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China desafia montadoras europeias em seu próprio território; Brasil tenta equilibrar proteção e investimento
Publicado 15/09/2025 • 07:00 | Atualizado há 3 horas
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China desafia montadoras europeias em seu próprio território; Brasil tenta equilibrar proteção e investimento
Publicado 15/09/2025 • 07:00 | Atualizado há 3 horas
KEY POINTS
BYD é o acrônimo de Beyond Your Dreams. A montadora chinesa foi fundada em 1995. Sendo hoje uma das maiores montadoras de veículos elétricos do mundo.
Unsplash
Na última semana, a Alemanha sediou a IAA Mobility, um dos maiores salões do automóvel do mundo — e, no coração da indústria automobilística europeia, foram as montadoras chinesas de veículos elétricos (EVs) que roubaram a cena. Com estandes gigantescos em Munique, empresas como Xpeng, GAC e Leapmotor exibiram planos agressivos de expansão para além da China, apostando em tecnologia, design e preços mais competitivos.
A Europa virou mercado estratégico para as montadoras asiáticas, num momento em que fabricantes tradicionais como BMW, Mercedes, Volkswagen e Renault são vistas como atrasadas no desenvolvimento de elétricos. Já a Tesla, que dominou o setor por anos, registrou queda nas vendas na região.
Apesar das tarifas aplicadas pela União Europeia, os chineses têm avançado com modelos de baixo custo e forte apelo tecnológico. Analistas apontam que a combinação de escala de produção, inovação em baterias e agressividade comercial dá às empresas chinesas uma vantagem que ameaça diretamente o espaço das marcas europeias.
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Enquanto a Europa presencia a expansão das marcas chinesas, o Brasil optou por reforçar barreiras comerciais. O governo decidiu antecipar para janeiro de 2027 a aplicação da alíquota de 35% sobre a importação de veículos elétricos e híbridos desmontados, atendendo em parte à pressão das montadoras já instaladas no país.
Empresas como Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis vinham pedindo limites mais rígidos para conter a entrada dos concorrentes asiáticos. A decisão foi tomada pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Camex e incluiu ainda cotas adicionais de importação com tarifa zero, válidas por seis meses, no valor de US$ 463 milhões.
No centro da disputa está a BYD, gigante chinesa que lidera o mercado global de elétricos e ergue uma fábrica em Camaçari (BA). Enquanto rivais acusam a empresa de criar concorrência desleal, a companhia respondeu afirmando que o mercado brasileiro precisa de mais abertura e preços competitivos.
Segundo o governo, o objetivo é estimular a produção local, garantindo previsibilidade aos investimentos já anunciados para novas fábricas no país.
O peso do Brasil no futuro da mobilidade sustentável também foi sublinhado por Christian Levin, presidente e CEO da Scania e do grupo TRATON, em entrevista exclusiva ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC. Segundo ele, o país reúne condições únicas para se tornar o maior mercado do mundo para veículos elétricos.
Com quase 60 mil funcionários em 100 países, a Scania aposta em ampliar investimentos no Brasil, onde atua há quase 70 anos. Levin destacou a dependência do transporte rodoviário — responsável por 60% a 70% da movimentação de cargas no país — como fator que abre espaço para soluções sustentáveis.
“Construímos uma equipe muito forte no Brasil. Acreditamos que o país será o maior mercado do mundo para veículos elétricos. Segmentos como o de ônibus urbanos já estão em transição para baterias elétricas”, afirmou.
O executivo, que participará da COP30 em Belém, reforçou que a transição energética é uma mudança sistêmica, que só será possível com a articulação entre empresas, governos e consumidores.
A revolução dos carros elétricos na China pegou o mundo de surpresa e, segundo especialistas, está longe de perder força. Empresas como BYD, Nio, Li Auto, Geely e SAIC Motor ampliaram rapidamente sua presença, apoiadas por investimentos governamentais que somaram US$ 230 bilhões entre 2009 e 2023, além de incentivos fiscais e uma cadeia robusta de suprimentos de baterias.
O resultado foi a ascensão meteórica: em 2023, a China ultrapassou o Japão e se tornou o maior exportador de veículos do mundo, com 31,4 milhões de unidades vendidas no mercado interno — sendo 41% elétricos. A BYD, em especial, ultrapassou a Tesla em receita global e se tornou a maior fabricante mundial do setor em 2024.
Especialistas projetam que até 2030 a China produza 36 milhões de veículos por ano, sendo quatro em cada dez fabricados no mundo, e exporte cerca de 9 milhões de unidades. Essa força já se faz sentir em mercados como Reino Unido e Noruega, onde marcas chinesas alcançaram aproximadamente 10% de participação nas vendas recentes.
Analistas alertam que o movimento é apenas o início: com o mercado doméstico saturado, a ofensiva internacional deve se intensificar. Ao mesmo tempo, a União Europeia e os Estados Unidos já responderam com tarifas adicionais para tentar conter a concorrência, enquanto fabricantes europeias pressionam Bruxelas por menos burocracia e mais estímulos à inovação.
“Até poucos anos atrás, as montadoras chinesas não eram vistas como concorrentes de verdade das gigantes globais. Mas isso mudou rapidinho em questão de poucos anos”, resumiu Henner Lehne, da S&P Global Mobility.
O avanço das montadoras chinesas na Europa, as medidas protetivas do Brasil diante da pressão dos fabricantes locais e a consolidação da China como potência global em veículos elétricos mostram um setor em transformação acelerada. A corrida pela eletrificação já não se resume a uma disputa comercial: é um tabuleiro global em que a China amplia sua influência, a Europa busca acelerar sua adaptação e o Brasil tenta equilibrar proteção e atração de investimentos na transição energética.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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