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Sem pão, sem combustível, sem dólares: como a Bolívia foi do auge à crise
Publicado 11/08/2025 • 17:54 | Atualizado há 2 horas
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Publicado 11/08/2025 • 17:54 | Atualizado há 2 horas
KEY POINTS
Bandeira da Bolívia/ Pixabay
Bandeira da Bolívia/ Pixabay
O pãozinho virou símbolo de uma grave crise econômica na Bolívia, que promete definir o rumo das eleições mais importantes dos últimos vinte anos.
A marraqueta, subsidiada pelo governo, é um pão tradicional da Bolívia e muito presente nas refeições cotidianas dos bolivianos. Mas até o simples “pão de batalha”, como é chamado por lá, está difícil de achar hoje em dia em La Paz, já que o governo ficou sem dólares para importar itens básicos, como combustível e trigo.
Ligia Maldonado, de 70 anos, percorreu mais de uma dúzia de barracas de rua em busca do que chama de “pão dos pobres”, mas voltou para casa de mãos vazias. “Esse governo não dá nenhuma esperança”, desabafou ela, visivelmente abatida.
No domingo (17), os bolivianos irão às urnas para o primeiro turno das eleições presidenciais e parlamentares, num pleito que pode fazer o país, que votou consistentemente na esquerda por quase uma geração, virar para a direita.
As pesquisas apontam que os eleitores estão prontos para dar o troco ao partido governista MAS, no poder há 19 anos, por políticas socialistas que, assim como na Venezuela, tiraram milhões da pobreza nos anos 2000, mas agora são apontadas como responsáveis por levar o país ao fundo do poço.
Carlos Tavera, ativista socialista de 70 anos, diz que votaria no candidato de oposição melhor colocado, mesmo que fosse alguém da direita. “Qualquer um é melhor do que isso aí”, afirmou.
Muitos bolivianos vivem uma verdadeira maratona diária para encontrar produtos subsidiados a preços acessíveis. As filas nos postos de gasolina de La Paz chegam a quase um quilômetro de extensão em alguns momentos.
“Hoje de manhã vim às 6h, depois às 11h. Só agora consegui abastecer”, contou Manuel Osinaga, taxista, à AFP em um posto de combustível da capital.
O trigo, que serve para fazer farinha de pão, também está cada vez mais difícil de encontrar, assim como óleo de cozinha, arroz e até remédios. Wilson Paz, autônomo de 39 anos, disse que foi obrigado a comprar pão mais caro, sem subsídio, para sustentar sua família de sete pessoas.
“A gente não vê a hora dessa eleição chegar para mudar esse modelo (econômico) que só empobreceu a gente”, afirmou, sem dizer em quem vai votar.
Na época áurea do ex-presidente Evo Morales, nos anos 2010, a situação era bem diferente. A Bolívia, dona da segunda maior reserva de gás natural da América Latina, era vista como uma das economias mais promissoras da região, impulsionada pelo boom das commodities.
Mas anos de queda na produção de gás, por falta de investimento na exploração de energia, fizeram o país sair do topo direto para o buraco. No ano passado, as exportações de gás renderam apenas US$ 1,6 bilhão, bem abaixo do pico de US$ 6,1 bilhões registrado em 2013.
O dólar dobrou de valor frente ao boliviano em menos de um ano, o que está alimentando uma inflação anual de 24,8%, a maior desde pelo menos 2008. A falta de itens básicos levou os bolivianos a saírem repetidas vezes às ruas ao longo do último ano, protestando contra a condução da crise pelo presidente Luis Arce, que está de saída.
Napoleón Pacheco, professor de economia da Universidade Mayor de San Andrés, afirma que o colapso econômico apagou as conquistas sociais da era MAS. “O pouco que tinha sido conquistado nos anos anteriores foi perdido, porque a economia encolheu”, disse ele à AFP.
A taxa oficial de pobreza está entre 36% e 37%, mas, segundo a Fundação Jubileo, um centro de estudos boliviano, se a inflação em alta fosse levada em conta, 44% dos bolivianos seriam considerados pobres.
O governo tentou segurar a economia imprimindo dinheiro — política que os dois favoritos na disputa, o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina e o ex-presidente de direita Jorge Quiroga, prometeram acabar se eleitos.
Doria Medina e Quiroga também prometeram fechar estatais deficitárias, e tanto eles quanto o principal nome da esquerda, Andronico Rodriguez, afirmam que vão cortar subsídios aos combustíveis, entre outras medidas de ajuste.
“Acredito que vem aí um período, parafraseando Churchill, de sangue, suor e lágrimas. Temos que nos preparar”, disse Pacheco.
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