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Acordo inédito para exportação de sorgo abre nova fronteira para o agronegócio brasileiro
Publicado 22/08/2025 • 21:31 | Atualizado há 6 horas
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Publicado 22/08/2025 • 21:31 | Atualizado há 6 horas
KEY POINTS
Sorgo
O brasileiro comum, principalmente os moradores das grandes cidades, provavelmente nunca teve contato com o sorgo. Muitos sequer ouviram falar desse nome, mas trata-se de um dos cereais mais cultivados do mundo e que começa a ganhar relevância inédita no agronegócio nacional.
Historicamente, o sorgo no Brasil era destinado ao mercado interno e quase exclusivamente à produção de ração animal, sobretudo para aves e suínos. Mais recentemente, passou também a abastecer a indústria de biocombustíveis, especialmente na produção de etanol.
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Uma das grandes vantagens do sorgo é que ele cresce bem em regiões quentes e secas, onde outras culturas, como o milho, podem enfrentar dificuldades.
Agora, o grão entra em uma nova fase, com a possibilidade de exportação para a China a partir de 2026, após acordo firmado entre os dois países.
Segundo Lucas Sleutjes Silveira, da Advanta Seeds, o próximo passo é ajustar protocolos fitossanitários e padrões de qualidade. “A expectativa é que já na safrinha de 2026 o Brasil esteja apto a embarcar sorgo granífero para o mercado chinês”, afirma.
O apetite chinês impressiona: dados do USDA indicam que o país pode demandar até 7,9 milhões de toneladas por ano — cerca de 81% da importação global.
Os Estados Unidos lideram as exportações, com 5,4 milhões de toneladas, seguidos por Austrália (2,6 milhões) e Argentina (1,4 milhão). Juntos, controlam 96% do comércio global. Mas a conjuntura abre espaço para novos players: a área de sorgo nos EUA já mostra sinais de retração, ao mesmo tempo em que tensões comerciais com a China reduzem a previsibilidade das compras.
O Brasil, que já produziu 5 milhões de toneladas em 2024/25 e se consolidou como o terceiro maior produtor mundial, surge como candidato natural para ocupar parte desse espaço.
A importância do sorgo também cresce dentro da porteira. A cultura é considerada um “plano B” cada vez mais competitivo frente ao milho safrinha. A tolerância à seca, a maior adaptabilidade a diferentes solos e o custo de produção entre 20% e 30% inferior tornam o sorgo uma escolha estratégica em janelas de plantio tardias.
Enquanto o milho demanda mais água e enfrenta riscos de quebra em anos de irregularidade climática, o sorgo mantém produtividade com menor estresse hídrico. “O sorgo enfrenta a seca, mas não a fome. Se o produtor adota manejo nutricional adequado, pode colher até 200 sacas por hectare”, afirmou Wedersom Urzedo, engenheiro agrônomo.
No Mato Grosso e em Goiás, a cultura já ganha espaço. Em Goiás, a área deve crescer 2,2% em 2024/25, chegando a 393 mil hectares, segundo a Consultoria Cogo.
Outro vetor de crescimento é a indústria de biocombustíveis. Estudos mostram que o rendimento do sorgo para produção de etanol é semelhante ao do milho, mas com custo de aquisição menor. Usinas em Mato Grosso do Sul, Maranhão e no Vale do Araguaia (MT) já estão adaptando suas linhas para processar também o sorgo, criando modelos híbridos de esmagamento.
“O DDG gerado após a produção de etanol é altamente proteico e pode ser usado na alimentação animal, agregando valor à cadeia”, explicou Ana Scavone, da Advanta Seeds.
O DDG é o subproduto do processo de produção de etanol a partir de grãos como milho e sorgo. Trata-se de um farelo rico em proteína e fibras, utilizado principalmente na alimentação de bovinos, aves e suínos.
Esse papel na bioenergia reforça a versatilidade do sorgo, que também é usado como biomassa para geração de calor e energia em usinas e como cobertura de solo em sistemas de rotação agrícola.
O grande salto da cultura do sorgo no Brasil vem com o avanço tecnológico. Um exemplo é a tecnologia igrowth, da Advanta, que melhora a tolerância a herbicidas do grupo das imidazolinonas e permite o controle eficiente de gramíneas — um dos maiores gargalos históricos do sorgo.
Esse diferencial garante lavouras mais limpas, colheita mais uniforme e maior rendimento, além de benefícios para culturas subsequentes, como a soja, graças à supressão de plantas daninhas e à retenção de umidade no solo.
O consórcio de sorgo com braquiária também tem mostrado resultados positivos, ao ampliar a cobertura do solo, aumentar a biomassa e favorecer sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Apesar do avanço, especialistas alertam que o sucesso do sorgo depende de manejo eficiente. O controle de percevejos, lagartas e pulgões continua sendo um ponto crítico, assim como o enfrentamento de doenças fúngicas. Empresas de pesquisa já oferecem portfólios de defensivos específicos para proteger a lavoura.
Outro ponto de atenção é a nutrição: por ser resistente à seca, alguns produtores acabam negligenciando a adubação, o que compromete o potencial produtivo. “O sorgo exige o mesmo planejamento que o milho, com atenção especial à escolha do material genético e ao preparo do solo”, reforça Wedersom Urzedo.
Nos últimos quatro anos, a produção brasileira de sorgo dobrou, e a cultura deixou de ser vista apenas como uma “alternativa de risco” para se firmar como componente estratégico do agronegócio.
Com o acordo para exportação à China, a consolidação como insumo para biocombustíveis e os ganhos tecnológicos, o grão tem potencial para ser mais que um complemento ao milho e se tornar protagonista de uma nova fase da agricultura brasileira, unindo rentabilidade, sustentabilidade e inserção global.
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