CNBC

CNBCiPhone com ‘nível espacial’: Apple anuncia os modelos mais caros da empresa com tecnologia inovadora

UP MarKet Dani Rudz

A Meca do luxo circular: a maior second hand do mundo e a revolução no consumo

Publicado 09/09/2025 • 23:08 | Atualizado há 10 horas

Foto de Dani Rudz

Dani Rudz

Dani Rudz é comunicadora, criadora de conteúdo, consultora de diversidade corporal e vivências raciais, palestrante, educadora e especialista em moda inclusiva.  Comentarista especialista no Times Brasil - Licenciado CNBC falando ao vivo de Mercado de Luxo e Lifestyle, todas as 6ª feiras. Membro Forbes BLK.

Reprodução Youtube

Zzer

Longe das vitrines impecáveis das grandes maisons, ergue-se um templo do consumo consciente na China: a ZZER, a maior loja de bolsas de luxo de segunda mão do mundo. O que poderia parecer um simples mercado de usados é, na verdade, um reflexo fascinante da nova era do luxo e do poder do mercado chinês.

O Templo do Luxo em Escala Industrial

O sucesso da ZZER não é um fenômeno de nicho. Ele é impulsionado pela escala impressionante da operação. A loja é frequentemente descrita por seus visitantes como um enorme "depósito" de luxo. Ela abriga milhares de bolsas, de Hermès a Chanel e Louis Vuitton, organizadas em estantes que parecem uma biblioteca do luxo. A variedade de produtos é tão vasta que o local se tornou um ponto de peregrinação para aficionados por bolsas de toda a Ásia.

Após anos operando exclusivamente por canais digitais, a empresa abriu as portas do seu enorme galpão em 2022 e recebe 5.000 novos produtos por dia.

Ao entrar na loja, o visitante é convidado a baixar o aplicativo e registrar uma conta para navegar e pesquisar os itens disponíveis, categorias e seus valores através do QR Code. Se o visitante não tiver um número de telefone chinês, a equipe pode auxiliar no processo de registro. Além disso, todos os visitantes devem usar luvas brancas ao comprar, experimentar e tocar os produtos nas prateleiras.

Para alguns itens, os usuários do aplicativo podem usar o botão "negociação" para oferecer um lance menor para o vendedor aprovar ou rejeitar. Uma vez que o preço é definido e pago, e o vendedor aprovou, você pode retirá-lo ou enviá-lo para seu endereço local.

A garantida pela autenticação rigorosa dos produtos, atrai um público disposto a pagar por um item de valor, mesmo que ele já tenha sido usado.

Imagem da loja Zzer na China

O Ciclo do Consumo de Luxo na China

O alto consumo de luxo na China, não gera apenas peças novas, mas também alimenta um ciclo virtuoso para o mercado de segunda mão. À medida que os consumidores de ítens de luxo compram os modelos mais

recentes e exclusivos de bolsas e acessórios, eles rapidamente se desfazem de itens de coleções anteriores para financiar a próxima aquisição. Essa alta rotatividade e a cultura de buscar sempre a novidade injetam um volume imenso de produtos de alta qualidade, muitas vezes em estado impecável, no mercado de revenda. Assim, a busca incessante por exclusividade por parte de uma parcela da população, cria uma oferta vasta e constante que, por sua vez, atende a um público aspiracional que deseja entrar no universo do luxo por um preço mais acessível. O que começa como um consumo voraz na ponta de cima da pirâmide se transforma na principal força motriz do mercado de second hand, que democratiza o acesso e mantém o valor dos produtos em circulação.

Como O Mercado de Luxo se posiciona sobre o Second Hand

Inicialmente, muitas marcas de luxo viam o mercado de segunda mão com desconfiança, temendo a perda de controle sobre a imagem da marca e o risco de associação com falsificações. No entanto, a posição evoluiu para uma aceitação e, mais recentemente, para uma integração estratégica. As marcas perceberam que não podem ignorar um mercado que cresce a taxas tão expressivas e é impulsionado por um consumidor mais jovem e consciente. Por isso, a tendência é que as grandes maisons participem ativamente do mercado de revenda, seja através de parcerias com plataformas confiáveis, como a Gucci com o The RealReal, seja lançando seus próprios programas de revenda, como Cartier e a Rolex.

Essa participação estratégica permite que elas controlem a autenticidade, capturem uma nova base de clientes e, acima de tudo, se posicionem como líderes em sustentabilidade, redefinindo o luxo para uma nova era.

A Febre do TikTok e o Novo Consumidor

O movimento da ZZER transcendeu as fronteiras da China e se tornou uma febre global, impulsionado por vídeos no TikTok. Influenciadores e entusiastas do luxo compartilham a "jornada do tesouro" dentro da megastore. Essa viralização não é à toa. Ela encontra eco na mentalidade da Geração Z e dos Millennials, que buscam:

  • Exclusividade e Renda: A segunda mão oferece a chance de encontrar modelos raros e de colecionador que já saíram de linha, mas com um preço mais acessível.
  • Sustentabilidade: Comprar de segunda mão é um ato de consumo consciente, que reduz a demanda por novas produções e contribui para a circularidade da moda.

O que o comprador de luxo chinês busca hoje é a combinação de valor, exclusividade e história, e a ZZER entrega isso em uma escala que nenhum outro varejista consegue.

O Mercado Global e a Realidade Brasileira

A ascensão da ZZER é o microcosmo de uma tendência macro. O mercado de luxo de segunda mão está em uma trajetória de crescimento mais rápido que o mercado primário.

  • Globalmente: O mercado de luxo de segunda mão alcançou aproximadamente $45 bilhões em 2024, crescendo a uma taxa de 8%, superando o crescimento do mercado de luxo primário. A projeção é que continue crescendo a uma taxa anual de 8% a 10% até 2025.
  • No Brasil: A revenda de luxo também apresenta um dinamismo notável, impulsionado por fatores econômicos. O mercado brasileiro movimentou cerca de R$ 25 bilhões em 2024 e cresceu cerca de 18% no primeiro semestre, um número impressionante que reflete a resiliência e a transformação do setor local.

Essa megastore é a prova de que a próxima fronteira do luxo não é apenas sobre produzir, mas sobre dar nova vida a produtos que já existem, respondendo à demanda por exclusividade e sustentabilidade. O que antes era tabu, agora é uma escolha de consumo consciente e estratégica que está moldando o futuro do mercado de luxo global.

__

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

MAIS EM Dani Rudz