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Rússia lança míssil hipersônico contra Ucrânia e aumenta tensões; mercados reagem

Publicado 21/11/2024 • 17:19 | Atualizado há 5 horas

AFP

KEY POINTS

  • Nesta quinta-feira (21), a Rússia lançou um míssil contra a Ucrânia, em um movimento interpretado como "uma demonstração de suas capacidades"
  • Em um discurso à nação, o presidente russo Vladimir Putin confirmou o uso de um novo míssil balístico "hipersônico" de médio alcance.
  • ONU classificou o uso de um novo míssil balístico de médio alcance pela Rússia na Ucrânia foi classificado como "preocupante".
O presidente russo Vladimir Putin confirmou o uso de um novo míssil balístico "hipersônico" de médio alcance.

O presidente russo Vladimir Putin confirmou o uso de um novo míssil balístico "hipersônico" de médio alcance.

Foto: Vyacheslav PROKOFYEV / POOL / AFP

A Rússia lançou um míssil hipersônico contra a Ucrânia nesta quinta-feira (21), em um movimento interpretado como “uma demonstração de suas capacidades”, segundo autoridades de governos ocidentais, que contestaram as alegações ucranianas de uma ação mais ampla por parte de Moscou.

A Ucrânia afirmou que a Rússia disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) projetado para transportar ogivas nucleares. No entanto, os aliados europeus da Ucrânia não confirmaram essa afirmação inicial, que indicava o uso desse armamento.

As bolsas chegaram a ser impactadas pela notícia. Matt Britzman, analista da Hargreaves Lansdown, afirmou que os preços de petróleo subiram por causa da tensão com as notícias geopolíticas. “O medo também fez com que a cotação do ouro subisse –os investidores buscam segurança enquanto o conflito Rússia-Ucrânia escala”.

Confusão sobre o tipo de míssil utilizado

Sob anonimato, um oficial dos EUA afirmou que o ataque russo não envolveu um ICBM, mas, sim, um míssil balístico de médio alcance “experimental”. Em um discurso à nação, o presidente russo Vladimir Putin confirmou o uso de um novo míssil balístico “hipersônico” de médio alcance, não nuclear, chamado “Oreshnik” no ataque a Dnipro, na Ucrânia.

Analistas e o governo dos EUA negaram as alegações iniciais sobre o lançamento de um ICBM nuclear em direção a Dnipro. O uso desse míssil em uma distância tão curta seria um desperdício significativo de recursos. “Minha opinião é que devemos ser céticos e cautelosos”, escreveu Pavel Podvig, especialista em armamentos e diretor do Projeto de Forças Nucleares Russas.

Reações internacionais e implicações estratégicas

O oficial dos EUA, sem especificar o míssil ou suas características técnicas, afirmou que a Rússia “provavelmente possui apenas alguns desses mísseis experimentais”. “A Ucrânia resistiu a inúmeros ataques da Rússia, incluindo mísseis com ogivas significativamente maiores do que esta arma”, acrescentou.

Em Londres, um porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer informou que o ataque russo foi realizado com um “míssil balístico” com “alcance de vários milhares de quilômetros”, sendo a primeira vez que Moscou usou tal arma na guerra.

Aumento das tensões entre Rússia e Ocidente

As tensões entre Moscou e os aliados ocidentais aumentaram desde que as forças ucranianas atacaram o território russo com armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente, após receberem autorização de Washington.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu o aval para que a Ucrânia disparasse mísseis em território russo pela primeira vez e em breve fornecerá minas terrestres para reforçar as defesas ucranianas contra as forças russas.

Biden está intensificando o apoio à Ucrânia nos últimos dois meses de sua administração, antes que Donald Trump, que prometeu encerrar rapidamente a guerra, assuma o poder em janeiro. “Os Estados Unidos continuarão a aumentar a assistência de segurança à Ucrânia para fortalecer suas capacidades, incluindo defesa aérea, e colocar a Ucrânia na melhor posição possível no campo de batalha”, disse o oficial.

Impacto do ataque e percepção internacional

O porta-voz do governo do Reino Unido afirmou: “É mais um exemplo do comportamento imprudente da Rússia, que só serve para fortalecer nossa determinação em apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário”.

Apesar da confusão inicial sobre a natureza do míssil disparado, é evidente que o ataque a Dnipro foi incomum. “Estamos realmente diante de algo sem precedentes, e é muito mais um ato político do que militar. A relação custo-benefício do ataque é zero”, afirmou Heloise Fayet, pesquisadora do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).

Ela destacou que “esta mudança de escala é significativa”, acrescentando que foi “a primeira vez que os russos usaram no campo de batalha um míssil com alcance superior a dois mil quilômetros”. No entanto, o uso desse míssil “não mudará significativamente a situação no nível operacional. Eles obviamente têm muito poucos e são caros”.

Autoridades locais informaram que uma instalação foi atingida em Dnipro e dois civis ficaram feridos.

“A Rússia pode estar buscando usar essa capacidade para tentar intimidar a Ucrânia e seus apoiadores, mas isso não será um divisor de águas neste conflito”, disse um oficial dos Estados Unidos.

ONU classifica uso de míssil russo na Ucrânia como ‘preocupante’

O uso de um novo míssil balístico de médio alcance pela Rússia na Ucrânia foi classificado como “preocupante” pelo porta-voz do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nesta quinta-feira (21).

Stephane Dujarric destacou que essa ação representa mais um passo na direção errada e apelou para que todas as partes envolvidas no conflito reduzam as tensões.

Ele reiterou o pedido de Guterres pelo fim da guerra, em conformidade com o direito internacional, e pediu para ambos os lados que evitem atingir alvos civis ou infraestruturas críticas.

Casa Branca sobre ataque russo: “irresponsável”

Nesta quinta-feira (21), a Casa Branca acusou a Rússia de “escalar a cada passo” o conflito na Ucrânia e afirmou que os Estados Unidos não enxergam motivos para mudar sua doutrina nuclear para responder a Moscou.

“A escalada a cada passo vem da Rússia”, disse Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca. A funcionária americana acusou Moscou de usar uma retórica “irresponsável”, mas disse que Washington não vê “nenhum motivo” para alterar sua “doutrina ou postura nuclear em reposta às declarações de Moscou”.

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