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ONU aponta avanço inédito na redução das emissões globais, mas alerta: ritmo ainda é insuficiente para conter aquecimento de 1,5 °C

Publicado 28/10/2025 • 19:38 | Atualizado há 6 horas

KEY POINTS

  • Apenas 64 países atualizaram suas metas climáticas; Brasil está entre os primeiros a cumprir o prazo.
  • Especialista alerta que aquecimento de 1,5 °C é praticamente inalcançável e defende foco em energias limpas.
  • Setor privado tem papel decisivo; tecnologias solar e eólica já são mais baratas que combustíveis fósseis.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) divulgou um novo relatório que marca um ponto de virada no combate a emergência climática. Pela primeira vez desde o Acordo de Paris, o mundo começa a dar sinais de que poderá reduzir efetivamente as emissões de gases de efeito estufa antes de 2030.

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Apesar do avanço, o documento alerta: as ações ainda estão aquém do necessário para limitar o aquecimento a 1,5 °C, limiar definido em 2015 para evitar impactos catastróficos. O relatório será uma das principais referências da COP30, que começa na próxima semana em Belém (PA), e deve servir como base para discutir como acelerar as metas de redução.

Novo relatório das NDCs: progresso real, mas parcial

O estudo da ONU é construído com base nas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), compromissos que cada país assume para reduzir suas emissões. Esses planos devem ser atualizados a cada cinco anos.

Em 2025, ano de nova revisão global, apenas 64 países — entre mais de 190 signatários — apresentaram suas novas metas, o que representa cerca de um terço das emissões globais. O Brasil está entre os primeiros a cumprir o prazo, tendo submetido sua NDC no fim de 2024.

De acordo com o relatório, as emissões mundiais ainda devem aumentar até o fim da década, mas começarão a cair logo depois, com uma redução de 13% até 2035 — o equivalente a 17% abaixo dos níveis de 2019. Mesmo assim, esse ritmo é insuficiente para estabilizar o clima global dentro do limite seguro de aquecimento.

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ONU vê primeiros sinais de queda nas emissões, mas alerta: ainda é pouco para conter o aquecimento global.

“O mundo vive um impasse geopolítico”, diz Paulo Artaxo

Para entender o que está em jogo, o Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC conversou com Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP e um dos maiores especialistas em mudanças climáticas do país.

Segundo ele, o baixo número de países que atualizaram suas NDCs não reflete falta de compromisso, mas a complexidade política do momento. “Temos guerras físicas acontecendo, guerras comerciais em curso. Isso dificulta as negociações e atrapalha a definição de metas comuns para os próximos dez anos”, afirmou.

Artaxo ressalta que essa instabilidade será um dos grandes desafios da COP30. “Há um clima político global que dificulta compromissos firmes. A COP30 terá que lidar com essa fragmentação e tentar reconstruir a confiança entre as nações.”

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Brasil promete cortar até 67% das emissões até 2035, mas enfrenta desafio político para conter o desmatamento.

A “melhoria na qualidade” das metas climáticas

O relatório destaca também que as novas NDCs apresentam uma “melhor qualidade”. Segundo Artaxo, isso significa que os países começam a apresentar planos mais estruturados e de longo prazo. “Os governos estão desenhando estratégias reais para substituir seus sistemas energéticos baseados em combustíveis fósseis por fontes sustentáveis. Essa é a principal evolução que vemos nas novas NDCs”, explicou.

Além da transição energética, o cientista aponta que a eliminação do desmatamento é outro pilar essencial. “Não há como estabilizar o clima se não acabarmos com as emissões ligadas à destruição de florestas tropicais, como a Amazônia. É uma tarefa difícil, mas absolutamente necessária.”

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Brasil assume metas ambiciosas, mas precisa frear o desmatamento para cumprir compromissos.

“Limitar o aquecimento a 1,5 °C já se tornou praticamente impossível”

Mesmo com os avanços, Artaxo faz um alerta: o planeta está longe do cenário ideal. “Com as emissões atuais, estamos caminhando para um aumento de temperatura da ordem de 2,8 °C neste século, um patamar insustentável”, afirmou.

Na avaliação dele, o objetivo de 1,5 °C provavelmente já ficou para trás. “Ainda não chegamos lá, mas a inércia do sistema econômico torna quase impossível uma virada tão grande. Precisamos, pelo menos, conter o aumento até 2 °C, o que já exigirá um esforço global gigantesco”.

Ele acredita que a COP30 pode ser um ponto de virada, caso os países priorizem a transição energética para fontes limpas como solar, eólica e hidrelétrica.

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Paulo Artaxo: “O mundo vive um impasse geopolítico que trava avanços nas metas climáticas.”

O papel do setor privado e o peso da vontade política

Questionado sobre o papel das empresas, Artaxo foi direto: “Há muito o que fazer com rapidez e baixo custo. As tecnologias solar e eólica já são mais baratas do que as de combustíveis fósseis. Não é mais um problema de preço, e sim de decisão”.

Ele destacou que a eletrificação dos transportes já é realidade em muitos países, e o Brasil começa a avançar nesse caminho. “É uma mudança positiva e inevitável. O mesmo vale para setores industriais que estão adotando processos mais eficientes e com menores emissões, o que aumenta a competitividade.”

Para o cientista, o maior obstáculo não é financeiro, mas político. “Sem recursos nada acontece, mas o principal motor do atraso é a falta de vontade política. As novas tecnologias já oferecem vantagens econômicas claras. Precisamos de diretrizes que conduzam o planeta na rota da sustentabilidade.”

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COP30 em Belém deve marcar virada das promessas para ações concretas contra a crise climática.

Brasil: metas ambiciosas e o desafio da execução

O Brasil foi um dos primeiros países a atualizar sua NDC, comprometendo-se a reduzir as emissões líquidas entre 59% e 67% até 2035, em comparação com os níveis de 2005.

Para Artaxo, o Brasil deu um exemplo positivo ao se antecipar e propor metas ousadas. “Não é fácil reduzir 60% das emissões, mas o Brasil tem uma vantagem estratégica enorme: quase metade das nossas emissões vêm do desmatamento. E essa é a forma mais barata e eficiente de reduzir gases de efeito estufa”, defendeu o cientista.

Ele acredita que o Brasil pode alcançar o objetivo sem depender de ajuda internacional, desde que haja vontade política. “É preciso que o Congresso e o governo implementem medidas firmes para conter a destruição da Amazônia e criar um novo modelo econômico sustentável para a região. Isso é viável e trará benefícios diretos à população local”.

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COP30 em Belém é vista como chance de transformar metas climáticas em ações concretas.

“Explorar petróleo na Amazônia é um erro histórico”

Ao ser questionado sobre os planos da Petrobras de explorar petróleo na foz do Amazonas, Artaxo foi categórico: “O Brasil está cometendo um erro histórico.”

Segundo ele, o Brasil corre o risco de desperdiçar bilhões de dólares em um investimento que pode se tornar obsoleto. “Mesmo que o petróleo seja viável, a produção só começaria por volta de 2034 ou 2035. E quem garante quanto valerá o barril nessa época?”.

Para o pesquisador, o país deveria priorizar investimentos em energia limpa. “Seria muito mais vantajoso direcionar esses recursos para grandes projetos solares e eólicos no Nordeste, acoplados a programas de descentralização industrial. Isso traria benefícios econômicos, sociais e ambientais.”

Artaxo também alertou que insistir na exploração fóssil compromete a imagem internacional do país. “Cerca de 80% da nossa energia elétrica já é gerada de forma sustentável. Produzir petróleo vai na contramão da transição energética e enfraquece a liderança climática que o Brasil poderia exercer.”

Agência Brasil
“Explorar petróleo na Amazônia é um erro histórico”, diz Artaxo sobre planos da Petrobras.

COP30: o momento de transformar metas em ação

Com o mundo ainda distante da trajetória ideal para conter as mudanças climáticas, a COP30, em Belém, será vista como uma oportunidade de virar a página. Para Paulo Artaxo, o encontro precisa marcar o início de uma nova fase. “A COP30 deve ser o ponto de aceleração para transformar promessas em políticas concretas. O planeta não pode mais esperar”.

O cientista conclui com uma mensagem de urgência: “Temos a ciência, a tecnologia e o conhecimento necessários. O que falta é coragem política para construir um futuro sustentável.”

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