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Falha global na AWS expõe dependência digital e fragilidade da infraestrutura da internet
Publicado 20/10/2025 • 19:28 | Atualizado há 7 horas
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Publicado 20/10/2025 • 19:28 | Atualizado há 7 horas
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Uma falha nos servidores de nuvem da Amazon Web Services (AWS) voltou a expor a dependência global de poucos provedores responsáveis por sustentar a internet. O problema, localizado em data centers da empresa na Virgínia, nos Estados Unidos, tirou do ar plataformas como Mercado Livre, PicPay, Prime Video e até o assistente virtual Alexa.
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O episódio reacendeu o debate sobre a concentração da infraestrutura digital mundial nas mãos de poucas big techs e os riscos de um colapso sistêmico quando uma delas apresenta falhas. Para explicar as causas e implicações da pane, a Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC conversou com Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação.
Segundo Igreja, parte da explicação já foi divulgada pela própria Amazon. “Foi uma falha do que se chama de DNS”, afirmou o especialista. Ele explicou: “Quando acessamos um site, digitamos o nome porque é fácil de lembrar, mas o que realmente está por trás é um endereço numérico, o IP. Seria impossível decorar todos esses números, então o DNS faz essa tradução — ele é como uma lista de contatos da internet, que associa nomes a números.”
De acordo com o especialista, o problema ocorreu quando essa estrutura de tradução foi interrompida dentro dos servidores da AWS. “Na prática, os aplicativos ficaram inúteis, porque não conseguiam acessar suas próprias bases de dados. O usuário abria o app, mas ele não conseguia se conectar internamente, tornando-se totalmente inoperante”, declarou Igreja.
A falha afetou mais de 500 aplicativos em diferentes setores, de companhias aéreas a plataformas financeiras. “A Alexa parou de funcionar, o Prime Video ficou fora do ar, e aplicativos de companhias aéreas não permitiam check-in ou emissão de cartões de embarque”, relatou Igreja.
O impacto, segundo ele, foi imediato e global. “Tivemos empresas que não conseguiram concluir pagamentos ou processar transações. Isso gera um efeito dominó na economia real. Embora o problema tenha sido corrigido, o restabelecimento total dos serviços leva horas, às vezes até dias.”
Igreja afirmou que estimar o prejuízo econômico de uma pane desse tipo é extremamente complexo. “É imensamente difícil de calcular. Alguns economistas tentam modelar essas perdas, mas só teremos números concretos no próximo trimestre, quando as empresas afetadas divulgarem seus resultados. Elas vão reportar quedas de receita diretamente ligadas à falha na nuvem da Amazon”, explicou.
A concentração da infraestrutura digital mundial nas mãos de poucas gigantes — como Amazon, Microsoft e Google (Alphabet) — é, segundo o especialista, uma das maiores vulnerabilidades do sistema.
“Esse é um problema global, e não exclusivo das big techs ou dos Estados Unidos. No Brasil, por exemplo, a infraestrutura está concentrada basicamente em três pontos: São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, por onde chegam os cabos submarinos que conectam o país”, observou.
Para ele, a dominância dessas empresas decorre dos ganhos de escala e da confiança de mercado que elas inspiram. “É difícil competir com corporações que possuem estrutura global e marcas reconhecidas. Mesmo quem toma decisões dentro das empresas tende a optar pelos provedores mais conhecidos, o que reforça ainda mais essa concentração”, disse.
Igreja ressaltou que o episódio serve como um alerta sobre a necessidade de fortalecer a resiliência dos sistemas e investir em redundância tecnológica, ou seja, múltiplos caminhos de backup capazes de evitar apagões.
“Vimos algo semelhante durante a pandemia, quando várias cadeias de suprimentos se mostraram frágeis. Agora estamos percebendo isso também na infraestrutura digital. Nos últimos 24 meses, houve inúmeros casos de indisponibilidade em diferentes pontos da cadeia tecnológica global”, afirmou.
O especialista explicou que o ecossistema digital é formado por diversas camadas interconectadas, e basta uma delas falhar para todo o sistema entrar em colapso. “Quando usamos um aplicativo, nem imaginamos quantos níveis de tecnologia estão por trás. Mas se um único nó apresenta problema, o efeito é imediato e generalizado”, pontuou.
Questionado sobre a possibilidade de as empresas manterem backups físicos ou servidores próprios como alternativa à dependência da nuvem, Igreja explicou que “economicamente, é inviável.”
Ele explicou que o modelo de computação em nuvem revolucionou a forma como as empresas gerenciam recursos de tecnologia. “A nuvem é o melhor dos mundos do ponto de vista de gestão. Ela transforma custos fixos em variáveis — ou seja, a empresa paga apenas pelo que usa. Essa é a beleza do negócio”, afirmou.
O especialista lembrou que a própria Amazon desenvolveu sua infraestrutura para lidar com picos sazonais e, com o tempo, passou a alugar sua capacidade ociosa para outras companhias. “A Netflix foi uma das primeiras a usar os servidores da Amazon para hospedar seu conteúdo. Isso virou o modelo padrão do mercado.”
Para ele, o retorno ao modelo antigo, com servidores físicos e locais, seria um retrocesso. “As empresas perceberam que isso não é sua atividade-fim. Elas não têm o know-how nem o ganho de escala das grandes provedoras de nuvem. Portanto, tanto do ponto de vista tecnológico quanto econômico, é impossível imaginar esse cenário hoje”, concluiu.
A falha na AWS reforça um alerta que vai além da tecnologia: a dependência global de poucos provedores de infraestrutura. Para especialistas, enquanto o mercado não se diversificar e os sistemas não se tornarem mais redundantes, novas panes continuarão a ocorrer — com impactos reais sobre a economia e o cotidiano de milhões de pessoas.
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