Pesquisas indicam que muçulmano socialista deve ser o próximo prefeito de NY; conheça Zohran Mamdani

As eleições municipais de Nova York, marcadas para 4 de novembro, podem entrar para a história da cidade. Pela primeira vez, um socialista e muçulmano, o deputado estadual Zohran Mamdani, desponta como favorito para ocupar a prefeitura do maior centro financeiro do mundo.

Segundo levantamento da Universidade Quinnipiac, realizado entre 3 e 7 de outubro, Mamdani tem 46% das intenções de voto, contra 33% de Andrew Cuomo, ex-governador de Nova York que decidiu concorrer como independente após perder a primária democrata, e 15% do republicano Curtis Sliwa.

A vantagem consolidada em diferentes pesquisas indica uma mudança no clima político da cidade. Mamdani, que se define como socialista democrata, venceu a disputa interna do Partido Democrata em junho e, desde então, tenta ampliar sua base. Enquanto isso, Cuomo tenta recuperar terreno com eleitores moderados e parte dos democratas que o apoiaram no passado.

O republicano Curtis Sliwa, conhecido por fundar o grupo de vigilância Guardian Angels, mantém um eleitorado fiel, mas distante dos dois principais adversários.

Um socialista no coração de Nova York

Zohran Kwame Mamdani, de 33 anos, nasceu em Uganda e se mudou para Nova York ainda criança. Filho do acadêmico Mahmood Mamdani e da cineasta Mira Nair, construiu sua carreira política a partir de movimentos locais no Queens, onde atua como deputado estadual desde 2021.

Antes de entrar para a política, trabalhou como conselheiro de moradia, auxiliando famílias de baixa renda ameaçadas de despejo. A experiência moldou suas principais propostas: congelamento de aluguéis, transporte público gratuito, creches universais e um salário mínimo de US$ 30 por hora até 2030.

Mamdani também defende que a prefeitura administre mercearias públicas, uma em cada borough, para reduzir o custo de vida e enfrentar a concentração de grandes redes varejistas. Para financiar essas medidas, propõe elevar impostos sobre grandes empresas e nova-iorquinos mais ricos, estimando arrecadar cerca de US$ 10 bilhões para ampliar serviços públicos.

Diálogo com Wall Street

A ascensão do deputado despertou preocupação entre empresários e investidores de Nova York. Estima-se que mais de US$ 20 milhões tenham sido gastos em campanhas para enfraquecer sua candidatura. Ainda assim, Mamdani mudou a estratégia após vencer a primária: passou a se reunir com líderes empresariais, buscando reduzir tensões e mostrar disposição para o diálogo.

Esses encontros, segundo a imprensa local, surpreenderam pela postura do candidato. Em vez de embates ideológicos, Mamdani preferiu ouvir e discutir propostas, prometendo avaliar pontos sensíveis, como sua proposta de imposto sobre milionários. Essa mudança de tom tem atraído o apoio de democratas moderados e, em alguns casos, o respeito de figuras do setor privado.

Entre o ativismo e a política

Apesar da imagem conciliadora, Mamdani ainda enfrenta resistência por suas posições sobre o conflito Israel–Palestina e críticas passadas à polícia de Nova York. Durante a campanha, ele suavizou o discurso, afirmando que pretende trabalhar com o NYPD na prevenção da violência, mas sem abrir mão de investir em programas sociais e de saúde mental para reduzir a criminalidade.

Seu apelo, no entanto, vai além da militância progressista. O candidato tornou-se símbolo de uma geração que busca políticas públicas mais acessíveis e serviços urbanos gratuitos, conectando pautas sociais à agenda econômica. Jovens, imigrantes e eleitores de baixa renda formam o núcleo de seu apoio.

Rumo a novembro

A quatro semanas da eleição, Zohran Mamdani mantém a dianteira nas pesquisas e tenta consolidar sua imagem de líder pragmático e aberto ao diálogo. Cuomo aposta em sua experiência e tenta atrair votos de indecisos, enquanto Sliwa busca se manter relevante.

Se vencer, Mamdani será o primeiro prefeito muçulmano e abertamente socialista da história de Nova York — um resultado que pode redefinir o rumo político da maior cidade dos Estados Unidos.