EXCLUSIVO CNBC: Trump diz estar otimista sobre acordo com a China; quer terceiro mandato; e indica favoritos ao Fed

Em sua primeira grande entrevista após os números revisados do mercado de trabalho americano (payroll), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou ao vivo do programa Squawk Box, da CNBC Internacional, nesta terça-feira. De maneira direta Trump abriu a conversa em tom conciliador ao falar sobre a China, disse estar otimista com a possibilidade de um novo acordo comercial para “muito em breve”.

“Temos uma boa relação. Acho que vamos chegar a um acordo. Se não chegarmos, não haverá conversa. Mas ele [Xi] foi quem pediu o encontro, não eu”, afirmou o republicano.

Segundo Trump, a pressão tarifária imposta em seu primeiro mandato foi responsável por forçar uma mudança no comportamento econômico chinês. “Cheguei a impor 140% de tarifas. A China entrou em colapso. Eles dependem de nós”, disse. Ele também afirmou que o comércio bilateral pode avançar rapidamente caso os chineses mostrem flexibilidade.

Índia

Ao comentar a guerra na Ucrânia e o comércio global de petróleo, Trump criticou a postura da Índia, acusando o país de ajudar a Rússia ao manter a compra massiva de óleo russo.

“A Índia não é um bom parceiro no momento. As tarifas deles estão nas alturas. Vamos retaliar. Eles estão financiando o esforço de guerra da Rússia”, declarou.

Ele afirmou que os Estados Unidos precisam reagir com firmeza. “Nós voltamos a ser respeitados porque impusemos tarifas. Países que estavam fechados agora compram nossos carros, nossas uvas, nossos caminhões.”

Terceiro mandato

Sem se prender aos limites legais, Trump disse que “não vê problema” em tentar um terceiro mandato. “Ganhei com números recordes. Por que não poderia tentar um terceiro?”, provocou. Embora a Constituição dos EUA limite a presidência a dois mandatos, ele afirmou ter apoio interno suficiente. “Tenho mais de 94% de apoio entre os republicanos. Nunca estivemos tão fortes.”

Ele também criticou supostas manipulações de dados econômicos antes da eleição e voltou a alegar que os números do emprego foram ajustados de forma política. “Se eu tivesse perdido, esses números não teriam sido revisados”, disse.

Favoritos para o Fed

Questionado sobre possíveis nomes para liderar o Federal Reserve, Trump sinalizou mudanças e indicou quem são seus preferidos. Citou dois “Kevins”, elogiou o atual secretário do Tesouro, Scott Bessent, e afirmou que está analisando outras duas opções.

“Scott me disse que quer continuar onde está, e ele faz um ótimo trabalho. Mas temos pessoas muito qualificadas. Algumas surpresas virão”, declarou.

Trump também acusou bancos e reguladores de discriminação contra conservadores e prometeu agir contra instituições que, segundo ele, “fecharam contas por motivação política”.

“Os bancos vão ter que parar com isso. Fizeram isso comigo, fizeram com outros. A economia está voltando a crescer porque retomamos o controle.”

Trump não falou sobre o Brasil, Lula ou Jair Bolsonaro.

Europa e farmacêuticas

O presidente dos Estados Unidos também afirmou que a União Europeia poderá enfrentar uma tarifa de 35% caso “não cumpra suas obrigações” comerciais com os EUA. Em tom crítico, disse que a UE e outros países europeus se beneficiaram por décadas do mercado americano e prometeu medidas de retaliação.

Trump antecipou que anunciará, já na próxima semana, tarifas específicas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores. “A Suíça faz uma fortuna com medicamentos. Inicialmente, aplicaremos uma tarifa sobre produtos farmacêuticos”, afirmou. No entanto, segundo ele, os Estados Unidos não vão mais aceitar pagar até “dez vezes mais” por medicamentos do que países europeus.

A medida faz parte de uma estratégia para repatriar a produção de fármacos e incentivar que as empresas voltem a fabricar dentro do território americano. Trump afirmou que, após um período de transição, as tarifas poderão chegar a 250%, com o objetivo de pressionar laboratórios estrangeiros e reduzir a dependência externa no setor de saúde.

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