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Transformando ativos em valor para os acionistas: como fazer uma separação corporativa bem-sucedida
Publicado 24/11/2025 • 11:20 | Atualizado há 3 horas
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Publicado 24/11/2025 • 11:20 | Atualizado há 3 horas
Desinvestir quando a empresa está saudável financeiramente pode ser o melhor caminho para crescer e ficar acima do desempenho do mercado, com uma separação corporativa que transforma ativos em valor
O ceticismo em relação à eficiência dos grandes conglomerados não é novo, assim como as incertezas de mercado que hoje dominam as conversas entre executivos. O que realmente mudou nos últimos anos foi a forma como as empresas passaram a responder a esse contexto. Em vez de ampliar estruturas e portfólios de maneira indiscriminada, muitas organizações adotaram movimentos de racionalização.
Nesse cenário, o desinvestimento — que antes carregava a conotação de retração — emerge como uma estratégia de crescimento. Ao vender ativos para investir melhor, companhias têm conseguido liberar valor, tornar a alocação de capital mais precisa e reduzir complexidades operacionais. Quando bem planejada, a separação corporativa transforma dispersão em foco e converte estruturas excessivamente amplas em retornos mais claros e tangíveis para os acionistas.
Essa prática de encolher de maneira consciente para crescer tem sido vista com bons olhos pelo mercado. Para os acionistas, a mensagem é muito positiva e demonstra atenção ao negócio e a consciência de uma gestão que busca a alocação de capital eficaz. Isso fica evidente com dados que apontam que quando é feito o anúncio de desinvestimento, automaticamente 70% já registram uma valorização. A segunda edição do estudo “Strategies for successful corporate separations”, do Goldman Sachs com a EY-Parthenon, indica que as separações geram mais de 9% de retorno para o acionista na comparação com o índice setorial.
O fato é que, de modo geral, quem vende e quem compra acabam tendo retornos superiores no futuro. As estatísticas mostram que, de dois a quatro anos depois, fica claro que ambas as empresas trazem resultados superiores aos acionistas do que se tivessem continuado juntas.
Um novo olhar para o desinvestimento
Se antigamente o processo de venda de ativos era cogitado quando a empresa não ia bem e precisava de caixa, agora, a transação planejada é muito valorizada em um momento bom do negócio em que nenhuma divisão está fragilizada. O estudo demonstra que se elas estão em posição de fortaleza, os retornos serão muito mais positivos.
Por isso, entender o momento atual e ser proativo exige análises constantes. É preciso revisitar o portfólio constantemente, a concorrência e o cenário macroeconômico e avaliar se as estratégias ainda são consistentes. Isso porque, as mudanças tecnológicas, do perfil de
consumo e até mesmo da geopolítica são rápidas e interferem nas operações de forma intensa. Nesse sentido, é fundamental entender se os ativos ainda fazem sentido ou se requerem tanto capital que podem tornar o negócio ineficiente.
Por isso, um ponto principal da discussão é a frequência em que o portfólio e a alocação de capital da empresa são reavaliados. No melhor dos casos, as empresas realizam essa análise uma vez por ano, mas as incertezas do cenário indicam uma necessidade maior.
Para negócios mais dinâmicos, o indicado é a cada trimestre, ao passo que os demais poderiam fazer a avaliação a cada seis meses, sempre levando em consideração oportunidades de movimentos como o desinvestimento.
Sete perguntas para executivos na avaliação de transações de separação
O estudo da Goldman Sachs com a EY apresenta questões-chave para entender se está na hora e ajudar a planejar a estratégia certa de preparação do negócio para todas as fases do processo.
1. A separação trará mais eficiência às operações das empresas?
2. As estratégias serão diferentes para cada negócio?
3. Os conflitos de interesse prejudicarão o desempenho dos ativos (por exemplo, diferenças geográficas, cadeia de suprimentos)?
4. Somos os donos certos para esse negócio?
5. Temos a equipe de gestão e a estrutura de governança certas para liderar duas empresas independentes?
6. Como a estrutura de capital e as prioridades devem ser alocadas entre os dois negócios?
7. Quando é o momento certo para fazer a separação?
Respondidos esses questionamentos, com o entendimento de que a melhor decisão é a de separação, os próximos passos requerem cautela e planejamento.
Como fazer a separação corporativa
A grande questão é: o que permanecerá com a empresa original e o que será vendido. O desinvestimento pode se dar em ativos periféricos, mas também no que é considerado o core do negócio. O estudo mostra que, quando as organizações vendem o que é percebido como seu ativo mais valioso, tem-se um retorno ainda maior para os acionistas. Entretanto, há que se discutir caso a caso.
Na mesa de decisão e no olhar sobre qual atividade faz mais ou menos sentido, as palavras mais importantes são: alocação de capital, alavancagem e valuation.
Costumamos ver ativos que não performam bem não porque sejam ruins, mas porque não estão recebendo o capital necessário para serem ainda mais potentes. Por isso, é preciso trazer o lado prático e avaliar o quão eficiente é o retorno dessas operações embaixo do guarda-chuva da empresa.
O dilema dos grandes conglomerados é equilibrar a alocação de capital em diferentes unidades de negócio. Se olhar para fora, terei concorrentes que miram apenas naquela
atividade, alocando 100% do capital ali, ao passo que eu divido o meu entre diferentes frentes. Analisando essa corrida, é necessário perceber se está sendo alocado fôlego suficiente para cada uma delas conseguirem chegar no final da maratona.
Vale dizer que, muitas vezes há até mesmo questões emocionais envolvidas dentro dos boards. Imagine que a empresa começou com um determinado ativo, cresceu a partir dele e expandiu, mas é chegada a hora de se desfazer dessa atividade. Nesses casos, um conselho de administração e uma visão de fora ajudam na discussão, trazendo à luz a razão.
O ponto-chave é fazer uma análise profunda e compreender que não é preciso abraçar tudo: basta focar onde o desempenho é melhor e passar o restante adiante para quem possa assumir aquela operação com mais foco.
Quanto custa e quanto tempo leva uma separação corporativa?
Os custos operacionais do processo de separação variam entre 2% e 6% do valor de venda. E é importante dizer que entre 30% e 50% desse gasto se dá com tecnologia. Por isso, é fundamental envolver os CIOs e provocá-los a pensar em novos modelos, ao invés de replicar os existentes.
O estudo indica alavancas para reduzir as despesas relacionadas à tecnologia, como estratégia cloud-first, uso de inteligência artifical, acordos de compartilhamento de dados e implementação de uma forte separação de TI e governança de custos.
Em relação ao tempo de execução de uma transação de separação, o processo é longo, com duração média de 12 meses. Vale destacar que no caso de transações acima de 10 bilhões de dólares, com diversos países envolvidos, esse prazo tende a se estender em torno de 16 ou 18 meses.
O papel da liderança na separação de empresas
Equipes de gerenciamento focadas são indispensáveis para a reestruturação e o sucesso futuro das empresas após a separação. Uma orientação importante é anunciar as equipes de liderança ainda início do processo, para que haja tempo suficiente para oportunidades de treinamento, bem como para entender o negócio, especialmente se os times vierem de fora.
O estudo traz um dado interessante que mostra que a liderança da nova empresa tem grande impacto no resultado pós-separação. A decisão do time de gestão é supecrítica da execução e preparação, mas também da gestão no futuro.
Assim como no processo de M&A, frisamos muito a questão da cultura da nova liderança, e, na separação o pensamento é o mesmo.
A comunicação transparente também tem grande peso durante a caminhada e no resultado. Para evitar incertezas e inseguranças, é essencial manter um diálogo aberto e claro com todos os envolvidos para que haja confiança e engajamento na jornada.
Conclusão
No Brasil, temos visto separações importantes de ativos estratégicos em diferentes áreas, como mineração, energia e saúde. De forma geral, elas têm se mostrado um caminho poderoso para gerar valor e o mercado está muito receptivo a esse tipo de transação. Por isso, é fundamental analisar os portfólios com frequência, avaliar os ativos e aproveitar as
oportunidades que o movimento de desinvestimento traz. Entretanto, é necessário mergulhar nessa jornada com critério e planejamento, já que é um processo que leva tempo e tem um custo importante, mas que deixa claro que haverá um retorno muito positivo no médio e longo prazo.
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