Ted Leonsis ainda quer times de MLB e MLS para expandir império esportivo

Desde que comprou o Washington Capitals em 1999, Ted Leonsis vem expandindo seu domínio esportivo na capital americana.

Por meio da Monumental Sports & Entertainment (MSE), fundada por Leonsis, ex-executivo sênior da AOL, o grupo hoje reúne o Capitals, o Wizards, o Mystics, a Capital One Arena e a Monumental Sports Network, que transmite todos os jogos dos times na região. No total, a MSE está avaliada em mais de US$ 7,84 bilhões (R$ 41,72 bilhões), ocupando o 19º lugar entre os maiores conglomerados esportivos.

Diferente de muitos outros grupos do ramo, Leonsis e a MSE mantém o foco em Washington, D.C.

Modelo de gestão integrado para expansão

Segundo explicou a Mike Ozanian, da CNBC, durante a conferência Game Plan nesta semana, a lógica é aproveitar a força e a eficiência de operar como “uma empresa de tecnologia ou uma empresa de plataforma”, onde cada time tem gestão própria, mas todos compartilham recursos como patrocínio, venda de ingressos e uma rede de mídia.

“A Coca-Cola tem 100 marcas, mas só um caminhão que entrega tudo isso”, comparou Ted Leonsis.

Ao fortalecer essa plataforma e trazer mais times para dentro dela, Leonsis e a MSE continuam buscando novas aquisições.

“Não escondo de ninguém: quero comprar o time da MLS. Quero comprar o time de beisebol. Não é por vaidade, é pelos torcedores, porque esses times têm dificuldade para competir com Yankees e Dodgers, mas se conseguirmos trazê-los para a nossa plataforma e operá-los com excelência, cuidando do que há de mais importante, eles vão ficar mais competitivos, e é exatamente isso que os fãs querem”, afirmou.

Tentativas e desafios nas aquisições esportivas

Porém, até agora, as tentativas de adquirir equipes nessas ligas não deram certo.

Segundo o Washington Post, Ted Leonsis teria conversado durante anos com David Rubenstein, cofundador do Carlyle Group, sobre uma possível oferta conjunta para comprar o Baltimore Orioles. Mas o negócio não foi adiante e, em 2024, Rubenstein e um grupo de investidores compraram o time por cerca de US$ 1,725 bilhão (R$ 9,18 bilhões).

A família Lerner, dona do Washington Nationals, anunciou em 2022 que estudaria vender o time. Ainda de acordo com o jornal, Leonsis chegou a oferecer pelo menos US$ 2 bilhões (R$ 10,64 bilhões), mas em 2024 os Lerners desistiram da venda.

“Conversamos o tempo todo”, contou Leonsis sobre os Lerners. “É como se fosse uma dança de dois, e eles não estão prontos para vender; querem esperar para ver o que vai acontecer com o beisebol.”

Já o D.C. United, da MLS, recebeu nos últimos anos vários investidores minoritários, elevando sua avaliação para mais de US$ 800 milhões (R$ 4,25 bilhões), mas não há sinais de que o clube esteja à venda. O time foi adquirido em 2005 por um grupo de investidores da AEG por cerca de US$ 26 milhões (R$ 138 milhões).

Perspectivas diante do mercado atual e outras oportunidades

Ted Leonsis reconheceu as dificuldades de comprar times em uma época de avaliações cada vez mais altas, seja qual for o esporte. Ele também disse que está de olho em outras oportunidades dentro do universo esportivo, como lacrosse e hóquei feminino, além de buscar parcerias com equipes da região que não pertencem à MSE, como o Washington Spirit, da NWSL.

“Hoje, eu não teria condições de comprar um time”, admitiu. “Estamos falando de dívidas de bilhões de dólares; antes isso era usado para as operações do clube, agora é só para poder entrar no negócio e comprar o time.”

Uma possível aquisição pode ter a ajuda de investidores externos. Em 2023, Leonsis vendeu 5% da Monumental para a Qatar Investment Authority (QIA), num acordo que avaliou a empresa em cerca de US$ 4 bilhões (R$ 21,28 bilhões) na época. Esse movimento marcou o início dos investimentos de fundos soberanos no esporte americano, após as principais ligas abrirem espaço para que fundos de private equity comprassem participação em times.

Leonsis já afirmou que o QIA é tratado como investidor, não como sócio, e que a participação é apenas passiva.

Visão de futuro e crescimento financeiro da MSE

Segundo Ted Leonsis, a crença no modelo de plataforma só aumenta à medida que a empresa investe mais. Ele destacou que a MSE está operando mais como uma empresa de software do que muita gente imagina. Segundo ele, a receita anual já passa dos US$ 750 milhões (R$ 3,99 bilhões) e a expectativa é chegar a US$ 1 bilhão (R$ 5,32 bilhões) em três anos.

“Vendemos assinaturas, carnês de temporada, camarotes; somos uma empresa em crescimento, mas 70% do nosso negócio já está garantido em contratos de longo prazo”, explicou. “A gente se parece muito com a Oracle ou a Salesforce.”

Será que esse desejo de expandir o modelo pode levar à compra de times fora da região de Washington?

Leonsis lembrou de uma viagem a Londres, em 2019, quando os Wizards jogaram contra o New York Knicks por lá. Durante a estadia, ele conheceu vários banqueiros de investimento que o levaram para ver clubes de futebol, incluindo o Chelsea. Pouco depois, numa reunião do conselho de governadores da NBA, Leonsis disse que quase todos os donos de times da liga estavam, de alguma forma, tentando comprar o clube inglês.

“Quando voltei pra casa, pensei: não dá pra fazer isso. Soa completamente artificial. Nunca joguei futebol, não vou morar naquele bairro, não teria como agregar valor, e nossa plataforma não ajudaria em nada nesse caso”, afirmou.

Desafios locais e foco estratégico

Mas nem todo movimento de Ted Leonsis na região de Washington foi bem aceito. Em 2023, a MSE enfrentou muitas críticas depois que um plano anunciado para transferir Capitals e Wizards para um complexo de US$ 2 bilhões (R$ 10,64 bilhões) na Virgínia acabou não dando certo. Depois, a MSE e a prefeitura de D.C. fecharam um acordo para reformar a arena atual.

“Vou continuar focado na minha área, que tem 10 milhões de pessoas”, concluiu Leonsis.

Redação CNBC

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