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Grupo Dia está à beira do colapso com prejuízos recorrentes, queima de caixa e alta exposição a ativos de risco
Publicado 22/10/2025 • 15:14 | Atualizado há 28 minutos
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Publicado 22/10/2025 • 15:14 | Atualizado há 28 minutos
KEY POINTS
"Dia" supermarket in Villeurbanne - France
O Grupo Dia vive um momento de extrema fragilidade financeira. Documentos da administração judicial revelam uma combinação preocupante de queima acelerada de caixa, prejuízos contínuos e exposição elevada a um investimento considerado de risco. Quando anunciou a recuperação judicial, em 2024, o grupo fechou 343 lojas e 3 centros de distribuição no Brasil. Hoje ainda opera 250 lojas.
Segundo o relatório mais recente, o grupo mantém 66% de seus recursos de curto prazo — cerca de R$ 161 milhões — aplicados em um único CDB do Bluebank, instituição ligada ao Banco Master, que enfrenta dificuldades de liquidez e chegou a ser alvo de rumores sobre uma possível intervenção do Banco Central.
O vencimento do CDB está previsto para 26 de dezembro de 2025, com remuneração de 109% do CDI.
A administração judicial alertou para o risco de não realização do investimento caso o Banco Central decida intervir no Master, o que impactaria diretamente o Bluebank e, por consequência, o Grupo Dia. Ao ser questionada sobre os riscos e a concentração dos recursos, a gestão respondeu que as políticas internas de caixa foram respeitadas, dentro do limite de alçada do presidente, e que as operações foram autorizadas pelos controladores por meio da gestora do grupo.
O relatório destaca ainda conflitos potenciais de governança. O controlador direto do Grupo Dia é o Fundo Lyra II, cujo cotista é o empresário Nelson Tanure. O fundo é administrado pela Trustee DTVN, que tem como sócio Maurício Quadrado, atual presidente do Bluebank. Essa sobreposição de papéis reforça as preocupações da administração judicial quanto à independência das decisões financeiras e ao risco de perdas em caso de instabilidade no conglomerado do Banco Master.
Além da exposição financeira, o desempenho operacional da companhia segue em queda. Em agosto de 2025, o faturamento recuou 3% em relação ao mês anterior e 1% na comparação anual, marcando o terceiro mês consecutivo de retração. A empresa atribui o resultado negativo ao fechamento temporário de lojas retomadas de franqueados e à descontinuação de três unidades entre agosto de 2024 e agosto de 2025.
Mesmo com o faturamento menor, a margem bruta subiu 3%, reflexo da conversão de franquias em lojas próprias — movimento que permitiu ao grupo reter integralmente a margem antes compartilhada com os franqueados. Ainda assim, o consumo de caixa cresceu 70,9% em agosto, atingindo R$ 16 milhões, pressionando o balanço.
Desde o início da recuperação judicial, as atividades do Grupo Dia já consumiram R$ 296 milhões em caixa. O impacto foi parcialmente compensado por aportes dos antigos acionistas, que somam R$ 214 milhões, e pela venda de créditos de ICMS, que injetaram R$ 196 milhões. A combinação desses fatores reduziu a variação líquida negativa para R$ 114 milhões, mas a sustentabilidade dessa estratégia é incerta.
A administração judicial alerta que novos créditos de ICMS não devem ser homologados nos próximos meses, devido à paralisação dos sistemas da Fazenda Estadual durante operações de fiscalização. Caso o investimento junto ao Bluebank não possa ser resgatado, o capital de giro da empresa será fortemente afetado, colocando em risco o próprio plano de recuperação.
Atualmente, o Grupo Dia opera 240 lojas no Brasil, sendo 195 próprias e 45 franquias. Em agosto, uma unidade própria foi encerrada e outras nove franquias foram convertidas em lojas próprias, movimento que eleva custos fixos e pressiona o caixa.
Segundo o relatório, todas as 45 lojas retomadas apresentam resultados negativos. Destas, 20 ainda podem se recuperar com ajustes operacionais, mas as outras 25 estão muito abaixo das expectativas, exigindo novos investimentos para se tornarem rentáveis. O documento aponta que esse é o principal desafio da administração: fazer as lojas retomadas performarem sem comprometer ainda mais a liquidez da companhia.
Fundada em 1979, em Madri, a rede Dia chegou ao Brasil em 2001 e consolidou-se no varejo de vizinhança. Em 2024, já sob dificuldades financeiras, entrou em processo de reestruturação e decidiu pelo fechamento de 343 lojas e 3 centros de distribuição no Brasil. Com a recuperação judicial, o controle passou ao Fundo Lyra II, ligado ao Fundo Arila e indiretamente a Nelson Tanure, figura conhecida por participações em empresas em crise.
Desde então, a companhia tenta ajustar seu modelo de negócios, mas o avanço das lojas deficitárias, a exposição ao Bluebank e a redução das fontes de financiamento colocam o grupo em posição frágil. O relatório da administração judicial conclui que a empresa enfrenta risco elevado de liquidez e que, sem acesso aos recursos aplicados no Bluebank, o plano de recuperação poderá ser inviabilizado.
“O momento é de elevado risco de não realização do investimento que as recuperandas mantêm junto ao Bluebank”, afirma o documento. “Caso a aplicação não possa ser resgatada, o capital de giro das recuperandas pode ser severamente impactado.”
Em nota enviada à reportagem do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, o Dia Supermercados afirmou que seu plano de recuperação judicial segue conforme o cronograma previsto e aprovado, com resultados positivos. Com a recuperação judicial, as dívidas foram equalizadas e os pagamentos estão programados para iniciar em outubro de 2026.
Ainda segundo o grupo, o uso dos recursos de caixa ocorre dentro do planejado na reestruturação, contemplando investimentos nos estoques de 49 lojas retomadas de franqueados, nas 21 franquias que tiveram mudanças em seu formato, bem como no fechamento já finalizado de 343 unidades e de 3 centros de distribuição. Este caixa também foi utilizado na reforma das fachadas de 100% do parque de lojas, atualmente com 240 unidades.
“Adicionalmente, recursos adicionais de caixa estão aplicados em um CDB no BlueBank e serão resgatados no seu vencimento. O Dia Supermercados tem ainda mais de R$ 350 milhões em créditos de ICMS, que, em um curto espaço de tempo, reforçarão seu caixa“, diz o texto.
Por fim, o grupo afirmou que: “a situação financeira do Dia Supermercados, portanto, está em linha com o plano de recuperação judicial aprovado, restando apenas a conclusão da transação tributária junto a PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional), negociação que está em estágio avançado, com os valores e garantias previamente negociados, agora em fase de minuta do acordo”, finaliza.
*A matéria foi atualizada às 19h43 para incluir a resposta do Grupo Dia e a correção da data de início da recuperação judicial, em 2024, não em 2022, como havia sido escrito inicialmente.
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