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CNBCNvidia e AMD pagarão 15% da receita de vendas de chips da China ao governo dos EUA

Tarifas do Trump

Trégua tarifária entre EUA e China entra em contagem regressiva sem acordo

Publicado 11/08/2025 • 07:13 | Atualizado há 6 horas

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • Trump deu poucas indicações sobre se irá ou não pedir uma extensão, alimentando preocupações de que as tensões entre as duas maiores economias do mundo possam aumentar novamente.
  • Embora uma extensão oficial de tarifas ainda esteja em jogo, especialistas esperam que uma cúpula entre Trump e Xi ocorra em Pequim nos próximos meses.
  • Um acordo comercial poderia envolver o comprometimento da China em aumentar as compras de produtos dos EUA, especialmente energia, produtos agrícolas e, potencialmente, semicondutores e equipamentos para fabricação de chips.

Os Estados Unidos e a China ainda não anunciaram se vão estender o prazo da trégua tarifária, com tensões sobre questões espinhosas ressurgindo justamente quando o acordo provisório se aproxima do vencimento.

Após a última reunião bilateral, em Estocolmo, em julho, Pequim adotou um tom otimista, afirmando que ambos os lados trabalhariam para prolongar a trégua por mais 90 dias.

Os negociadores americanos colocaram a decisão nas mãos do presidente Donald Trump. Até agora, o republicano deu poucas indicações sobre se apoiará a prorrogação, alimentando preocupações de que as tensões entre as duas maiores economias do mundo voltem a crescer.

Em maio, os dois países concordaram com uma trégua de 90 dias que reduziu as tarifas em 145% em abril e suspendeu diversas medidas punitivas, abrindo espaço para novas negociações em busca de um acordo duradouro. O pacto expira na próxima terça-feira.

Atualmente, remessas da China para os EUA enfrentam uma tarifa de 20% ligada ao suposto papel do país no fluxo de fentanil para território americano, além de uma tarifa básica de 10% e de um adicional de 25% sobre certos produtos — imposto durante o primeiro mandato de Trump. Já produtos americanos vendidos à China estão sujeitos a tarifas acima de 32,6%, segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional.

O Gabinete do Representante Comercial dos EUA e o Ministério das Relações Exteriores da China não responderam aos pedidos de comentário da CNBC.

Embora a extensão oficial da trégua ainda esteja em discussão, especialistas esperam que uma cúpula entre Trump e Xi ocorra em Pequim nos próximos meses.

“Isso implica uma relação mais estável entre os EUA e a China… mas de forma alguma mais amigável”, disse Ian Bremmer, presidente e fundador do Eurasia Group, observando que ambos os lados estão “estruturalmente caminhando mais em direção à dissociação como consequência do novo ambiente geopolítico e comercial global”.

Impacto no comércio

Mesmo com a trégua vigente, o comércio bilateral foi significativamente afetado.

Dados de julho mostram que as exportações chinesas para os EUA caíram pelo quarto mês seguido, recuando 21,7% em relação ao ano anterior. Em maio, as remessas registraram a maior queda desde o início da pandemia, segundo a Wind Information.

Um eventual novo acordo poderia incluir o compromisso da China de ampliar compras de produtos americanos, especialmente energia, commodities agrícolas e, se autorizado por Washington, semicondutores e equipamentos para fabricação de chips, avalia Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.

As importações chinesas de produtos dos EUA caíram 10,3% entre janeiro e julho. Para Evans-Pritchard, o desfecho mais provável seria uma “continuação” do acordo da primeira fase, assinado em janeiro de 2020 — quando Pequim prometeu aumentar em US$ 200 bilhões anuais as compras de bens e serviços americanos, meta não cumprida devido à pandemia.

“É plausível que Trump trate o acordo da Fase Um como um negócio inacabado, reformulando-o com metas de compra ainda maiores”, acrescentou Evans-Pritchard.

No domingo à noite, no Truth Social, Trump disse esperar que a China “quadruplique rapidamente seus pedidos de soja”. As compras chinesas do grão cresceram 36,2% em maio, 10,4% em junho e 18,4% em julho, segundo a Wind Information.

Apesar da queda de 12,6% nas exportações chinesas para os EUA até julho, houve compensação parcial com aumento de 13,5% nas vendas para países do Sudeste Asiático, levantando suspeitas de “transbordo” — quando mercadorias são redirecionadas via terceiros países.

Analistas alertam que as exportações, pilar importante da economia chinesa, podem desacelerar se Trump aplicar uma tarifa geral de 40% sobre produtos vindos por terceiros, sem clareza sobre como será a aplicação.

Controles de exportação de semicondutores

A tensão também cresce no campo tecnológico. Nas últimas semanas, o impasse sobre controles de exportação de semicondutores voltou ao centro da disputa, mesmo após a Nvidia anunciar a retomada das vendas do chip H20 para a China, revertendo restrições impostas por Trump em abril.

Para Gabriel Wildau, da consultoria Teneo, a medida representa “uma modesta correção de curso, não uma mudança estratégica” e dificilmente implicará relaxamento amplo das restrições. Trump, porém, pode considerar concessões em áreas vistas por parte de seu governo como “excessivas” para viabilizar um acordo com Pequim.

Autoridades americanas de segurança nacional alertam que chips e tecnologias dos EUA podem fortalecer a inteligência artificial e a capacidade militar da China. Por outro lado, críticos temem que novas restrições incentivem Pequim a acelerar a produção doméstica, reduzindo a dependência de fornecedores americanos.

Segundo o Financial Times, a China pressiona Washington a flexibilizar o embargo a chips de memória de alta largura de banda — proibidos por Joe Biden em 2024. Nvidia e AMD teriam concordado em repassar 15% da receita de vendas à China ao governo americano para obter licenças de exportação.

“O que estamos vendo é, na prática, a monetização da política comercial dos EUA, na qual empresas americanas precisam pagar ao governo americano pela permissão para exportar. Se for esse o caso, entramos em um mundo novo e perigoso”, disse Stephen Olson, pesquisador visitante sênior do ISEAS-Yusof Ishak Institute e ex-negociador comercial dos EUA.


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