Reino Unido quer criar rival para OpenAI e se tornar líder em inteligência artificial

O Reino Unido está planejando criar um concorrente local para a OpenAI e aumentar drasticamente sua infraestrutura de computação nacional, enquanto o governo do Primeiro-Ministro Keir Starmer mira em se tornar um líder global em inteligência artificial.

Starmer deve visitar Bristol, na Inglaterra, na segunda-feira (13), para anunciar o compromisso, que segue o trabalho realizado pelo investidor britânico em tecnologia, Matt Clifford, para estabelecer um “Plano de Ação para Oportunidades em IA”. O plano visa ajudar o Reino Unido a aproveitar o potencial da inteligência artificial.

Expansão da infraestrutura de computação

O governo busca principalmente expandir a capacidade de centros de dados em todo o Reino Unido para apoiar os desenvolvedores de modelos de IA poderosos, que dependem de equipamentos de computação de alta performance hospedados em locais remotos para treinar e executar seus sistemas.

Foi estabelecida a meta de aumentar a capacidade de computação “soberana”, ou do setor público, no Reino Unido em vinte vezes até 2030. Como parte desse compromisso, o governo começará a abrir o acesso ao AI Research Resource, uma iniciativa que visa fortalecer a infraestrutura de computação do Reino Unido.

No ano passado, a administração de Starmer cancelou £1,3 bilhão de compromissos de gastos financiados pelos contribuintes em dois projetos significativos de computação para priorizar outros planos fiscais. Os projetos, um AI Research Resource e um supercomputador “exascale” de próxima geração, foram compromissos feitos sob o governo anterior de Rishi Sunak.

A importância da IA soberana

A IA soberana se tornou um tema quente para os formuladores de políticas, especialmente na Europa. O termo refere-se à ideia de que tecnologias críticas para o crescimento econômico e a segurança nacional devem ser construídas e desenvolvidas nos países onde estão sendo adotadas.

Para fortalecer ainda mais a infraestrutura de computação da Grã-Bretanha, o governo também se comprometeu a criar várias “zonas de crescimento” de IA, onde as regras de permissão de planejamento serão relaxadas em certos locais para permitir a criação de novos centros de dados.

Enquanto isso, um “Conselho de Energia para IA” formado por líderes da indústria de energia e IA será criado para explorar o papel de fontes de energia renováveis e de baixo carbono, como a nuclear.

Isso ocorre enquanto gigantes da tecnologia como Amazon, Microsoft e Google estão investindo centenas de milhões de dólares em pequenos reatores modulares (SMR) para fornecer energia nuclear para os centros de dados que alimentam seus sistemas de IA.

Construindo um concorrente para a OpenAI

A última grande iniciativa proposta pelo governo do Reino Unido foi criar “campeões” de IA locais de escala semelhante aos gigantes americanos da tecnologia responsáveis pelos modelos de IA fundamentais que impulsionam as ferramentas de IA generativa de hoje, como o ChatGPT da OpenAI.

A Grã-Bretanha planeja usar as zonas de crescimento de IA e uma recém-estabelecida Biblioteca Nacional de Dados para conectar instituições públicas — como universidades — para melhorar a capacidade do país de criar modelos de IA “soberanos” que não sejam dependentes do Vale do Silício.

Desafios e apoio à inovação

Vale destacar que o Reino Unido enfrenta sérios desafios em sua tentativa de criar uma alternativa eficaz à OpenAI. Por um lado, vários empreendedores no país lamentaram os desafios de financiamento que dificultam para startups no país levantar o tipo de capital disponível para histórias de sucesso em IA.

Muitos fundadores e capitalistas de risco do Reino Unido têm solicitado que os fundos de pensão do país destinem uma parte maior de seus portfólios para startups mais arriscadas e focadas no crescimento — uma reforma que o governo já havia se comprometido a promover anteriormente.

“No Reino Unido, há $7 trilhões nesse bolso,” Magnus Grimeland, CEO e fundador da firma de capital de risco Antler, disse em uma entrevista à CNBC no ano passado. “Imagine se você pegar apenas 5% disso e alocar para inovação — você resolve o problema.”

Líderes de tecnologia do Reino Unido, no entanto, geralmente elogiaram o plano de ação de IA do governo. Zahra Bahrololoumi, chefe da Salesforce no Reino Unido, disse à CNBC que o plano é uma “estratégia visionária”, acrescentando que está encorajada pela “visão ousada do governo para a IA e ênfase na transparência, segurança e colaboração.”

Chintan Patel, diretor de tecnologia da Cisco no Reino Unido, afirmou estar “encorajado” pelo plano de ação. “Ter um roteiro claramente definido é crucial para que o Reino Unido alcance sua ambição de se tornar uma superpotência em IA e um destino líder para investimentos em IA,” ele disse.

Regulamentação da inteligência artificial

O Reino Unido ainda não possui regulamentações formais para IA. O governo de Starmer já afirmou que planeja elaborar legislação para IA — mas os detalhes ainda são escassos.

No mês passado, o governo anunciou uma consulta sobre medidas para regular o uso de conteúdo protegido por direitos autorais para treinar modelos de IA.

De forma mais geral, o Reino Unido está propondo um regime regulatório diferenciado do da UE após o Brexit como um fator positivo — ou seja, pode introduzir supervisão regulatória para IA, mas de uma forma menos rígida do que a UE, que adotou uma abordagem mais rígida para regular a tecnologia com seu AI Act.

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