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Mercado de M&A avança no 2º semestre com juros estáveis e valuations atrativos

Publicado 20/08/2025 • 09:48 | Atualizado há 3 horas

Allan Ravagnani

KEY POINTS

  • Juros estáveis e valuations atrativos sustentam a retomada gradativa das transações.
  • Saneamento, energia, saúde e tecnologia devem liderar o movimento de fusões e aquisições.
  • Investidores internacionais seguem atentos ao middle market brasileiro, apesar dos riscos fiscais e regulatórios.

Daniel Lasse, CEO da Value Capital, boutique de M&A, e um dos principais nomes do setor, ocupando o 5º lugar no ranking nacional de Dealmakers, segundo o TTR Data Latam Report

O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil deve atravessar um ciclo de retomada gradual, marcado por seletividade e estratégias voltadas à eficiência. Essa é a avaliação de Daniel Lasse, CEO da Value Capital, boutique especializada em M&A, que conversou com o Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC sobre o tema.

Lasse destacou que mesmo com os juros elevados, estabilizados em 15%, os valuations seguem atrativos e sustentam as transações, enquanto a janela regulatória aberta pela implementação da Reforma Tributária deve incentivar movimentos de verticalização e ganho de eficiência operacional.

Segundo ele, apesar do cenário político e econômico instável, companhias com geração de caixa robusta, boa estrutura de capital e sem sucessão empresarial continuam despertando interesse. Além disso, setores como saneamento, utilities, energia renovável, saúde, tecnologia e agro devem liderar as operações nos próximos meses.

A seguir, os principais trechos da entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

Times Brasil: Como o senhor avalia as perspectivas para o mercado de M&A no Brasil em 2025 e 2026? O País pode chegar ao seu melhor momento?

Daniel Lasse: Vejo um ciclo construtivo, mas seletivo. Juros altos estabilizados e valuations ainda atrativos sustentam retomada gradativa das transações. Deve haver um volume maior de transações entre Corporate, com mais estratégia para fortalecer os próximos ciclos. Os investidores estão muito mais criteriosos e na grande maioria estratégicos.

O BC interrompeu o aperto e manteve a Selic em 15% para consolidar a desinflação. Esse cenário de estabilidade ajuda a precificar risco e alongar o prazo da dívida.

Há ainda uma janela regulatória, pois a Reforma Tributária entra em fase de implementação entre 2026 e 2033. Quem se preparar antes irá capturar sinergias fiscais e simplificação de compliance. Portanto, as estratégias de verticalização da cadeia e de ganho de eficiência operacional devem ganhar protagonismo nesse contexto.

Quais fatores têm sustentado o apetite por transações, mesmo diante da volatilidade econômica e política?

Daniel Lasse: O país sempre viveu algum nível de instabilidade, e as empresas mais preparadas conseguem capturar mais valor nesses momentos. Vemos companhias altamente geradoras de caixa, com estrutura de capital ajustada e que não possuem sucessão empresarial. O apetite não é apenas sobre valuation, mas também sobre continuidade do negócio e geração de valor. Por outro lado, há ativos saudáveis, mas mal geridos financeiramente, o que gera oportunidades para investidores estratégicos. O crescimento dos search funds é um exemplo dessa tendência.

O Brasil ainda está com múltiplos abaixo da média histórica. Isso deve continuar atraindo compradores estrangeiros?

Daniel Lasse: Sim, o Brasil ainda se mantém com múltiplos descontados e deve continuar assim. O cenário político e tributário desincentiva parte dos investidores, mas setores específicos ainda têm apetite. Temos negociações avançadas no setor financeiro com investidores internacionais, com múltiplos distantes dos observados entre 2019 e 2021.

A estabilização macroeconômica e as reformas devem reduzir esse desconto ao longo do tempo, reforçando a atratividade de entrar agora. Um exemplo é a JBS, que fez IPO nos EUA a 5,5x EV/EBITDA, contra 8x da Tyson Foods.

Quais setores devem liderar os movimentos de fusões e aquisições nos próximos meses?

Daniel Lasse: Setores regulados como saneamento e utilities devem seguir na frente, impulsionados pelo marco legal e metas de universalização até 2033. Energia renovável, transmissão e serviços ancilares também continuam no radar.

Na saúde, há espaço para consolidação regional e investimentos em serviços de alta complexidade e diagnóstico. Em tecnologia, segmentos como software B2B, infraestrutura de pagamentos e cibersegurança devem seguir relevantes, beneficiados pelo Pix, Open Finance e Drex. Educação, serviços profissionais, agro e logística também aparecem entre os setores de interesse.

Como a agenda ESG tem influenciado a decisão de compra e venda de empresas no Brasil?

Daniel Lasse: O pilar de Governança é o mais relevante, por estar ligado diretamente à gestão da companhia. Nos demais pilares, o impacto é menor no middle market (empresas médias), mas nas grandes empresas já vemos reflexo no valuation.

De que forma a transformação digital está alterando o perfil das operações e os tipos de ativos mais disputados?

Daniel Lasse: A transformação digital mudou o perfil das operações e ativos mais disputados, seja pela diferenciação de produto ou pela otimização de custos. A inteligência artificial aplicada à eficiência, precificação e atendimento tem aberto espaço para carveouts (empresas que querem vender) e rollups (empresas que querem comprar) de nicho.

Além disso, a diligência passou a exigir análises detalhadas sobre cibersegurança, governança de dados, conformidade com a LGPD e sustentabilidade de receitas recorrentes.

Qual é a visão dos investidores internacionais sobre o Brasil no atual cenário, especialmente no segmento de middle market?

Daniel Lasse: O investidor internacional enxerga o middle market brasileiro de forma construtiva e pragmática, mas a governança ainda é um obstáculo. Um bom exemplo é o Fundo Mexicano Merama, que entrou no Brasil comprando controle de empresas de e-commerce.

O país oferece desconto de valuation, potencial de consolidação e setores menos disputados do que em mercados desenvolvidos. Há preferência por empresas com governança sólida, EBITDA acima de R$ 40/50 milhões, compliance robusto e receitas reguladas ou recorrentes. Os riscos monitorados incluem trajetória fiscal, juros altos e novas regras regulatórias, mas, no balanço, o Brasil segue posicionado como destino atrativo para capital global de longo prazo.

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