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Por que as produções de cinema estão deixando os EUA — e o que uma tarifa pode significar para Hollywood

Publicado 29/09/2025 • 22:49 | Atualizado há 4 horas

KEY POINTS

  • Orçamentos cada vez maiores em Hollywood fizeram com que muitas produções deixassem os EUA nos últimos anos.
  • Apesar do surgimento de alguns polos de gravação dentro do país, incentivos fiscais generosos e custos de mão de obra mais baixos estão atraindo projetos para fora dos Estados Unidos.
  • O presidente Donald Trump voltou a sugerir uma tarifa de 100% sobre filmes gravados fora do país, levantando dúvidas sobre como essa medida seria aplicada, quem pagaria a conta e o que isso significaria para a relação de Hollywood com distribuidores internacionais.

Letreiro de Hollywood, em Los Angeles.

Pexels

Houve uma época em que Hollywood era apenas um bairro no centro de Los Angeles.

Hoje em dia, Hollywood virou sinônimo de toda a indústria do entretenimento nos Estados Unidos — e agora está diante de uma encruzilhada.

A região que deu nome à indústria já não é mais o centro fervoroso das produções, já que os estúdios passaram a buscar benefícios fiscais e mão de obra mais barata no exterior. Nunca foi tão caro produzir um filme ou uma série, especialmente depois da pandemia e das greves de roteiristas e atores, que mudaram a forma como os criativos são remunerados na era do streaming.

Expansão dos polos de gravação e incentivos fiscais

Muita gente do setor tenta reverter o movimento de milhares de empregos para outros polos de gravação nos EUA — como Geórgia, Nova York, Texas, Novo México e Carolina do Norte — além de destinos internacionais como Canadá, Reino Unido, Irlanda, Hungria, Croácia, Romênia, Austrália e Nova Zelândia.

Em julho, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, aumentou o total de créditos fiscais para cinema e TV no estado para US$ 750 milhões (cerca de R$ 4,012 bilhões), praticamente dobrando o limite anterior, em uma tentativa de estimular mais produções em Los Angeles.

Divulgação
Missão: Impossível – O Acerto Final foi filmado na Noruega, Bélgica, Reino Unido, Itália e África do Sul.

Tarifas e as incertezas sobre a proposta de Trump

O presidente Donald Trump voltou a colocar holofotes nesse tema nesta segunda-feira (29) ao reforçar a ameaça de tarifas para filmes feitos fora do país.

Nossa indústria do cinema foi roubada dos Estados Unidos, por outros países, como se fosse tirar doce de criança”, escreveu ele em uma rede social, dizendo que aplicaria uma tarifa de 100% em “qualquer filme que seja produzido fora dos Estados Unidos”.

Trump já havia feito declarações parecidas em maio. Assim como antes, não está claro como ele pretende implementar essa tarifa, quem seria afetado e quem pagaria a conta. O ator Jon Voight, nomeado pelo republicano como “embaixador especial” para Hollywood, disse que as tarifas só seriam aplicadas em “circunstâncias bem específicas” e que o governo pretende focar em criar incentivos fiscais federais, rever o código tributário, firmar acordos de coprodução com outros países e oferecer subsídios para infraestrutura.

Com Trump reacendendo o debate, ainda restam diversas dúvidas sobre como os EUA poderiam aplicar uma tarifa sobre filmes — e se isso realmente ajudaria a trazer as produções de volta para Hollywood.

“Como filmes não são bens, mas sim serviços, ainda não está claro como uma tarifa poderia ser aplicada a um serviço, mas, caso encontrem algum atalho logístico para isso, vai virar uma bagunça na indústria do entretenimento”, afirmou Mike Proulx, vice-presidente e diretor de pesquisa da Forrester, em comunicado. “Aí fica a pergunta: qual o próximo passo? Onde fica o limite entre um filme e uma minissérie? E o setor publicitário, que economiza filmando comerciais fora dos EUA?”

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Produzir filmes e séries não é tarefa simples. Algumas produções gravam partes do filme fora e partes dentro do país. Será que os filmes seriam taxados de acordo com o percentual rodado no exterior? E como ficariam os filmes estrangeiros que querem ser lançados nos EUA?

E se o estúdio principal fica nos EUA, mas a história exige gravações em locações específicas, porque os personagens fazem uma viagem, por exemplo? Existe algum limite?”, questiona Alicia Reese, analista da Wedbush. “São perguntas demais sem resposta.”

Especialistas do setor também se preocupam com o impacto dessas tarifas — se elas realmente forem aplicáveis — nas relações com outros países. Hollywood depende do público internacional para recuperar os altos custos de produção. A China já restringiu o número de filmes americanos exibidos por lá. Outras regiões podem fazer o mesmo em retaliação.

Eu apoio totalmente trazer as produções de cinema de volta para a Califórnia e os EUA”, disse o senador democrata Adam Schiff, da Califórnia, em comunicado. “O Congresso deveria aprovar um incentivo federal, competitivo no cenário global, para atrair produções e empregos de volta, em vez de impor tarifas que podem gerar consequências inesperadas e prejudiciais.”

Dinheiro na jogada

No fim das contas, o problema das produções de Hollywood tem um nome: dinheiro.

Os orçamentos estão cada vez mais apertados. O streaming mudou tudo, menos gente vai ao cinema e as receitas com venda de DVDs praticamente sumiram. Por isso, os estúdios precisam segurar as rédeas dos gastos, ou correm o risco de desagradar investidores que ainda tentam calcular o impacto do fim da TV tradicional e da queda do faturamento com publicidade para gigantes como Disney, Universal, Warner Bros. e Paramount.

Mesmo antes da pandemia e das duas grandes greves, Hollywood já estava gravando filmes e séries em outros estados dos EUA e no exterior.

Em alguns casos, o roteiro pedia uma cidade internacional ou paisagens naturais específicas. Seria complicado, por exemplo, filmar toda a saga “O Senhor dos Anéis” ou “Game of Thrones” só em estúdios de Los Angeles.

O papel dos estúdios e incentivos estaduais

No centro da questão estão os estúdios de gravação.

Parte da debandada de Los Angeles também se deve ao surgimento de polos de produção em outros estados, que oferecem recompensas financeiras melhores, como créditos fiscais e reembolsos em dinheiro. Nos últimos 20 anos, 38 estados investiram mais de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 133,74 bilhões) em incentivos para produções, segundo o The New York Times.

Esses incentivos permitiram a estados como a Geórgia criar infraestrutura para receber produções de grande orçamento e formar uma mão de obra local qualificada, com equipes técnicas e profissionais especializados. A Geórgia oferece esses benefícios não só para gerar empregos, mas para impulsionar a economia das cidades onde as gravações acontecem. Hotéis, restaurantes, locadoras e até postos de gasolina lucram quando as produções são feitas ali.

A concorrência internacional e seus atrativos

Pontos internacionais de gravação são outro pedaço importante desse quebra-cabeças. Lugares fora dos EUA não só oferecem incentivos para filmagens, mas também mão de obra mais barata e até assistência médica.

Em uma pesquisa feita pela ProdPro em janeiro, Los Angeles apareceu apenas como o sexto melhor lugar para gravar, atrás de Toronto (Canadá), Reino Unido, Vancouver (Canadá), Europa Central e Austrália.

O Canadá, apelidado de “Hollywood do Norte”, recebe produções americanas há décadas. Séries como “Riverdale”, “Suits”, “Supernatural”, “Once Upon a Time” e “The Handmaid’s Tale” foram gravadas lá. Entre os filmes, “Meninas Malvadas”, “Crepúsculo” e “Pânico VI” também tiveram cenas feitas no país vizinho.

Assim como a Geórgia, o Canadá oferece créditos fiscais atrativos e também formou uma equipe de profissionais de alto nível, tanto na frente quanto atrás das câmeras.

A concorrência internacional está ficando ainda mais acirrada. Cada vez mais países investem em infraestrutura para filmagens e aumentam seus incentivos fiscais. Muitos também têm regras menos rígidas sobre que tipo de projeto pode receber esses benefícios. Nova Zelândia, Reino Unido, Irlanda, Austrália, Hungria e Alemanha estão na disputa — e estão ganhando espaço, segundo a ProdPro.

Por exemplo, Austrália e Nova Zelândia tiveram um aumento de 14% na produção de projetos com custo acima de US$ 40 milhões (cerca de R$ 213,98 milhões) entre 2022 e 2024. Enquanto isso, nos EUA, houve uma queda de 26% nesse tipo de produção.

Desafios para trazer as produções de volta

As pessoas ainda vão precisar gravar em locações externas”, diz Alicia Reese, da Wedbush, ressaltando que a indústria não vai mudar completamente o tipo de história que conta só para se limitar às locações disponíveis nos EUA.

Tem muita parte do filme que pode ser feita em estúdio, e esse estúdio pode muito bem existir nos EUA ou em qualquer outro lugar.”

“E aí está o ponto: como conseguimos trazer esses estúdios para cá?”, continua ela.

Reese lembra que Los Angeles já está tentando estimular o uso da infraestrutura local com os novos incentivos fiscais anunciados por Gavin Newsom.

Precisamos criar uma estrutura tributária melhor para atrair mais produções, para que a base da produção, os estúdios de gravação, fiquem nos EUA”, afirma.

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