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Plano de Negócios Rodrigo Loureiro

Tarifas, câmbio e até a Eve: os vilões da Embraer no 3º tri

Publicado 04/11/2025 • 11:44 | Atualizado há 6 horas

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Rodrigo Loureiro

Rodrigo Loureiro é jornalista especializado em economia e negócios, com experiência nos principais veículos do Brasil e MBA pela FIA em parceria com a B3. Além de comandar esta coluna, é comentarista nos programas Agora e Real Time, nos quais analisa as principais movimentações do mercado.

Divulgação/Embraer

A brasileira Embraer se destaca como uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo.

A Embraer reportou queda em seus principais indicadores no 3º trimestre. Em seu último balanço reportado ao mercado, a fabricante de aeronaves informou que o lucro líquido ajustado — que exclui fatores extraordinários e não recorrentes — foi de R$ 289,4 milhões. O montante representa queda de 76,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Quando considerado o lucro líquido contábil, a retração também foi relevante: diminuição de 37,2%, para R$ 622,6 milhões. A queda ocorreu mesmo com o avanço de 15,8% na receita, que somou R$ 10,86 bilhões entre julho e setembro.

A Embraer enfrentou uma combinação de pressões externas e internas — tarifas, câmbio e custos com inovação — que comprometeram margens e reduziram o lucro do trimestre.

Impacto tarifário

A guerra tarifária iniciada por Donald Trump atingiu em cheio a Embraer. Embora parte da produção da companhia esteja localizada nos Estados Unidos, a empresa importa componentes metálicos e eletrônicos de países como México, Canadá e membros da União Europeia. Tais mercados estão sujeitos a sobretaxas impostas pela Casa Branca.

Em entrevista recente ao Wall Street Journal, o CEO Francisco Gomes Neto estimou que as tarifas podem custar entre US$ 70 milhões e US$ 80 milhões por ano à Embraer. O impacto também se reflete no preço final: cada aeronave vendida a clientes americanos ficou até US$ 1,8 milhão mais cara.

Há diálogos com Brasília e Washington em busca de uma solução que alivie a carga tarifária. A companhia lembra ainda que emprega cerca de 2,5 mil pessoas nos EUA e planeja investir US$ 500 milhões no país nos próximos anos — fator que poderia ajudar nas negociações políticas.

Efeito cambial

valorização do real em 2025 foi outro obstáculo. Empresas exportadoras como a Embraer se beneficiam de um dólar mais forte, já que suas receitas são majoritariamente dolarizadas.
Depois de iniciar o ano negociado a R$ 6,16, o dólar caiu e deve encerrar 2025 próximo a R$ 5,40, segundo projeções do mercado.

Apesar de manter operações de hedge cambial para suavizar oscilações, a Embraer registrou um efeito líquido negativo estimado em R$ 350 milhões no trimestre, reduzindo a rentabilidade das exportações e das receitas contratadas em dólar.

Eve Air Mobility

Outro ponto de pressão veio da Eve Air Mobility, subsidiária dedicada ao desenvolvimento de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOLs).A unidade ainda não gera receita relevante e segue em fase de pesquisa, testes e certificação, acumulando prejuízo líquido de cerca de US$ 47 milhões no trimestre.

Essas despesas de P&D e estrutura pré-operacional pesam sobre o lucro ajustado consolidado, mas a companhia reforça que se trata de um investimento estratégico de longo prazo. A expectativa é que a Eve inicie entregas comerciais a partir de 2026, abrindo uma nova linha de negócios no segmento de mobilidade aérea urbana.

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