CNBC Governo Trump aceita formalmente jato de presente do Catar

Tarifas do Trump

Especialistas veem oportunidades na guerra comercial… Se Brasil cuidar do ambiente de negócios

Publicado 21/05/2025 • 11:53 | Atualizado há 16 horas

Agência DC News

KEY POINTS

  • A guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciada dia 2 de abril, está agora em um período de hiato – desde 12 de maio as taxações mútuas entre Washington e Pequim foram reduzidas pelo prazo de 90 dias para entre 10% e 30%.
  • Para o Brasil, o pacotaço ficou em 10%. A avaliação é de que a China tende a estreitar espaços com o país.
  • Quatro especialistas concordaram em uma coisa: há oportunidades para o Brasil na nova configuração do comércio global, mas somente perante uma melhora do ambiente de negócios e da economia.

Guerra Tarifária pode ser oportunidade para negócios e economia brasileira.

Unsplash

A guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciada dia 2 de abril, está agora em um período de hiato — desde 12 de maio as taxações mútuas entre Washington e Pequim foram reduzidas pelo prazo de 90 dias e saíram dos três dígitos (entre 125% e 145%) para dois dígitos (entre 10% e 30%).

Para o Brasil, o pacotaço ficou em 10%. A avaliação é de que a China tende a estreitar espaços com o país. Na última semana, o presidente Lula esteve no país asiático, nosso maior parceiro comercial, e afirmou que a relação segue “muito estratégica”.

Para mapear os riscos e oportunidades, a Agência DC NEWS conversou com cinco especialistas. Quatro deles concordaram em uma coisa: há oportunidades para o Brasil na nova configuração do comércio global, mas somente perante uma melhora do ambiente de negócios e da economia.

Leia mais

Acompanhe a cobertura em tempo real da Guerra Comercial

“A indústria brasileira está se recuperando”, diz Alckmin sobre crescimento e desafios para 2025

Tarifas impedem exportações da CSN, diz Steinbruch, que cobra medidas: ‘O Brasil está atrasado’

No campo dos benefícios, Claudio Felisoni, economista, professor da FIA Business School e presidente do Ibevar, afirma que o tarifaço vai fazer uma reconfiguração global que pode representar uma janela estratégica para o Brasil.

“Empresas [globais] poderiam aproveitar este momento de realinhamento comercial para expandir suas operações, especialmente na América Latina”, afirmou. Segundo ele, a política protecionista americana pode estimular também as empresas dos EUA, inclusive varejistas, a buscarem bases em países alternativos, e o Brasil surgiria como possibilidade.

Também no campo do investimento, o professor diz que pode haver um efeito inclusive de apoio ao desenvolvimento brasileiro com capital estrangeiro. “Investimentos em portos e aeroportos, ampliando as capacidades para atender novos corações das cadeias globais.”

O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Ulisses Gamboa também aposta que o Brasil pode se beneficiar. Além de fortalecer a relação comercial com a China, haveria como aproveitar o momento para estreitar as relações com países da União Europeia. “O volume de comércio deve aumentar bastante”, afirmou.

Ele diz, porém, que um mercado americano mais isolado fará a oferta de produtos de todos os demais países precisarem de novos consumidores e o aumento da oferta de itens de fora pode pressionar a cadeia nacional. “Para o produtor nacional, significa mais concorrência. Mas, do ponto de vista de preços, pode trazer uma menor inflação.”

Oportunidades

Luciano Nabakashi, professor do Departamento de Economia da USP-Ribeirão Preto, afirma que, conforme essa reconfiguração acontece, o efeito mais célere para o Brasil será no agro. “A China vai acabar comprando mais do Brasil em produtos agropecuários em relação aos Estados Unidos”, afirmou.

Ele também enxerga espaço de melhora da competitividade da indústria brasileira, que viria pela vantagem geográfica. “Temos potencial de ser um parceiro importante em produtos manufaturados.”

Para Nabakashi, além de estarmos perto dos EUA, o Brasil historicamente se coloca como neutro nas tensões políticas mundiais. Nesse cenário, o país surge como alternativa aos americanos para compra de produtos que hoje majoritariamente saem da China.

“Mas, vale ressaltar, é uma coisa que vai acontecer ao longo do tempo e somente se a gente melhorar a nossa economia.”

No mesmo caminho, pensa Alberto Serrentino, membro do Retail Voices da National Retail Federation (NRF) e sócio da Varese Retail. Para ele, o tarifaço evidencia que o Brasil tem uma lição de casa muito importante: busca incessante pela estabilidade e da previsibilidade.

“Precisamos de uma agenda fiscal responsável que permita baixar a inflação e os juros e voltar a crescer com qualidade”, afirmou.

Serrentino diz que o Brasil é um mercado com taxas de custos de importação muito elevadas, operações logísticas pressionadas e dificuldade em estabelecer canais de distribuição. Esses problemas crônicos podem significar desperdício de oportunidade para o Brasil na guerra tarifária.

Nabakashi e Serrentino batem nos mesmos dois pontos. Por um lado, ajustar a casa na economia — o que não acontecerá com política fiscal desarrumada, inflação fora da meta e juros recordes. Por outro lado, ajustar a casa em questões estruturais — que vão de insegurança jurídica a burocracia excessiva. Nabakashi diz que o país precisa criar condições de negócios mais atraentes para ser visto como um bom substituto e receber investimentos que precisarão migrar de nacionalidade.

“A gente ainda tem muita burocracia, falta de infraestrutura, falta de pessoal qualificado, regras que mudam muito e a carga tributária é alta”, afirmou. E é trabalho do governo equacionar tais problemas para o Brasil ser notado.

Invasão

Sobre o risco de uma invasão de produtos de fora, em especial chineses, Nabakashi afirma que o primeiro passo é entender que a chegada de mais importados, por si só, não determina muito. Serrentino concorda e diz que ainda há inúmeras barreiras comerciais que travam um volume de importações que inviabilize a indústria nacional.

“Não acredito numa invasão. O Brasil é um mercado muito difícil de ser penetrado.” Custos altos de importação, de logística e as dificuldades em estabelecer canais de distribuição são uma barreira de entrada para as empresas de fora.

“As companhias americanas, exceto na área de food service, não têm um histórico de boa penetração e presença no Brasil. E isso não deve mudar a curto prazo.”

Entre os especialistas ouvidos, a mais reticente em relação a potenciais ganhos brasileiros pela guerra tarifária é Vitoria Saddi. Country manager no Brasil da corretora australiana VT Markets, com extensas passagens por JP Morgan, Salomon Brothers e Roubini Global, não há cenário onde a guerra tarifária possa ser positiva para o país, em especial para o varejo brasileiro.

Segundo Saddi, há um embaraço que pode jogar água em todos os eventuais planos de aproveitar a queda de braço entre Estados Unidos e China: a desvalorização cambial da moeda chinesa. Isso tornaria os produtos asiáticos muito mais baratos e, consequentemente, mais atrativos. “Impactaria fortemente o varejo do Brasil”, afirmou.

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

MAIS EM Tarifas do Trump