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Cenário mais provável de reunião entre Lula e Trump é anúncio de mesas técnicas; escalada militar na América Latina pode ser tema sensível
Publicado 25/10/2025 • 22:09 | Atualizado há 39 minutos
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Publicado 25/10/2025 • 22:09 | Atualizado há 39 minutos
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O professor Alexandre Pires, que leciona Relações Internacionais e Economia no IBMEC de São Paulo, avaliou, em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, que, caso o encontro entre Lula e Donald Trump se concretize, deve ocorrer em um tom mais amistoso do que propriamente como uma reunião bilateral formal.
Segundo Pires, ainda não há um mecanismo de negociação estruturado entre as duas diplomacias. “Os técnicos começaram algumas conversações, mas não estabeleceram o que chamamos de mecanismo bilateral. Então, não há nada a ser assinado”, afirmou.
Ele lembrou que o cenário é diferente do de outros encontros, como o que envolverá Trump e Xi Jinping no fim do mês, em Seul. “No caso dos EUA e da China, há equipes técnicas se reunindo há dias para costurar os termos. Entre Brasil e Estados Unidos, isso ainda não aconteceu”, explicou.
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Pires ressaltou que uma surpresa positiva seria algum gesto concreto em relação às tarifas de 40% impostas em julho, mas que “isso não se improvisa”. “Talvez houvesse um milagre e o tarifaço fosse suspenso, mas isso não vai ocorrer sem etapas técnicas e diplomáticas”, ponderou.
O professor também questionou se as duas diplomacias efetivamente se reunirão na Malásia. “Minha dúvida é se Mauro Vieira e Marco Rubio, com suas equipes, vão se sentar para costurar um termo de compromisso real. Hoje o que existe é a pauta americana, enviada por Trump em julho, com os pontos que ele gostaria que o Brasil resolvesse. A pauta brasileira ainda está em construção”, destacou.
Sobre o envio de tropas americanas ao Caribe e a preocupação brasileira com uma possível escalada militar próxima à América do Sul, Pires foi cauteloso. “Se o presidente Lula tocar nesse tema, a conversa deve encurtar. É uma decisão calculada e difícil de reverter, e os EUA não costumam reconsiderar posições militares por pressão de parceiros menores.”
Para ele, o Brasil entra fragilizado nessa negociação. “Quanto mais cresce a pauta brasileira, mais difícil fica chegar a algo concreto. O Brasil não tem o pragmatismo necessário neste momento”, afirmou.
Ainda assim, o professor reconhece o papel político de Lula. “O presidente sempre fala a dois públicos — o externo, tentando se colocar como mediador internacional, e o interno, voltado à opinião pública. O risco é que o encontro seja curto e simbólico, frustrando expectativas”, concluiu.
O professor João Alfredo Nyegray, coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC do Paraná, compartilha uma leitura parecida: o encontro pode render gestos políticos, mas poucos avanços técnicos imediatos.
“Vejo que, do lado brasileiro, há o objetivo claríssimo de remover a contaminação política — entendida como sanções sobre autoridades brasileiras — e abrir a via técnica para reduzir tarifas. Do lado dos Estados Unidos, Donald Trump quer um resultado comunicável à sua base, mostrar que trouxe ganhos para pecuaristas e indústria, sem parecer que recuou”, afirmou.
Segundo Nyegray, o cenário mais provável é o anúncio político de entendimentos preliminares para redução de tarifas setoriais, condicionados a mesas técnicas nas próximas semanas. Os setores em foco seriam etanol, autopeças, máquinas e produtos têxteis, além de minerais críticos e semicondutores.
“O Brasil tem cerca de um quarto de todas as reservas de terras raras do planeta, o que mostra o quão estratégico somos para os Estados Unidos neste momento”, lembrou.
Em relação à crise na Venezuela, Nyegray também é cético. “Trump encara a política externa como uma extensão de suas negociações empresariais, buscando resultados concretos e mensuráveis. Ele usa as reuniões como palco político, e dificilmente ouvirá apelos de Lula por desescalada militar.”
Para o especialista, Lula busca se colocar como mediador regional, mas seu discurso recente sobre a América Latina pode soar contraditório aos ouvidos de Washington. “Quando o presidente fala em soberania brasileira e critica sanções dos EUA à Venezuela, isso é lido muito mais como resistência do que como neutralidade. Para Trump, esse tipo de postura pode ser interpretado como antagonismo”, concluiu Nyegray.
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