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Caso Ambipar/Braskem acende alerta sobre produtos estruturados; saiba o risco de investir em COEs

Publicado 08/10/2025 • 22:22 | Atualizado há 6 horas

KEY POINTS

  • O mercado financeiro foi pego de surpresa após investidores registrarem perdas expressivas com Certificados de Operações Estruturadas (COEs) lastreados em títulos da Ambipar e da Braskem. A XP Investimentos comunicou clientes sobre prejuízos que chegaram a 93% do valor aplicado, em razão do vencimento antecipado dos papéis.
  • Casos semelhantes também foram registrados no BTG Pactual, ampliando o alerta sobre o nível de risco desses produtos e o entendimento dos investidores sobre o que estão comprando.
  • O economista Charles Wicks explica que o problema começa na própria complexidade do produto. “O investidor, muitas vezes, não entende completamente o que há dentro dele”, afirmou.

O mercado financeiro foi pego de surpresa após investidores registrarem perdas expressivas com Certificados de Operações Estruturadas (COEs) lastreados em títulos da Ambipar e da Braskem. A XP Investimentos comunicou clientes sobre prejuízos que chegaram a 93% do valor aplicado, em razão do vencimento antecipado dos papéis. Casos semelhantes também foram registrados no BTG Pactual, ampliando o alerta sobre o nível de risco desses produtos e o entendimento dos investidores sobre o que estão comprando.

Em entrevista ao Fast Money, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, o economista Charles Wicks, fundador do canal Economista Sincero, explicou que o problema começa na própria complexidade do produto. “O COE é um certificado que empacota uma operação, seja ligada a índices, grupos de ações ou créditos. É uma estrutura que pode durar de dois a seis anos, com um objetivo específico. O investidor, muitas vezes, não entende completamente o que há dentro dele”, afirmou.

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O que são os COEs e por que exigem atenção

Os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) combinam renda fixa e variável e prometem retornos atrelados ao desempenho de ativos ou índices. Muitos oferecem proteção de capital, mas nem todos — e esse detalhe pode ser decisivo.

No caso dos COEs ligados à Ambipar e à Braskem, não havia garantia de proteção e tampouco cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo Wicks, o cenário de juros altos torna ainda menos atraente a busca por aplicações tão complexas e arriscadas.

“Com o Tesouro pagando IPCA mais 8%, não há necessidade de procurar operações complicadas para ganhar um pouco mais. O investidor precisa se perguntar: vale o risco?”, observou.

Para ele, muitos investidores foram seduzidos pela possibilidade de ganhos diferenciados, sem entender que estavam expostos a créditos corporativos de alto risco.

Falta de clareza e comunicação com o investidor

A discussão sobre os prejuízos levantou questionamentos sobre a forma como as corretoras comunicam o risco desses produtos.
Wicks defende mais transparência e reforça que o investidor precisa assumir parte da responsabilidade:

“O brasileiro tem o hábito de aceitar os termos sem ler. Mas é preciso entender o risco final antes de clicar em ‘ok’. Se não entendeu, não invista.”

O economista sugeriu que as plataformas de investimento adotem avisos mais claros, inclusive com mensagens destacadas.

“Uma pop-up em letras grandes, dizendo ‘você pode perder tudo’, já faria muita gente repensar a aplicação”, afirmou.

Segundo ele, mesmo entre investidores qualificados, poucos teriam condições de explicar tecnicamente a estrutura de um COE lastreado em crédito.

Unsplash.
Falta de clareza e comunicação adequada elevam perdas e expõem fragilidade do investidor.

O que levou às perdas

As perdas recentes se originaram na desvalorização das ações e da dívida da Ambipar, que caíram 93% em um ano. Com o agravamento da situação financeira da empresa, houve renegociação de dívidas e mudanças na diretoria, o que afetou diretamente os títulos vinculados a ela. Como os COEs tinham esses créditos embutidos, o vencimento foi antecipado, resultando em valores de resgate inferiores a 7% do total investido.

“Tudo começou com o problema na empresa. O investidor, na prática, comprou crédito corporativo, e talvez nem soubesse disso”, explicou Wicks.

Ele destacou que, em contextos de instabilidade, ativos de crédito são particularmente vulneráveis, e o risco não é compensado quando há alternativas seguras e rentáveis disponíveis no Tesouro.

Lições e recomendações para o investidor

Para o economista, a principal lição é simples: não invista no que não entende.

“O investidor precisa compreender o produto, saber quais riscos está assumindo e se há proteção de capital. Se não entender, não entre”, alertou.

Wicks também criticou a falta de preparo de parte dos profissionais que vendem esses produtos.

“O mercado precisa capacitar seus próprios assessores para explicar melhor o que está sendo oferecido. O cliente precisa ser questionado: você quer correr esse nível de risco? Você sabe que pode perder tudo?”, pontuou.

Unsplash.
Especialistas recomendam cautela e reforçam: produtos sem FGC exigem atenção redobrada.

Complexidade e prudência: um alerta ao mercado

Embora existam COEs com desempenho satisfatório, Wicks enfatiza que são operações complexas e não indicadas para todos os perfis. Ele recomenda cautela também com debêntures, FIDCs e outros títulos de crédito privado, que, em sua maioria, não contam com a proteção do FGC.

“O investidor às vezes demora cinco dias para escolher uma geladeira, mas decide aplicar meio milhão em minutos, sem ler as letras miúdas. Esse comportamento precisa mudar”, afirmou.

Segundo ele, o mercado brasileiro ainda é jovem — apenas entre 3% e 5% da população investe —, e o crescimento sustentável depende de transparência, educação financeira e prudência.

“Antes de clicar em ‘aceito’ ou ‘investir’, leia. Se estiver em dúvida, não faça. Oportunidade única aparece todo dia”, concluiu Wicks.

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