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Como a devastada Mianmar desempenha um papel crucial no domínio da China sobre terras raras
Publicado 24/06/2025 • 09:51 | Atualizado há 11 horas
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Publicado 24/06/2025 • 09:51 | Atualizado há 11 horas
KEY POINTS
Mianmar foi responsável por cerca de 57% das importações totais de terras raras da China no ano passado.
Unsplash
Pequim vem reforçando o controle sobre as exportações de terras raras, provocando escassez global e expondo a dependência de diversas indústrias das cadeias de suprimentos chinesas. No entanto, nos últimos anos, a própria China passou a depender do fornecimento de terras raras de uma fonte inesperada: a pequena e conflituosa economia de Mianmar.
Embora seja a maior produtora mundial de terras raras, a China ainda importa matérias-primas que contêm esses metais valiosos de outros países.
Segundo Gracelin Baskaran, diretora do Programa de Segurança de Minerais Críticos no Center for Strategic and International Studies, Mianmar foi responsável por cerca de 57% das importações totais de terras raras da China no ano passado.
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Dados da alfândega chinesa mostram que as exportações de terras raras de Mianmar para a China cresceram significativamente a partir de 2018, atingindo o pico de quase 42 mil toneladas métricas em 2023.
Baskaran acrescenta que essas importações têm alto teor de elementos pesados de terras raras, geralmente mais escassos na crosta terrestre, o que aumenta seu valor e raridade.
“A produção de Mianmar fortaleceu significativamente a posição dominante da China, dando a Pequim, na prática, um monopólio sobre a cadeia global de suprimento de terras raras pesadas — e boa parte da influência que exerce hoje.”
O país se tornou uma fonte essencial de dois elementos pesados de terras raras altamente cobiçados: disprósio e térbio, fundamentais para a fabricação de tecnologias avançadas, incluindo setores de defesa, aeroespacial e energias renováveis.
“Essa dinâmica criou uma cadeia de suprimentos em que a extração se concentra em Mianmar, enquanto o processamento e a agregação de valor ocorrem majoritariamente na China”, afirmou Baskaran.
Mianmar abriga depósitos com alto teor de terras raras pesadas, explicou David Merriman, diretor de pesquisas do Project Blue, à CNBC.
Esses depósitos, conhecidos como “argilas de adsorção iônica” (IAC, na sigla em inglês), são explorados por meio de lixiviação — processo que aplica reagentes químicos à argila —, gerando elevado impacto ambiental.
Segundo Merriman, a maioria das operações com IAC no mundo ficava no sul da China entre o início e meados da década de 2010. Contudo, à medida que Pequim começou a impor novos padrões ambientais ao setor de terras raras, muitos desses projetos foram encerrados.
“O norte de Mianmar passou a ser visto como uma região-chave, com geologia semelhante à de várias áreas de depósitos IAC dentro da China”, disse Merriman.
“Começou-se a observar uma rápida expansão de novas minas do tipo IAC em Mianmar, basicamente substituindo a produção doméstica chinesa. Houve grande participação de empresas chinesas no desenvolvimento desses novos projetos.”
As terras raras extraídas por esses mineradores de IAC em Mianmar são então enviadas para a China, principalmente na forma de “óxidos de terras raras”, para processamento e refino posterior, explicou Yue Wang, consultora sênior da Wood Mackenzie.
Em 2024, um relatório da organização Global Witness, que atua na defesa ambiental e dos direitos humanos, afirmou que a China, na prática, terceirizou grande parte de sua extração de terras raras para Mianmar, “a um custo terrível para o meio ambiente e para as comunidades locais”.
Especialistas alertam que a dependência chinesa das terras raras de Mianmar também expõe o país a riscos na cadeia de suprimentos.
Segundo a Global Witness, a maior parte das terras raras pesadas originam-se do estado de Kachin, no norte de Mianmar, na fronteira com a China. Contudo, após o golpe militar violento de 2021, a junta militar tem enfrentado dificuldades para controlar a região, marcada por resistência civil e conflitos com grupos armados.
“Mianmar é uma jurisdição arriscada para se depender, dado o contexto atual de guerra civil. Em 2024, o Exército de Independência de Kachin (KIA), um grupo rebelde armado, tomou áreas responsáveis por metade da produção global de terras raras pesadas”, afirmou Baskaran, do CSIS.
Desde então, houve relatos de interrupções no fornecimento, provocando alta nos preços de alguns desses metais. Segundo reportagem da Reuters, o KIA estaria tentando usar os recursos como moeda de troca nas negociações com Pequim.
Dados da alfândega chinesa mostram que as importações de óxidos de terras raras de Mianmar caíram mais de um terço nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Se Mianmar interrompesse completamente a exportação de matérias-primas de terras raras para a China, o país enfrentaria dificuldades para atender à demanda de terras raras pesadas no curto prazo”, afirmou Merriman, do Project Blue.
Não por acaso, Pequim vem buscando diversificar suas fontes de terras raras pesadas.
Segundo Merriman, há depósitos do tipo IAC em países próximos, como Malásia e Laos, onde alguns projetos já foram iniciados com participação chinesa.
Ainda assim, ele ressalta que esses países tendem a ter padrões ambientais mais rigorosos, o que representa um desafio para os mineradores.
A decisão da China de reduzir sua própria extração de elementos pesados de terras raras pode servir de alerta para outros países quanto ao custo ambiental desses projetos. Um relatório do grupo de mídia chinês Caixin, em 2022, documentou como antigas áreas de operação com IAC no sul da China deixaram para trás água tóxica e solo contaminado, prejudicando o sustento de agricultores locais.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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