Lula sobre telefonema com Trump: ‘Uma conversa extraordinariamente boa’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descreveu como “extraordinariamente boa” a conversa telefônica que manteve na manhã de segunda-feira (6) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Lula afirmou que o diálogo foi amigável, direto e construtivo, e marcou o início de uma nova fase nas relações diplomáticas entre os dois países.

“Às vezes, você pensa que as coisas não vão fluir bem, e a conversa acaba sendo muito amigável, de dois presidentes de dois países importantes, das duas maiores democracias do Ocidente”, afirmou Lula durante entrevista à TV Mirante, no Maranhão,

O telefonema, que durou cerca de 30 minutos, tratou de temas comerciais e políticos. Lula destacou que o contato foi uma oportunidade para esclarecer pontos de divergência e restabelecer a cooperação bilateral.

“Era preciso que a gente conversasse, colocasse nossos problemas em torno de uma mesa. Eu disse para ele o que pensava, ele me disse o que pensava, e ficamos de marcar um encontro presencial”, disse o presidente.

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Negociações e tarifas

Segundo Lula, os dois líderes concordaram em prosseguir as negociações por meio de suas equipes.
Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para coordenar o diálogo com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Durante a conversa, Lula reiterou o pedido para que os Estados Unidos retirem a sobretaxa de 40% imposta a produtos brasileiros e revoguem restrições a autoridades nacionais, entre elas o bloqueio de entrada de membros do Judiciário e do Executivo.

“Não há sentido na taxação que foi feita ao Brasil”, afirmou Lula, enfatizando que a medida prejudica exportadores e distorce o comércio entre as duas grandes economias.

Cooperação entre democracias

O presidente destacou ainda que o Brasil e os Estados Unidos devem ser exemplo de diálogo e cooperação internacional, especialmente em um contexto global de tensões políticas e comerciais.

“Brasil e Estados Unidos têm que ser exemplo ao mundo das duas maiores democracias ocidentais. A gente sabe que o mundo está de olho”, afirmou Lula. “Quase 600 milhões de habitantes que representamos esperam de nós responsabilidade e cuidado com os interesses dos povos que representamos.”

Segundo o presidente, a conversa reforçou confiança mútua e abriu espaço para uma relação direta entre as lideranças.

Comunicação direta e relação pessoal

Ao final da ligação, Lula e Trump trocaram números pessoais de telefone, com o compromisso de manter contato direto em temas urgentes, sem intermediações diplomáticas.

“Ele me deu o telefone pessoal dele, eu dei o meu para ele, para que a gente não precise de intermediários para fazer as coisas boas para Estados Unidos e Brasil”, relatou Lula.

“Quando eu tiver um assunto político grave para tratar com o presidente Trump, ou ele comigo, não precisamos esperar que a liturgia marque data. É só pegar o telefone e resolver”, completou.

Clima internacional e confiança

Ao comentar o cenário global, Lula afirmou que o mundo vive um momento de conflitos, desavenças e descrédito nas instituições, e que cabe às lideranças políticas restaurar a confiança entre os povos.

“O mundo está esperando que as lideranças resolvam os problemas por que ele está passando. Nós estamos conversando como dois seres humanos civilizados, responsáveis pelos interesses dos nossos países”, declarou.

O encontro presencial entre Lula e Trump deve ocorrer nas próximas semanas, segundo fontes do Palácio do Planalto, como continuidade do processo de reaproximação diplomática iniciado durante a Assembleia Geral da ONU.

Allan Ravagnani

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