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Renda fixa mantém protagonismo, mas fluxo estrangeiro dá novo fôlego à Bolsa
Publicado 15/10/2025 • 16:50 | Atualizado há 1 mês
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Publicado 15/10/2025 • 16:50 | Atualizado há 1 mês
KEY POINTS
Guilherme Carlini Carter, economista
O ano de 2025 se confirma como um dos mais desafiadores — e elucidativos — para o mercado financeiro brasileiro.
Em meio a juros ainda elevados, incertezas fiscais e um ambiente global de realocação de portfólio, o investidor local mantém a preferência pela previsibilidade, enquanto o estrangeiro volta a assumir o papel de formador marginal de preço na Bolsa.
O movimento sinaliza o início de uma reprecificação gradual do risco doméstico, após um ciclo prolongado de desalocação em ativos locais.
Segundo dados da DataBay, entre janeiro e setembro, os fundos de renda fixa acumularam captação líquida de R$ 137,8 bilhões, reforçando a preferência do investidor brasileiro pela segurança. Em contrapartida, os multimercados registraram saídas líquidas de R$ 78,9 bilhões, e os fundos de ações perderam R$ 45 bilhões no mesmo período.
Essa rotação de risco para previsibilidade reflete não apenas o ciclo de alta de juros, mas também a percepção de que o cenário fiscal segue incerto e limita a queda da Selic em 2025.
| Categoria | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | No Ano |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Ações | -11.668 | -5.373 | -6.309 | -5.759 | -3.528 | -4.711 | -4.346 | -600 | -2.689 | -44.984 |
| Cambial | -806 | 227 | -126 | 811 | 381 | -566 | -47 | -41 | 104 | -63 |
| Multimercado | -23.844 | -23.559 | 570 | -21.372 | -16.807 | -2.741 | 1.035 | 9.739 | -1.898 | -78.878 |
| Renda Fixa | 64.085 | 10.081 | 9.723 | -13.439 | 2.808 | 6.781 | 35.698 | -22.247 | 44.326 | 137.815 |
Fonte: DataBay
Ainda assim, a Bolsa resistiu relativamente bem à saída de recursos domésticos. Parte disso se explica pelo comportamento dos investidores estrangeiros, que voltaram a aportar capital de forma seletiva. Até outubro, os não residentes registraram entradas líquidas de R$ 22,4 bilhões na B3.
Já os institucionais domésticos, pressionados por resgates em seus fundos e pela necessidade de recompor liquidez, venderam posições, acumulando retiradas superiores a R$ 39 bilhões. As pessoas físicas mantiveram trajetória marginalmente positiva, com aportes líquidos de R$ 7,5 bilhões, aproveitando correções pontuais de preço em empresas de perfil defensivo ou pagadoras de dividendos.
O contraste entre o investidor estrangeiro e o institucional doméstico é hoje o principal vetor da Bolsa. Enquanto o primeiro se beneficia de valuations mais atrativos e busca diversificação geográfica em meio ao aumento do custo de oportunidade global, o segundo atua de forma reativa, condicionado pelo comportamento dos cotistas e pela dinâmica de fluxos da própria indústria de fundos.
Essa assimetria explica a sustentação recente dos preços, mas também adiciona fragilidade: o capital estrangeiro é mais volátil, e parte da alta recente pode ser revertida se o ambiente global se deteriorar.
| Mês/2025 | Estrangeiro | Institucional | Pessoa Física | Inst. Financeira | Outros |
|---|---|---|---|---|---|
| Jan | 6.824,34 | -1.241,19 | 419,47 | 1.073,94 | -7.076,58 |
| Fev | 699,34 | -7.599,08 | 1.134,14 | 3.979,57 | 1.786,01 |
| Mar | 3.118,35 | -1.436,46 | -162,07 | -2.296,46 | 776,62 |
| Abr | -133,64 | -3.081,59 | 2.181,50 | -904,84 | 1.938,53 |
| Mai | 10.581,74 | -8.271,71 | 835,55 | -1.192,68 | -1.952,87 |
| Jun | 5.358,77 | -8.403,28 | 1.991,41 | -320,56 | 1.373,63 |
| Jul | -6.371,99 | -519,53 | 1.053,14 | 5.346,42 | 492,91 |
| Ago | 1.168,29 | -1.280,39 | -1.361,07 | 1.032,20 | 440,92 |
| Set | 5.267,09 | -9.214,60 | -118,86 | -1.686,38 | 5.752,73 |
| Out | -4.112,76 | 1.830,16 | 1.563,02 | 449,53 | 270,07 |
Fonte: Dados da B3 elaborados pela DataBay
No campo macroeconômico, o Banco Central mantém a Selic em 15% ao ano, reforçando a leitura de que a desinflação de serviços segue incompleta e que não há espaço para cortes expressivos no curto prazo. O ciclo de alta terminou, mas o de cortes ainda não começou — e o debate do mercado gira em torno do timing do primeiro movimento: 28 de janeiro, 18 de março ou 29 de abril.
O consenso mais recente aponta para março, com possibilidade de antecipação caso a inflação surpreenda para baixo ou a atividade mostre desaceleração mais intensa. A curva de juros pouco se moveu nas últimas semanas, refletindo a falta de gatilhos novos, em linha com a recomposição dos fluxos globais.

Agosto marcou um ponto de inflexão interessante: os fundos de renda fixa registraram resgates líquidos de R$ 22,2 bilhões, coincidindo com captação positiva de R$ 9,7 bilhões nos multimercados. A leitura é que, com a estabilização da curva e a queda da volatilidade global no período, parte dos investidores institucionais voltou a testar posições de risco tático — especialmente em estratégias macro com baixa correlação e gestores com bom histórico de execução.
Ainda é cedo para falar em reviravolta na tendência, mas o episódio indica disposição para retomar, gradualmente, o risco.
O pano de fundo doméstico, no entanto, segue impondo limites ao otimismo. A combinação de política fiscal expansionista, inflação de serviços resiliente e juros reais elevados mantém a indústria de fundos em modo defensivo. Fundos de pensão e gestoras institucionais priorizam a recomposição de liquidez e o controle de risco de duration, enquanto o investidor de varejo segue seletivo, concentrando alocações em ativos de alta previsibilidade e empresas de geração de caixa estável.
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O resultado é um mercado que se equilibra entre forças opostas: o estrangeiro comprador, o institucional vendedor e a pessoa física atuando de forma oportunista. A liquidez vem de fora, mas a confiança doméstica ainda não retornou. A curva de juros parada e o câmbio volátil refletem esse impasse — sem choques novos, mas também sem gatilhos claros para reprecificação.
Para o investidor profissional, o cenário pede disciplina: capturar o carrego elevado, preservar liquidez e usar a volatilidade como oportunidade — sem antecipar um ciclo de valorização que ainda depende da reconquista da credibilidade fiscal e do restabelecimento da confiança institucional.
Guilherme Carlini Carter é economista e especialista em finanças, com carreira dedicada à análise de mercados e inovação em investimentos. Mestre pela FGV-EESP, é professor de Finanças na FGV e coordenador dos programas de Finanças da FBNF. Também é Managing Director da DataBay, fintech de inteligência de dados para o mercado de capitais, e presença constante em debates na mídia sobre economia, renda fixa e investimentos.
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