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Tarifas do Trump

Tarifaço de Trump entra na semana decisiva e isola o Brasil de acordos com os EUA

Publicado 28/07/2025 • 10:33 | Atualizado há 11 horas

Estadão Conteúdo

KEY POINTS

  • Tarifa de 50% imposta por Trump entra em vigor nesta sexta-feira (1) e pode causar perdas bilionárias à economia brasileira.
  • Governo brasileiro tenta negociar, mas encontra resistência política e diplomática por parte dos EUA.
  • Setores como siderurgia, frutas, café e pesca já enfrentam paralisações e perdas com a perspectiva da sobretaxa.
Em semana decisiva, EUA segue negociando tarifas com outros países e isolando o Brasil.

Em semana decisiva, EUA segue negociando tarifas com outros países e isolando o Brasil.

Montagem/AFP/Embrapa/Agência Brasil/Unsplash/Cido Coelho/Times Brasil | CNBC

O Brasil inicia uma semana decisiva com risco de forte impacto econômico. Está prevista para sexta-feira, 1º de agosto, a entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todas as exportações brasileiras ao mercado americano. Sem acordo até o momento, o cenário é de isolamento diplomático e pressão sobre diversos setores produtivos.

Negociações diplomáticas fracassam

O vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado as tentativas de negociação com os EUA. Em 19 de julho, conversou por 50 minutos com o secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, reiterando o interesse brasileiro em uma solução técnica, sem contaminação política. No entanto, segundo o presidente Lula, os esforços não têm sido correspondidos: “Todo dia ele liga para alguém, e ninguém quer conversar com ele”.

No domingo (27), Lutnick confirmou que a tarifa começará a valer em 1º de agosto, sem novo período de carência. “O presidente está disposto a negociar com grandes economias, com certeza”, afirmou à Fox News. Mais tarde, Trump reforçou que a data está mantida.

Brasil fica isolado entre os principais exportadores

Embora o tarifaço não seja exclusivo ao Brasil, o país enfrentará a alíquota mais alta entre os atingidos — 50%. Nações como Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas, Japão e União Europeia conseguiram acordos com os EUA, com taxas menores ou limites negociados. No caso europeu, a tarifa ficou em 15%, após ameaça inicial de 30%.

No caso brasileiro, as relações políticas dificultam o diálogo. Trump condicionou uma reversão à interrupção do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que chamou de “caça às bruxas”.

Para Christopher Garman, da consultoria Eurasia, o cenário é de impasse: “Trump vê o caso Bolsonaro como reflexo da perseguição que diz ter sofrido. Isso trava qualquer solução no curto prazo.”

Impacto pode ultrapassar R$ 175 bilhões

A tarifa de 50% afeta diretamente setores como petróleo, aço, celulose, carne, café, frutas e pescados. Os EUA são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

A CNI estima que a medida pode causar perdas de R$ 52 bilhões nas exportações e eliminar 110 mil empregos no curto prazo. A Fiemg projeta impactos ainda maiores: até R$ 175 bilhões em perdas no PIB e redução de 1,49% no crescimento, com quase 1,3 milhão de postos de trabalho a menos, caso a tarifa se mantenha.

Em caso de retaliação com taxação recíproca, o prejuízo seria ainda mais grave: retração de R$ 259 bilhões no PIB, 1,9 milhão de empregos perdidos e queda de mais de R$ 36 bilhões na massa salarial.

Setores já sentem os efeitos

Mesmo antes da implementação, empresas já sofrem com o impacto da incerteza. Exportadores de ferro-gusa relatam contratos suspensos e operações paralisadas. A SDS Siderúrgica, que investiu R$ 25 milhões na reativação de uma unidade em Divinópolis (MG), viu embarques para os EUA cancelados.

Produtores de manga e uva do Vale do São Francisco temem perdas de até US$ 3 milhões. A GrandValle, exportadora do setor, afirma que não há alternativas para o escoamento da produção se a tarifa for aplicada.

Na pesca, a Produmar, do Rio Grande do Norte, pode deixar de operar em agosto. “Não temos mercado interno e a Europa está fechada para nossa pesca desde 2017”, disse Arimar França Filho, diretor da empresa.

Indústria pressiona por apoio de parceiros americanos

Sem sucesso nas tratativas diplomáticas, setores brasileiros tentam acionar seus parceiros nos EUA para fazer pressão. O setor de suco de laranja, representado pela CitrusBR, tem articulado com grandes compradoras americanas para influenciar o governo local.

“O produto brasileiro representa 70% das importações americanas”, diz Ibiapaba Netto, diretor da entidade. “As companhias americanas estão atuando discretamente, mas ativamente.”

No setor cafeeiro, o Cecafé dialoga com a National Coffee Association, que já acionou a Casa Branca. O argumento é o peso do setor na economia dos EUA, com 2,2 milhões de empregos e US$ 343 bilhões de impacto.

Mineradoras, por meio do Ibram, também articulam encontros com parceiros americanos. A preocupação é com a logística já em andamento e com os contratos de longo prazo. Os EUA representam 20% das importações do setor.

Governo prepara plano de contingência

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo elaborou um plano de contingência, já pronto para análise do presidente Lula. A proposta inclui medidas emergenciais, como linhas de crédito para empresas afetadas e ações dentro dos limites legais internacionais.

“O cardápio foi elaborado e será apresentado a Lula. Ele abrange todas as possibilidades dentro do direito internacional”, afirmou Haddad à rádio Itatiaia.

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