciais entre EUA e China.

O CSI 300 da China continental subiu 1,15%, enquanto o Índice Hang Seng de Hong Kong — que inclui grandes empresas chinesas — subiu 1,73% às 14h, horário local.

O rendimento do título de referência do governo chinês de 10 anos está em 1,672%.

O yuan chinês offshore enfraqueceu 0,22% em relação ao dólar, para 7,2114.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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