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Nobel de Literatura vai para o húngaro László Krasznahorkai, ‘mestre do apocalipse literário’

Publicado 09/10/2025 • 11:59 | Atualizado há 5 horas

KEY POINTS

  • László Krasznahorkai recebe o Prêmio Nobel de Literatura por sua obra “convincente e visionária”.
  • Escritor é considerado o herdeiro moderno de Kafka e Thomas Bernhard, com narrativas que misturam o apocalipse e a beleza.
  • Suas obras exploram o absurdo, a arte e a fragilidade humana diante do colapso social.

O Prêmio Nobel de Literatura de 2025 foi concedido ao escritor húngaro László Krasznahorkai, “por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.

A Academia Sueca definiu Krasznahorkai como um grande autor épico da tradição centro-europeia, herdeiro de Franz Kafka e Thomas Bernhard, capaz de unir o grotesco, o absurdo e o sublime em uma prosa hipnótica, repleta de frases longas e rítmicas que mergulham o leitor em um mundo à beira do colapso.

Chamado pela crítica americana Susan Sontag de “mestre do apocalipse”, Krasznahorkai é reconhecido por retratar o caos moral e espiritual da modernidade — sempre equilibrando o desespero com uma fé persistente na arte e na beleza.

Das fazendas abandonadas ao terror coletivo

Nascido em 1954, na cidade de Gyula, no sudeste da Hungria, perto da fronteira com a Romênia, Krasznahorkai estreou em 1985 com o romance Sátántangó, ambientado em uma fazenda coletiva em ruínas nos últimos anos do regime comunista.

A obra, considerada um marco da literatura húngara contemporânea, retrata um grupo de moradores miseráveis que aguarda a volta de Irimiás, um suposto messias que promete salvação — mas traz consigo manipulação e desespero. O livro foi adaptado para o cinema em 1994 pelo cineasta Béla Tarr, em uma das produções mais emblemáticas do cinema de arte europeu.

Seu segundo romance, A Melancolia da Resistência (1989), ampliou o escopo apocalíptico: um circo itinerante chega a uma pequena cidade húngara trazendo o cadáver de uma baleia gigante, e a presença da criatura desencadeia um colapso moral e político. A crítica leu o livro como uma parábola sobre a ascensão do autoritarismo e o colapso da razão.

Um épico da condição humana

A partir de Guerra e Guerra (1999), Krasznahorkai levou sua escrita para além da Hungria. O protagonista, um arquivista em busca de sentido, viaja de Budapeste a Nova York para divulgar um manuscrito épico — uma metáfora sobre a tentativa desesperada de preservar a arte em meio à decadência da civilização.

Com esse livro, o autor consolidou seu estilo característico: frases longas e quase sem pontuação, criando um fluxo contínuo de pensamento que mistura prosa poética, filosofia e desespero existencial.

Em O Retorno do Barão Wenckheim (2016), vencedor do National Book Award de tradução em 2019, o autor brinca com a tradição de Dostoiévski e Cervantes, narrando o retorno de um barão decadente à sua terra natal em busca de redenção — apenas para encontrar a corrupção e o caos.

Mais recentemente, em Herscht 07769 (2021), Krasznahorkai voltou à Europa contemporânea para retratar uma pequena cidade alemã tomada pela anarquia e pela violência, tendo a herança de Johann Sebastian Bach como pano de fundo moral e estético.

Oriente

Embora sua reputação tenha sido construída sobre a visão apocalíptica do Ocidente, Krasznahorkai também se voltou ao Oriente, especialmente China e Japão, em busca de silêncio, contemplação e transcendência.

Em Uma Montanha ao Norte, um Lago ao Sul (2003) e Seiobo Lá Embaixo (2008), o autor se aproxima do pensamento zen, explorando o papel da beleza e da criação artística.

Neste último, composto por 17 contos organizados em sequência de Fibonacci, ele reflete sobre a arte como um gesto espiritual em meio à impermanência.

A cena inicial — uma garça branca imóvel no rio Kamo, em Kyoto — tornou-se um símbolo de sua literatura: a arte como um instante de pureza diante da indiferença do mundo.

Arte em meio ao caos

Ao longo de quatro décadas, Krasznahorkai construiu uma obra densa, de beleza vertiginosa, que alterna desespero e transcendência. Seus personagens vivem à margem, à espera de um milagre que nunca chega — e, ainda assim, encontram no gesto artístico uma forma de resistência.

“Em meio ao terror apocalíptico”, destacou a Academia, “Krasznahorkai reafirma o poder da arte como último refúgio da humanidade.”

Com o prêmio, o autor húngaro se junta ao panteão de escritores que transformaram o colapso em poesia — provando que, mesmo diante do fim, a literatura ainda é capaz de criar sentido.

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