Indústria siderúrgica do Reino Unido alerta para a “maior crise” de todos os tempos com aumento de tarifas

A decisão da União Europeia de aumentar as tarifas do aço e cortar drasticamente as cotas de importação provocou preocupação generalizada no Reino Unido, bem como murmúrios de descontentamento entre as montadoras do continente. O bloco anunciou planos na terça-feira (8/10) para reduzir as cotas livres de tarifas sobre o aço importado — propondo uma redução de 47% em comparação com as cotas de aço de 2024 — e aumentar as tarifas de 25% para 50% sobre quaisquer importações excedentes.

A Comissão Europeia disse que as medidas foram uma resposta aos apelos de trabalhadores, indústria e vários estados membros “para oferecer proteção forte e permanente à indústria siderúrgica da UE, com o objetivo de salvaguardar empregos na UE e apoiar o setor em seus esforços de descarbonização”. A proposta substituirá a medida de salvaguarda do aço, que deve expirar até junho de 2026.

O aumento da tarifa provocou um clamor imediato no Reino Unido, com a indústria siderúrgica do país já sofrendo vários golpes, incluindo o fechamento de siderúrgicas levando a milhares de perdas de empregos e tarifas dos EUA de 25% sobre as exportações de aço para os Estados. “Esta é talvez a maior crise que a indústria siderúrgica do Reino Unido já enfrentou”, disse Gareth Stace, diretor geral do órgão da indústria UK Steel.  “O governo deve fazer todo o possível para alavancar nosso relacionamento comercial com a União Europeia para garantir cotas de países do Reino Unido ou potencialmente enfrentar um desastre”, acrescentou.

Emily Sawicz, diretora e analista sênior de Industriais da RSM UK, disse à CNBC que o anúncio da UE era uma “ameaça significativa” para a indústria siderúrgica do Reino Unido. “A UE é responsável por cerca de 80% das exportações de aço do Reino Unido, então essas tarifas correm o risco de cortar o acesso ao maior e mais estrategicamente importante mercado do Reino Unido em um momento em que o setor já está sob imensa pressão da concorrência global e do aumento dos custos de energia”, disse ela à “Europe Early Edition” da CNBC nessaa quarta-feira (8/10).

A medida do bloco segue tarifas semelhantes sobre o aço estrangeiro impostas pelos EUA e Canadá na tentativa de conter importações mais baratas — em grande parte da China — que, segundo eles, estão prejudicando suas indústrias siderúrgicas domésticas. O presidente dos EUA, Donald Trump, aumentou a tarifa sobre a maioria das importações de aço e alumínio de 25% para 50% este ano, enquanto o Canadá apertou os limites de importação e introduziu uma sobretaxa de 25% sobre quaisquer importações de aço que foram originalmente fundidas e vazadas na China.

Siderúrgicas europeias sobem

As ações europeias subiram nessa quarta-feira (8/10), com os investidores reagindo às tarifas propostas sobre o aço importado para a União Europeia. O pan-europeu Stoxx 600 subiu cerca de 0,5% durante as negociações da manhã, com a maioria dos setores e principais bolsas em território positivo.

O CAC 40 da França subiu 0,8% às 9:07h em Londres (4:07h – horário de Washington), apesar da turbulência política que causou caos no mercado no início da semana. O índice FTSE do Reino Unido pairou cerca de 0,4% mais alto, o FTSE MIB da Itália subiu cerca de 0,8%, e o DAX da Alemanha subiu 0,4%.

Decio Trujillo

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no