CNBC
Imagem do prédio do Congresso dos EUA.

CNBCRestrições do Congresso dos EUA ao cânhamo ameaçam indústria de US$ 28 bilhões e levam empresas à ofensiva

Mundo

Restrições do Congresso dos EUA ao cânhamo ameaçam indústria de US$ 28 bilhões e levam empresas à ofensiva

Publicado 13/11/2025 • 18:05 | Atualizado há 2 horas

KEY POINTS

  • O projeto de financiamento aprovado pelo Congresso estabelece um novo limite de THC que, na prática, inviabiliza a maioria dos produtos de cânhamo, colocando em risco um mercado de US$ 28 bilhões.
  • Mais de 300 mil empregos podem ser impactados, sobretudo em estados com forte produção de cânhamo, como Kentucky, Texas e Utah.
  • Executivos alertam que, sem regulamentação federal dentro de um ano, a proibição pode estimular o mercado ilegal, já que a demanda por THC derivado do cânhamo segue elevada.
Imagem do prédio do Congresso dos EUA.

Imagem do prédio do Congresso dos EUA.

Pexels

A indústria do cânhamo se prepara para cortes, redução de produção e perdas bilionárias após o Congresso dos Estados Unidos aprovar, na noite de quarta-feira (12), um projeto de financiamento do governo que inclui uma cláusula surpresa proibindo a maior parte dos produtos de consumo derivados da planta.

Legalizado pela Lei Agrícola de 2018 para usos industriais — como fibras, têxteis e sementes — o cânhamo acabou permitindo, devido à redação ampla da norma, a extração de canabinoides psicoativos a partir da planta regulada no nível federal. Empresas aproveitaram essa brecha para lançar gomas, bebidas e vaporizadores capazes de produzir efeitos semelhantes aos da maconha.

A nova regra proíbe produtos que contenham mais de 0,4 miligrama de THC por embalagem, mudança que, segundo executivos, eliminará 95% do varejo de cânhamo, hoje estimado em US$ 28 bilhões. Para comparação, uma única goma costuma ter entre 2,5 e 10 miligramas de THC, segundo o Journal of Cannabis Research.

“Desta vez, perdemos a batalha. Na prática, trata-se de uma proibição total e completa de produtos de cânhamo nos Estados Unidos”, afirmou Jonathan Miller, conselheiro-geral da US Hemp Roundtable.

O novo limite substitui o critério da Lei Agrícola de 2018, que se baseava na concentração de THC — permitia até 0,3% em peso — em vez da quantidade total por embalagem. Miller afirma que o setor tem um ano para tentar reverter a medida e evitar perdas ainda maiores.

Leia mais:
Cânhamo industrial pode impulsionar economia e combater mudanças climáticas, diz presidente do Humanitas 360
Instituto Humanitas360 leva instalação brasileira feita de cânhamo à Bienal de Arquitetura de Veneza

Segundo a consultoria Whitney Economics, mais de 300 mil empregos ligados ao cânhamo — entre agricultores, extratores, fabricantes, empresas de logística e varejistas — podem ser afetados. A mudança também pode atingir contratos, financiamentos e áreas de produção, já que muitos agricultores ampliaram o cultivo após 2018.

Estados com grande infraestrutura de cânhamo, como Kentucky, Texas e Utah, podem sofrer impactos profundos, diz Michael Gorenstein, CEO da Cronos Group. “Há muitos pequenos varejistas, pequenas empresas e agricultores que dependem das vendas de cânhamo para sobreviver”, afirmou à CNBC.

A medida representa um retrocesso em relação a 2018, quando o senador Mitch McConnell (R-Kentucky) liderou a legalização do cânhamo como estratégia para fortalecer o agronegócio de seu estado. Mas a falta de regulamentação federal abriu espaço para um mercado fragmentado, com problemas de segurança e produtos de alta potência, segundo autoridades e especialistas.

McConnell defende que a nova restrição “restaura a intenção original” da lei e considera o fechamento da brecha essencial antes de sua aposentadoria em 2026. “Essa era a lei emblemática dele, a lei do cânhamo, e ele queria corrigi-la”, disse Boris Jordan, CEO da Curaleaf.

Mas há divergências dentro do próprio Partido Republicano. O senador Rand Paul (R-Kentucky) criticou duramente a medida, chamando-a de exagerada e “destrutiva para agricultores e empregos”, afirmando que “todas as sementes de cânhamo do país terão que ser destruídas”. “Esta é a proposta mais impensada e ignorante que já vi para um setor em muito, muito tempo”, afirmou.

Embora líderes do setor concordem que o mercado legal sofrerá forte retração, eles alertam que a demanda do consumidor por THC não vai diminuir. Com o crescimento do uso de produtos à base de cannabis e a redução do consumo de álcool entre alguns grupos, executivos estimam que a proibição pode gerar bilhões em vendas no mercado ilegal — sem testes, controle de idade ou recolhimento de impostos.

“O que essa proibição vai fazer é empurrar pequenos produtores para o mercado clandestino”, disse Jordan. “O investimento já foi feito, e a demanda continua. Eles não vão desaparecer.”

Esse movimento pode dificultar o rastreamento das cadeias de suprimentos, segundo Gorenstein. “Os maus atores prosperam quando as coisas saem da economia formal”, afirmou.

Além de impactos econômicos, a proibição pode reduzir receitas estaduais geradas por impostos sobre produtos de cânhamo — recursos que financiam serviços de saúde pública, tratamento de dependência e programas municipais.

Para o setor, a única solução de longo prazo é a criação de regulamentação federal. Líderes defendem que a FDA supervisione a segurança dos produtos, enquanto o Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau (TTB) ficaria responsável pela tributação e distribuição. Muitos comparam o momento atual ao início do boom dos cigarros eletrônicos, quando produtos saborizados cresceram rapidamente antes de uma intervenção regulatória mais firme.

“Muitas pessoas têm se aproveitado da falta de regras, colocando o consumidor em risco”, disse George Archos, CEO da Verano Holdings. “Queremos regulamentação rígida e segurança do consumidor em todos os produtos.”

O setor já organiza uma ofensiva de lobby para substituir a proibição por normas de testes, rotulagem e restrição de idade. “Temos membros do Congresso apresentando projetos de regulamentação. Estamos apoiando essas iniciativas e mobilizando a base”, disse Miller.

Ao mesmo tempo, o governo Trump analisa a possibilidade de reclassificar a maconha de droga de Classe I para Classe III — medida que não legalizaria o uso recreativo, mas facilitaria a comercialização. “Grandes mudanças são esperadas no próximo ano, e elas podem definir o futuro dos investimentos e da indústria”, disse Gorenstein.

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:


🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

MAIS EM Mundo

;