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Publicado 10/12/2024 • 08:45
KEY POINTS
Vista aérea das áreas de processamento da mina de lítio da empresa SQM (Sociedad Quimica Minera), no Deserto do Atacama.
MARTIN BERNETTI/AFP
A importância estratégica do lítio desempenha um papel central no acordo histórico entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, apontam analistas. Após 25 anos de negociações, os blocos chegaram a um acordo comercial em 6 de dezembro.
Se ratificada pelo bloco de 27 países, a parceria UE-Mercosul criará uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, abrangendo cerca de 700 milhões de pessoas e representando aproximadamente 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, afirmou que o acordo foi concebido para aumentar o comércio e os investimentos bilaterais, reduzir barreiras tarifárias e não tarifárias, criar regras mais estáveis e promover valores conjuntos, como o desenvolvimento sustentável.
Nem todos, no entanto, são favoráveis ao acordo. França e Polônia estão entre os países que expressaram oposição, alertando que ele pode criar concorrência desleal para a agricultura europeia.
Analistas do banco holandês ING destacaram que a relevância de matérias-primas críticas, como o lítio, parecia receber menos atenção na cobertura do acordo, apesar de sua importância para o futuro econômico da Europa.
“Isso é surpreendente, considerando que: a) a UE depende muito da China para matérias-primas críticas, b) países como Argentina, Bolívia e Brasil possuem grandes reservas desses materiais, e c) a demanda europeia por essas matérias-primas deve aumentar significativamente”, disseram os analistas do ING em relatório divulgado na sexta-feira (6).
“Pode ser difícil quantificar o valor econômico exato de ter melhor acesso a esses materiais por meio de laços mais estreitos com o Mercosul, mas acreditamos que esse elemento específico teve grande peso estratégico para a UE ao fechar o acordo – especialmente porque diversificar fontes e garantir o fornecimento é uma prioridade atualmente”, acrescentaram.
O lítio, por vezes chamado de “ouro branco” devido à sua cor clara e alto valor de mercado, é considerado essencial para a transição energética, sendo amplamente utilizado em veículos elétricos, celulares e baterias recarregáveis para laptops.
A América Latina é responsável por cerca de 35% do fornecimento global de lítio, segundo a Agência Internacional de Energia, com destaque para Chile (26%) e Argentina (6%).
A região detém mais da metade das reservas globais de lítio, concentradas principalmente na Argentina (21%) e no Chile (11%).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu o acordo como um “ganha-ganha” que pode economizar às empresas europeias 4 bilhões de euros (cerca de R$ 25 bilhões) em tarifas de exportação por ano.
Já Kaja Kallas, chefe de política externa da UE, destacou a importância do acesso a matérias-primas críticas em sua declaração sobre o acordo.
“Para os europeus, isso abre uma vasta região para o comércio livre, incluindo o acesso a matérias-primas críticas, e diminui o risco de concorrentes nos substituírem em nossa ausência”, afirmou Kallas.
Para Federico Steinberg, pesquisador visitante do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), três fatores viabilizaram o acordo após 25 anos de negociações travadas: “o aumento do protecionismo – “exemplificado pela reeleição de Donald Trump” –, o fato de os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Javier Milei, serem defensores do pacto e “importantes considerações estratégicas do lado da UE”, como as preocupações com a rápida expansão do comércio e investimento chinês na América Latina.
Segundo os termos do acordo, Steinberg afirmou que empresas europeias provavelmente terão melhor acesso a mercados de compras públicas, setores de serviços de alto valor e matérias-primas críticas, como o lítio.
“Em troca, a União Europeia reduzirá tarifas sobre produtos agrícolas e outros bens e contribuirá com 1,8 bilhão de euros por meio da iniciativa Global Gateway para apoiar a transição verde e digital do Mercosul”, afirmou Steinberg.
Embora alguns na Europa ainda estejam insatisfeitos com os termos propostos, o acordo foi bem recebido pela Federação das Indústrias Alemãs (BDI), entidade que representa setores industriais e emprega cerca de 8 milhões de trabalhadores.
“O acordo comercial UE-Mercosul apresenta uma enorme oportunidade de diversificar o acesso a matérias-primas críticas, como lítio e cobre, essenciais para indústrias-chave como a eletromobilidade e energia renovável”, disse a BDI em declaração.
“Em tempos de crescente fragmentação do comércio global, esse acordo envia uma mensagem clara e estratégica em apoio ao comércio livre e baseado em regras”, acrescentaram.
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