Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
A conta (quase) fecha — mas quem está bancando a indústria automotiva brasileira?
Publicado 08/07/2025 • 19:26 | Atualizado há 3 semanas
Trump pede demissão de Lisa Monaco, presidente de assuntos globais da Microsoft
Mercados não seriam afetados se Trump demitir Lisa Cook, afirma Departamento de Justiça à Suprema Corte
Accenture prioriza IA e planeja desligar funcionários que não se adaptarem
Claire’s em crise: conheça a empresa que está conduzindo sua reformulação
Google mudou de um baluarte de informações precisas para um defensor da livre expressão
Publicado 08/07/2025 • 19:26 | Atualizado há 3 semanas
O balanço de junho da indústria automotiva brasileira expõe um paradoxo desconfortável: mesmo com queda acentuada na produção e avanço agressivo das exportações, o mercado interno não colapsou. Pelo contrário, recuou pouco. Mas como a equação fecha? E, mais importante, até quando ela se sustenta?
Comecemos pelos dados. Em relação a junho de 2024, a produção caiu 9,4%, com 144 mil unidades fabricadas. Já os licenciamentos — vendas no mercado interno — recuaram apenas 3,0%, atingindo 159 mil unidades. A exportação, por sua vez, explodiu: 39 mil veículos embarcados, um salto de 85,7% frente ao mesmo mês do ano anterior.
Indicador | jun/24 | jun/25 | Variação (%) |
Produção | 159 mil | 144 mil | -9,4% |
Licenciamento | 164 mil | 159 mil | -3,0% |
Exportação | 21mil | 39 mil | +85,7% |
Estoque Total | 270 mil | 259 mil | -4,1% |
Importações | 26 mil | 28 mil | +7,8% |
A questão central é: de onde vieram os veículos que sustentaram o mercado doméstico se a produção caiu e a exportação quase dobrou? A resposta é estatisticamente clara — e economicamente preocupante.
Leia mais
Fiat Strada lidera e Peugeot cai; quem sobe e quem desce entre os carros no 1º semestre
O primeiro elemento de compensação foi o estoque. Segundo a ANFAVEA, os veículos parados em fábricas e concessionárias caíram de 270 mil para 259 mil unidades entre junho de 2024 e junho de 2025. Em dias de venda, esse colchão recuou de 41 para 38 dias. Em outras palavras, as montadoras recorreram ao inventário acumulado para atender a demanda interna sem depender da produção corrente.
A segunda válvula foi o aumento das importações, que cresceram 7,8% no comparativo anual. Com isso, passaram a responder por 17,4% dos licenciamentos totais. Um dado relevante: o pico recente havia sido 22,3% em janeiro, o que mostra uma estabilização em torno de um patamar elevado. Isso revela que parte relevante da demanda doméstica está sendo atendida por produtos estrangeiros — e não por falta de oferta local, mas por mudança nas preferências do consumidor.
O terceiro vetor dessa transformação é a eletrificação da frota. Em junho de 2025, os veículos elétricos, híbridos e híbridos plug-in (EV/EVH/EVHP) responderam por 13,4% dos licenciamentos — um salto significativo frente aos 8,7% de junho do ano anterior. Em números absolutos, foram 21,3 mil unidades eletrificadas, ante 14,3 mil um ano antes: crescimento de 49%.
Licenciamento detalhado – jun/2025 | m/m-1 | m/m-12 |
Veículos Nacionais | -5,7% | -4,9% |
Veículos Importados | -1,8% | +7,8% |
Veículos Eletrificados (EV/EVH/EVHP) | -4,1% | +49,0% |
Quase todo esse crescimento veio de fora — em especial, de montadoras asiáticas com escala global. Ou seja: o consumidor está mudando de perfil, e quem entrega esse novo perfil não é a indústria brasileira.
A alta nas exportações é positiva, mas não livre de riscos. A Argentina responde por cerca de 60% dos embarques brasileiros — um destino útil, porém frágil, dado o histórico de volatilidade cambial e política do país vizinho. O ganho externo, portanto, é real, mas instável.
Um realinhamento estrutural da indústria automotiva nacional. A produção interna caiu, as vendas domésticas também, mas em menor intensidade. O espaço foi preenchido por estoques, importações e pela mudança qualitativa do consumo — que passa a preferir eletrificados e modelos mais modernos, muitas vezes indisponíveis na produção nacional.
Do ponto de vista do volume, a equação ainda fecha. Mas é uma conta que se apoia em fatores insustentáveis no médio prazo: estoques são finitos, importações crescentes pressionam a balança comercial e a indústria local ainda não encontrou um modelo competitivo para enfrentar esse novo cenário.
“É cada vez mais evidente que estamos recebendo um fluxo perigoso de veículos chineses para o nosso mercado, com um Imposto de Importação abaixo da média global. Não ficaremos passivos com a interrupção de um projeto de neoindustrialização do país e com o avanço de propostas, como essa de redução da alíquota para montagem de veículos semi-desmontados, que não geram valor agregado nacional e geram pouquíssimos empregos”, concluiu o Presidente da Anfavea.
Se a indústria produz menos, exporta mais, e vê seu próprio mercado ser ocupado por importados — o que exatamente resta? A resposta não está apenas nos números, mas no projeto industrial: é preciso decidir se o Brasil seguirá como fabricante relevante ou como plataforma logística de carros estrangeiros.
A conta de junho fechou — por enquanto. Mas a conta da competitividade industrial brasileira está aberta. E, se nada mudar, o vencimento pode chegar antes do que se imagina.
--
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
Grupo Boticário se posiciona após citação de franqueado em operação da Receita contra PCC
Retorno de Jimmy Kimmel pós-suspensão atrai três vezes mais telespectadores
EXCLUSIVO: ‘Outra proposta do BRB pelo Master provavelmente seria aprovada’, diz presidente do Cade
Da febre ao cansaço? Pop Mart comemora queda nos preços de revenda do Labubu
Brasil registra déficit de US$ 4,7 bilhões nas contas externas em agosto