Crise do metanol: enquanto consumo de destilados despenca, governo confirma 225 casos suspeitos e dois óbitos; Hungria recebe alta

O Ministério da Saúde confirmou neste domingo (5) 225 registros de suspeita de intoxicação por metanol após ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas. Do total, 16 casos foram confirmados e 209 seguem em investigação. O número inclui 15 mortes notificadas, sendo duas confirmadas no estado de São Paulo e 13 ainda em análise em outros estados.

A escalada de casos — agora distribuídos por 12 estados e o Distrito Federal — provocou um abalo de confiança entre consumidores e já se reflete no comportamento de compra no varejo. Dados do Varejo 360, referentes ao estado de São Paulo, mostram uma queda acentuada nas vendas de bebidas alcoólicas, com destaque para os destilados, que registraram retração expressiva na semana 39, comparada ao mesmo período de 2024.

O levantamento, que acompanhou o consumo de 33,7 mil pessoas, indica que o recuo afeta principalmente vodca, cachaça, gin e licores — categorias diretamente associadas aos casos recentes de adulteração. Distribuidores relatam queda média de até 12% nas vendas e uma migração do público para marcas premium e certificadas.

Leia mais:
Paraná confirma primeiros casos de intoxicação por metanol fora de São Paulo
Ministério da Saúde inicia distribuição de antídoto contra metanol a cinco Estados
Crise do metanol derruba venda de vodca em 40% e abre espaço para cerveja sem álcool, em alta no mercado
Crise do metanol expõe fragilidade na fiscalização e coloca em risco um setor que movimenta bilhões

Casos concentrados em São Paulo

Entre os 225 registros, 192 ocorreram em São Paulo, sendo 14 confirmados e 178 em investigação. Além de São Paulo, os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará também notificaram casos. Bahia e Espírito Santo descartaram os registros iniciais.

Os dados, consolidados pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS), são atualizados diariamente a partir das 17h.

Hungria tem alta hospitalar

O cantor Gustavo da Hungria Neves, conhecido como Hungria, recebeu alta hospitalar neste domingo, após quatro dias internado em Brasília com suspeita de intoxicação por metanol. O artista apresentou náuseas, vômitos e turvação visual após ingerir bebida comprada em Vicente Pires (DF).

Segundo o Hospital DF Star, ele “apresentou excelente evolução clínica” e seguirá em acompanhamento. Nas redes sociais, Hungria agradeceu o apoio dos fãs: “Hoje é um dia de vitória e gratidão”.

A Polícia Civil do DF informou que não foi detectada presença de metanol nas amostras recolhidas.

Força-tarefa no Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o governo estadual ampliou as operações contra bebidas adulteradas. Uma ação da Polícia Civil neste fim de semana resultou em uma prisão, oito conduções e diversas garrafas apreendidas na capital e na Baixada Fluminense.

A Secretaria de Estado de Saúde notificou um caso suspeito em Niterói e mantém uma Sala de Situação em parceria com o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a Unicamp para monitorar casos de intoxicação e reforçar o atendimento em unidades de referência.

Chico Fireman

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no