Apesar das promessas, agenda de Trump pode aumentar trilhões na dívida dos EUA
Publicado qua, 19 fev 2025 • 11:36 AM GMT-0300 | Atualizado há 3 dias
Publicado qua, 19 fev 2025 • 11:36 AM GMT-0300 | Atualizado há 3 dias
KEY POINTS
Donald Trump em 19 de janeiro de 2025.
Jim Watson / AFP
Mesmo com o discurso de equilíbrio fiscal, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e seu conselheiro bilionário Elon Musk têm impulsionado medidas que podem ampliar significativamente o déficit do país.
Trump anunciou cortes agressivos em agências federais por meio do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Musk, com o objetivo de reduzir gastos.
“ORÇAMENTO EQUILIBRADO!!!”, publicou Trump em sua rede social Truth Social. Musk reforçou no X (antigo Twitter): “O orçamento equilibrado vai acontecer.”
No entanto, especialistas alertam que a realidade não acompanha o discurso. Segundo o Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CRFB), mesmo que Trump consiga eliminar programas como a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e iniciativas de diversidade e inclusão, sua política de cortes não compensaria os aumentos de gastos e as isenções fiscais planejadas.
Entre as propostas de Trump estão a prorrogação da reforma tributária de 2017, a eliminação de impostos sobre gorjetas, horas extras e benefícios da seguridade social. Se aprovadas, essas medidas adicionariam pelo menos US$ 5 trilhões ao déficit público nos próximos 10 anos, podendo chegar a US$ 11 trilhões, dependendo da forma como forem implementadas.
“É uma questão de retórica versus realidade”, afirma Marc Goldwein, diretor sênior de políticas do CRFB. “Trump promete reduzir o déficit, mas, ao mesmo tempo, distribui benefícios fiscais massivos. Isso não se sustenta.”
Congressistas republicanos aprovaram na última semana um orçamento que prevê US$ 4,5 trilhões em cortes de impostos e um aumento de US$ 4 trilhões no teto da dívida. No entanto, as reduções de gastos para compensar essas medidas ainda não foram detalhadas.
Entre os alvos estudados pelo partido estão cortes no Medicaid, nos benefícios do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP) e nos incentivos à energia limpa previstos na Lei de Redução da Inflação.
Uma das principais frentes de Trump é a redução da ajuda externa, que historicamente varia entre 0,7% e 1,4% do orçamento anual dos EUA. Em 2023, o total destinado a esse setor foi de US$ 71,9 bilhões, o equivalente a 1,2% do orçamento federal, mesmo incluindo os repasses emergenciais à Ucrânia.
Outra medida defendida pelo ex-presidente é a extinção do Departamento de Educação, responsável por cerca de 3% dos gastos federais, segundo dados do Tesouro dos EUA.
Para especialistas, essas ações não resolveriam o problema fiscal. “Cortar USAID, subsídios a programas de diversidade e o Departamento de Educação são mais pautas de guerra cultural do que medidas eficazes de redução do déficit”, avalia Jessica Riedl, especialista em orçamento do Manhattan Institute.
Ela ressalta que o verdadeiro impacto no déficit está nos 75% do orçamento federal destinados à Seguridade Social, Medicare, Medicaid, defesa, programas para veteranos e pagamento de juros da dívida. “Trump já deixou claro que não pretende mexer nesses gastos, limitando a eficácia das suas propostas de corte.”
O governo Trump e Musk também pretendem reduzir o funcionalismo público, que representa 6% do orçamento federal, segundo relatório do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) sobre o ano fiscal de 2022.
No caso da Seguridade Social e do Medicare, Trump afirmou que combaterá fraudes e a má gestão dos programas, sem comprometer os benefícios. No entanto, um relatório da Controladoria-Geral dos EUA revelou que, entre 2015 e 2022, a taxa de erro nesses programas foi de apenas 0,84%, totalizando US$ 71,8 bilhões em pagamentos indevidos – número considerado insuficiente para uma redução significativa do déficit.
“Para estender os cortes de impostos e equilibrar o orçamento, seria necessário eliminar 30% dos gastos federais”, afirma Riedl.
“Se Trump cumprir sua promessa de não mexer na Seguridade Social e no Medicare, isso exigiria o corte de metade de todas as outras despesas para atingir o equilíbrio. O Congresso não vai aprovar isso.”
O deputado Kevin Hern defendeu o plano tributário de Trump, afirmando que foi essa política que garantiu sua eleição. No entanto, congressistas ainda estudam como compensar os cortes de impostos programados para vencer no fim deste ano. “Esse é o desafio no qual estamos trabalhando agora”, disse Hern.
Alguns republicanos argumentam que a prorrogação dos cortes de impostos de Trump não deve ser considerada como aumento do déficit. No entanto, o deputado Chip Roy alertou sobre os riscos: “Devemos ser cuidadosos com isso — pode ser uma jogada contábil perigosa.”
Outro fator que pode agravar o endividamento dos EUA é o aumento proposto para o orçamento da Defesa. O Congresso debate um acréscimo de US$ 100 bilhões ao orçamento militar na Câmara e US$ 150 bilhões no Senado. Além disso, há negociações para destinar US$ 150 bilhões ou mais à segurança de fronteiras e ao endurecimento das políticas de imigração.
Parlamentares democratas acusam Trump de enganar a população ao priorizar cortes de impostos para os mais ricos. “Trump e seu ‘co-presidente’ Musk podem eliminar toda a ajuda externa e o orçamento do Departamento de Educação, e ainda assim não chegariam nem perto de equilibrar as contas públicas”, disse Brendan Boyle, principal democrata no Comitê de Orçamento da Câmara.
Boyle reforçou que a política tributária de Trump favorece os mais ricos e amplia a desigualdade social. “Os cortes de impostos para bilionários vão adicionar trilhões de dólares à nossa dívida. Ele usa a ajuda externa como cortina de fumaça para desviar a atenção dos verdadeiros gastos.”
Na noite de terça-feira (18), o Senado deu início à votação da resolução orçamentária republicana. Apenas um senador do partido votou contra: Rand Paul, que alertou que a proposta “tem o objetivo não declarado de aumentar os gastos em US$ 342 bilhões”.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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